Ocorrência marítima
Sinistro na barra do Tejo (1)
Um vapor perdido e dois homens feridos
Ante-ontem de manhã, saiu do porto espanhol de Huelva, o vapor de carga italiano “Atlantide”, um velho navio construído em Génova (?), em 1898, sob o comando do capitão Sr. Rittore, com 34 homens de tripulação e transportando um apreciável carregamento de minério com destino à Holanda.
Lisboa não estava na escala, mas em frente do Cabo Espichel o mar encapelado e as fortes bátegas que a todo o momento açoitavam o costado do “Atlantide” determinaram que o seu comandante decidisse arribar ao Tejo, até que a tormenta passasse.
Pelas 4 horas o vapor italiano meteu piloto e, cautelosamente, aproou à barra. A certa altura dois vagalhões gigantescos caíram sobre o “Atlantide”, arrebatando na sua passagem as «passerelles» da popa e parte do convés, e ferindo gravemente os tripulantes Giovani Degenero, de 43 anos, e Giuseppe Braco, de 35 anos, ambos naturais de Palermo.
Ao mesmo tempo o navio abriu um enorme veio de água, de que resultou inundar rapidamente um dos porões.
Em frente de Paço de Arcos foi solicitado socorro, partindo imediatamente de terra uma lancha de pilotos e a baleeira dos Socorros a Náufragos, que transportaram para aquela vila os dos fogueiros, os quais depois de pensados no posto, foram trazidos num «pronto-socorro» para o hospital de S. José, onde ficaram em observação.
Entretanto, na iminência dum desastre com piores consequências, porque o “Atlantide” não ia conseguir chegar à doca, foi pedido ao piloto que encalhasse o navio no primeiro banco de areia, que não fosse muito batido pelas vagas, o que foi feito em S. José de Ribamar.
Logo que em Lisboa foi recebida a notícia do sinistro, seguiram para o local os rebocadores “Cabo Raso” e “Falcão”, os gasolinas da saúde, da Polícia Marítima e da casa Pinto Basto, consignatária do “Atlantide”, que prestaram aos tripulantes todos os socorros de que precisavam.
O “Atlantide”, que foi ao fim da tarde vistoriado pelo Sr. engenheiro Raul Ferrão, perito-inspector do registo italiano, fez constar que o vapor parece estar perdido.
Lisboa não estava na escala, mas em frente do Cabo Espichel o mar encapelado e as fortes bátegas que a todo o momento açoitavam o costado do “Atlantide” determinaram que o seu comandante decidisse arribar ao Tejo, até que a tormenta passasse.
Pelas 4 horas o vapor italiano meteu piloto e, cautelosamente, aproou à barra. A certa altura dois vagalhões gigantescos caíram sobre o “Atlantide”, arrebatando na sua passagem as «passerelles» da popa e parte do convés, e ferindo gravemente os tripulantes Giovani Degenero, de 43 anos, e Giuseppe Braco, de 35 anos, ambos naturais de Palermo.
Ao mesmo tempo o navio abriu um enorme veio de água, de que resultou inundar rapidamente um dos porões.
Em frente de Paço de Arcos foi solicitado socorro, partindo imediatamente de terra uma lancha de pilotos e a baleeira dos Socorros a Náufragos, que transportaram para aquela vila os dos fogueiros, os quais depois de pensados no posto, foram trazidos num «pronto-socorro» para o hospital de S. José, onde ficaram em observação.
Entretanto, na iminência dum desastre com piores consequências, porque o “Atlantide” não ia conseguir chegar à doca, foi pedido ao piloto que encalhasse o navio no primeiro banco de areia, que não fosse muito batido pelas vagas, o que foi feito em S. José de Ribamar.
Logo que em Lisboa foi recebida a notícia do sinistro, seguiram para o local os rebocadores “Cabo Raso” e “Falcão”, os gasolinas da saúde, da Polícia Marítima e da casa Pinto Basto, consignatária do “Atlantide”, que prestaram aos tripulantes todos os socorros de que precisavam.
