sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Farolins de Felgueiras


Rei morto, rei posto...

Durante os passeios recentes pelo rio Douro, que ocasionalmente terminam na Foz, frente ao mar ou em casa do Rui Amaro (santuário náutico local), aproveitei para fotografar o velhinho farolim de Felgueiras, que poderá desaparecer dentro de pouco tempo.
Mandado contruir em 1886, na posição 41º08'41"N 8º40'37"W é uma torre hexagonal de cantaria e eleva-se a 11,5 metros do nível do mar. É visível de 265º a 134º pelo Norte e dispõe desde 1916 de uma luz vermelha permanente de funcionamento automático. Nos dias e noites de nevoeiro, um sino posiciona o farolim, fazendo-se ouvir em grupos de 3 badaladas de 7 em 7 segundos. Em condições de bom tempo, a sua luz garante um alcance de 11 milhas.
Tudo indica que no culminar das obras ainda a decorrer na foz do rio, o farolim de Felgueiras possa desaparecer, levando com ele segredos incontáveis de momentos únicos passados na barra. Foram até à data 122 anos de bons serviços e de fantásticas imagens ali tiradas, orgulhosamente guardadas no arquivo de fotógrafos nortenhos. Neste caso, porventura aconteça a hipótese de demolição, não seria mais um ex-libris da cidade a ser recuperado e ainda que desactivado, vir a ser colocado num recanto ajardinado do forte de S. João?

Novo molhe, novo farolim, já a enfrentar a pequena agitação dum mar de vento. Presença que se espera firme nos dias de grandes ondulações e de alguns temporais, que o futuro promete.

1 comentário:

Rui Amaro disse...

Olá Reimar
Óptimo texto sobre o Farolim de Felgueiras, também identificado por Farolim da Barra do Douro, colocado no antigo Cais Novo ou Molhe Novo (cais concluído em 1882) aqui na minha “terrinha” e cujo designação lhe foi atribuída por estar junto da pedra denominada de Felgueiras,, que lhe fica fronteira a Oeste, e que o defende da ferocidade das ondas inclementes, que o atravessam de lés a lés, e que já levaram borda fora por incúria alguns destemidos atrevidos.
Eu admirava a coragem dos faroleiros Ricardo e Alfredo, pai e filho, em dias e noites de borrasca seguirem por aquele paredão fora para ligarem a luz ou accionar o sino de nevoeiro, era um verdadeiro destemor e profissionalismo. Mais tarde foi feita ligação, julgo a partir das instalações do Lawn Ténis da Foz e actualmente já com uma ronca, está automatizado e controlado desde o Farol da Boa Nova.
Os pilotos, a fim de avaliarem os jeitos das águas e do mar, particularmente em dias de águas do monte, também se aventuravam a percorrer o paredão, e eu que o diga, porque o meu pai algumas vezes veio a casa mudar de farda. Vá lá que morava aqui a meias com o Farolim Fozeiro.
O velho Farolim vai ser preservado, nem podia deixar de o ser. Agora, possivelmente irá ser desactivado, como ocorrerá com os outros dois farolins locais, quando os novos faróis já colocados nos molhes da nova barra, ficarem activados, porque os enfiamentos passam a ser diferentes.
Saudações entusiasto-maritimas
Um abraço
Rui Amaro