Lugre “ Amphitrite “
1912 - 1917
Manuel Nunes da Graça
Parceria Marítima “Boa União”, Lda., Aveiro
1912 - 1917
Manuel Nunes da Graça
Parceria Marítima “Boa União”, Lda., Aveiro
Encontrei fortuitamente a notícia do falecimento do capitão Manuel Nunes da Graça, desaparecido no mar por força do acidente ocorrido a bordo, no dia 2 de Dezembro de 1912, que se explica por si. A gravidade do caso e a reconhecida galhardia, paixão e abnegação pela sua vocação marítima, obriga-me a reflectir sobre a sua história, lamentando a parca informação disponível. Porque muito provavelmente é mais um dos valorosos e notáveis capitães Ilhavenses, cujo nome merece constar na galeria, dos heróis que compõem a nossa memória colectiva.
O retrato e registo de falecimento do capitão
Manuel Nunes da Graça
in "Ilustração Portuguesa", Dezembro de 1912
Manuel Nunes da Graça
in "Ilustração Portuguesa", Dezembro de 1912
Nº Oficial : 246 > Iic.: H.F.R.T. > Porto de registo : Aveiro
Construtor : Amaro & Macedo, Vila do Conde, 12.09.1912
Arqueação : Tab 179,46 to > Tal 120,34 to
Cpmts.: Pp 35,27 mt > Boca 8,20 mt > Pontal 3,15 mt
Equipagem : 32 tripulantes (incluindo pescadores)
Construtor : Amaro & Macedo, Vila do Conde, 12.09.1912
Arqueação : Tab 179,46 to > Tal 120,34 to
Cpmts.: Pp 35,27 mt > Boca 8,20 mt > Pontal 3,15 mt
Equipagem : 32 tripulantes (incluindo pescadores)
Capitães embarcados : Manuel Nunes da Graça (1912), substituído por João Pereira Ramalheira (1912 até 1915) e Amandio Fernandes Mathias (1916 e 1917).
Este lugre, tal como a grande maioria, depois de ter realizado algumas campanhas de pesca nos Grandes Bancos, esteve colocado a operar na cabotagem internacional, chamado a colaborar no esforço de guerra. Foi nesse período interceptado e afundado por um submarino alemão, a cerca de 40 milhas a Norte do Cabo Prior (Ferrol, Corunha, Norte de Espanha), quando em viagem do Funchal para Bordéus, a 10 de Junho de 1917.
Notícias publicadas sobre o navio, como segue:
1.- O lugre “Amphitrite” afundado pelos alemães próximo da Corunha, tinha sido vendido recentemente pelo Sr. Luiz Bagão, armador em Aveiro, à firma Ramalheira, Pires, Lda. Saíra faz vinte dias do Funchal, com um carregamento de madeira para Bordéus.
In “O Comércio do Porto”, de 12 de Junho de 1917
Este lugre, tal como a grande maioria, depois de ter realizado algumas campanhas de pesca nos Grandes Bancos, esteve colocado a operar na cabotagem internacional, chamado a colaborar no esforço de guerra. Foi nesse período interceptado e afundado por um submarino alemão, a cerca de 40 milhas a Norte do Cabo Prior (Ferrol, Corunha, Norte de Espanha), quando em viagem do Funchal para Bordéus, a 10 de Junho de 1917.
Notícias publicadas sobre o navio, como segue:
1.- O lugre “Amphitrite” afundado pelos alemães próximo da Corunha, tinha sido vendido recentemente pelo Sr. Luiz Bagão, armador em Aveiro, à firma Ramalheira, Pires, Lda. Saíra faz vinte dias do Funchal, com um carregamento de madeira para Bordéus.
In “O Comércio do Porto”, de 12 de Junho de 1917
2.- (El Ferrol, 12) O comando geral da marinha recebeu um telegrama comunicando que, cerca do Cabo Prior, foi recolhido por um navio espanhol o capitão e os tripulantes dum navio português, afundado por um submarino.
In “O Comércio do Porto”, de 13 de Junho de 1917
Comentário às notícias
Sem por em causa a veracidade das informações publicadas, os anos da guerra dificultam a possibilidade de averiguar com rigor, se o Sr. Luiz Bagão foi proprietário por inteiro deste lugre, ou se era um dos sócios da Parceria Marítima “Boa União”, ficando por conseguinte a dúvida, do navio ter tido ou não outros armadores, que por defeito não referimos.
Da mesma forma, na segunda notícia, é posta a hipótese do navio afundado pelo submarino alemão ter sido o vapor “Insulano”, da Empresa Insulana de Navegação, que se soube à posteriori encontrar-se no porto de Bordéus, naquela data. Depois, foi levantado o pressuposto, de poder tratar-se do vapor “Ambaca” da Empresa Nacional de Navegação. Esta suposição, também está errada, porque este navio igualmente torpedeado por um submarino alemão, curiosamente em local próximo, teve lugar a 23 de Dezembro de 1917. Nesta conformidade julgo tratar-se efectivamente do resgate e salvamento da tripulação do lugre, conforme documentado na respectiva memória histórica do mesmo.
In “O Comércio do Porto”, de 13 de Junho de 1917
Comentário às notícias
Sem por em causa a veracidade das informações publicadas, os anos da guerra dificultam a possibilidade de averiguar com rigor, se o Sr. Luiz Bagão foi proprietário por inteiro deste lugre, ou se era um dos sócios da Parceria Marítima “Boa União”, ficando por conseguinte a dúvida, do navio ter tido ou não outros armadores, que por defeito não referimos.
Da mesma forma, na segunda notícia, é posta a hipótese do navio afundado pelo submarino alemão ter sido o vapor “Insulano”, da Empresa Insulana de Navegação, que se soube à posteriori encontrar-se no porto de Bordéus, naquela data. Depois, foi levantado o pressuposto, de poder tratar-se do vapor “Ambaca” da Empresa Nacional de Navegação. Esta suposição, também está errada, porque este navio igualmente torpedeado por um submarino alemão, curiosamente em local próximo, teve lugar a 23 de Dezembro de 1917. Nesta conformidade julgo tratar-se efectivamente do resgate e salvamento da tripulação do lugre, conforme documentado na respectiva memória histórica do mesmo.
1 comentário:
Obrigado por este post que casualmente descobri. O Capitão Graça era meu bisavô e ainda fui contemporâneo de um marinheiro que assistiu a este acidente.
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