O “Atlantide”, que foi ao fim da tarde vistoriado pelo Sr. engenheiro Raul Ferrão, perito-inspector do registo italiano, fez constar que o vapor parece estar perdido.
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Durante a noite de ontem e a manhã de hoje, o vapor encalhado em frente do Dafundo, continuou a ser muito batido pelo mar, mantendo-se na mesma posição.
Pelas 15 horas, seguiram para bordo, a fim de fazerem uma vistoria ao navio, uma comissão da capitania do porto.
Imagem do vapor "Malang", depois "Atlantide", cerca de 1910
Foto-postal do espólio da empresa proprietária
Características do vapor italiano “Atlantide”
1923 - 1934
Foto-postal do espólio da empresa proprietária
Características do vapor italiano “Atlantide”
1923 - 1934
Armador: “Atlantide”, S.A. per Impresse Marítime, Génova
Nº Oficial: N/d - Iic: N.P.G.A. - Porto de registo: Génova
Construtor: Wigham Richardson & Co., Newcastle, 1898
ex “Malang”, Rotterdamsche Lloyd, Roterdão, 1898-1918
ex “USS Malang”, Marinha dos Estados Unidos, 1918-1919
ex “Malang”, Rotterdamsche Lloyd, Roterdão, 1919-1923
Arqueação: Tab 3.555,00 tons - Tal 3.392,00 tons
Dimensões: Pp 101,32 mts - Boca 14,41 mts - Pontal 8,64 mts
Propulsão: Do construtor, 1:Te - 3:Ci - 249 Nhp
Equipagem: 34 tripulantes
Nº Oficial: N/d - Iic: N.P.G.A. - Porto de registo: Génova
Construtor: Wigham Richardson & Co., Newcastle, 1898
ex “Malang”, Rotterdamsche Lloyd, Roterdão, 1898-1918
ex “USS Malang”, Marinha dos Estados Unidos, 1918-1919
ex “Malang”, Rotterdamsche Lloyd, Roterdão, 1919-1923
Arqueação: Tab 3.555,00 tons - Tal 3.392,00 tons
Dimensões: Pp 101,32 mts - Boca 14,41 mts - Pontal 8,64 mts
Propulsão: Do construtor, 1:Te - 3:Ci - 249 Nhp
Equipagem: 34 tripulantes
O encalhe do vapor italiano “Atlantide”, em Lisboa (2)
O vapor de carga italiano “Atlantide”, que sofreu um rombo, quando entrava a barra do Tejo e que foi depois encalhado em frente de S. José de Ribamar, ainda está na mesma posição.
Até agora nada foi resolvido entre o armador e as companhias seguradoras acerca do destino a dar ao navio, que poderá ser vendido, visto que a reparação que teria de sofrer importa em avultada quantia e não merecer a pena porque o navio está muito degradado.
Dos 34 homens que compunham a tripulação 17 seguiram já para Génova, estando os outros a bordo com o respectivo comandante de guarda à carga, a qual não tem também ainda destino.
Espera-se que dentro de poucos dias deverá ser autorizada a ida a bordo aos que desejem visitar o navio para o comprar, pois que o mais certo é ir à praça, em Lisboa.
Notícias publicadas no jornal “Comércio do Porto”, em:
(1) Terça-feira, 20 de Março; e (2) terça-feira, 3 de Abril de 1934
Até agora nada foi resolvido entre o armador e as companhias seguradoras acerca do destino a dar ao navio, que poderá ser vendido, visto que a reparação que teria de sofrer importa em avultada quantia e não merecer a pena porque o navio está muito degradado.
Dos 34 homens que compunham a tripulação 17 seguiram já para Génova, estando os outros a bordo com o respectivo comandante de guarda à carga, a qual não tem também ainda destino.
Espera-se que dentro de poucos dias deverá ser autorizada a ida a bordo aos que desejem visitar o navio para o comprar, pois que o mais certo é ir à praça, em Lisboa.
Notícias publicadas no jornal “Comércio do Porto”, em:
(1) Terça-feira, 20 de Março; e (2) terça-feira, 3 de Abril de 1934
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