segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Leixões na rota do turismo! (14-19)
Navios em porto no mês de Novembro
Porque chegou o Inverno, com as habituais condições de tempo e mar adversos, compreende-se a substancial diminuição de navios de visita ao porto, motivo que levou ao cancelamento das escalas dos navios "Black Watch" e "Columbus", no dia 14, em função dos avisos metereológicos, que apontavam para uma ondulação na rota da viagem programada entre os 7 e os 8 metros.
O navio "Black Watch", que mais uma vez esteve em porto no dia 8, cumpre escalas com bastante regularidade, porém, no caso do "Columbus", havia a curiosidade de ver o navio, após deixar a frota da companhia Hapag, sofrendo entretanto algumas alterações condizentes com os restantes navios, também de bandeira alemã, da companhia Cruises and Maritime Voyages (CMV).
O navio "Black Watch", que mais uma vez esteve em porto no dia 8, cumpre escalas com bastante regularidade, porém, no caso do "Columbus", havia a curiosidade de ver o navio, após deixar a frota da companhia Hapag, sofrendo entretanto algumas alterações condizentes com os restantes navios, também de bandeira alemã, da companhia Cruises and Maritime Voyages (CMV).
Navio de passageiros "Aida Aura"
No dia 1, chegou procedente da Corunha, saiu para o Funchal
No dia 1, chegou procedente da Corunha, saiu para o Funchal
Navio de passageiros à vela "Tenacious"
No dia 5, veio procedente de Muros, tendo saído para Lisboa
No dia 5, veio procedente de Muros, tendo saído para Lisboa
Navio de passageiros "Black Watch"
No dia 8, chegou procedente do Funchal, saindo para Liverpool
No dia 8, chegou procedente do Funchal, saindo para Liverpool
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
Divulgação!
Apresentação do livro "Lugares Azuis"
de Miguel Marques
Auditório da Douro Azul, Porto
9 de Dezembro, às 18 horas
O livro propõe-lhe uma viagem feita por olhos de quem entende o mar, analisando locais e suas características, em lugares distintos como Cascais, Esposende, Figueira da Foz, Ilha do Corvo, Ilha de S. Miguel, Lisboa, Nazaré, Porto Santo, Ria Formosa (Algarve), Setúbal, Sines e Viana do Castelo.
Para entrar nesta viagem, apareça, está convidado!...
Para entrar nesta viagem, apareça, está convidado!...
domingo, 17 de novembro de 2019
Histórias do mar português!
A tragédia da barca "Bahiana"
(continuação)
Desenho de uma barca sem correspondência ao texto
Características do navio
Características do navio
Armador: Joaquim Lourenço Alves e outros
Nº Oficial: N/t - Iic: H.B.J.V. - Porto de registo: Porto
Arqueação: Tab 305,291 m3
Dimensões: Informação indisponível
Propulsão: À vela
Nº Oficial: N/t - Iic: H.B.J.V. - Porto de registo: Porto
Arqueação: Tab 305,291 m3
Dimensões: Informação indisponível
Propulsão: À vela
O navio consta do registo de navios portugueses até 1872, não havendo notícia de ter sofrido qualquer sinistro ou naufrágio nos anos que se seguiram. Porém, porque não está presente nas páginas do registo referente ao ano de 1875, é presumível a possibilidade de eventual abandono por motivo de inavegabilidade, sendo considerado sem rasto.
Barca “Bahiana"
Sr. Redactor,
Muito me obsequeia V. se fizer publicar no seu jornal a seguinte carta que n’esta data dirijo ao Sr. José dos Santos Lessa Júnior, capitão da barca "Bahiana".
De V., etc., Joaquim Duarte de Mattos, S.C., 20 de Maio de 1868
Illmº Sr. José dos Santos Lessa Júnior,
Conceda-me que não deixe passar despercebido seu grande feito, empregando o mais louvável dos zelos para trazer a bom porto a barca "Bahiana" do seu commando.
Dizer que esta barca ficou raza dos mastros grande e do traquete, e auxiliada apenas pelo mastro da gata, único que foi poupado pelo temporal que o assaltou na latitude N. 40º57’ e longitude O. 25º55’ do meridiano de Greenwich, que apesar da distancia em que tal fatalidade se deu V.S.ª recusou os espontâneos socorros que lhe foram oferecidos por três navios de diferentes nações, inclusive por um vapor inglez, que generosamente se prestou a recolher a tripulação e a deita-la em Londres, para onde navegava; que prosseguiu a sua derrota em quasi completo estado de innavegabilidade, gastando no trajecto d‘aquella paragem para o Porto 15 dias; é o suficiente para fazer o elogio de V.S.ª como denodado capitão da barca «Bahiana», propriedade do Sr. Joaquim Lourenço Alves e de V.S.ª.
Honra, pois, a quem tão bem sabe comprehender o sagrado dever de conservar e entregar o que se lhe confia, sujeitando-se a toda a classe de trabalhos, e pondo em risco a própria vida! Se os grandes feitos merecem de todos admiração e louvor, subido é o merecimento de V.S.ª, por seus valiosos serviços, trazendo a bom porto atravez de tantas difficuldades o navio e o seu importante carregamento.
À sua tripulação coube também boa parte de tão admirável feito, pelo valor com que se houveram os bravos marinheiros, coadjuvando o empenho do seu digno capitão, esquecendo-se acharem-se no largo Oceano, e n’uma embarcação na situação mais critica que de um para outro momento mais precária se poderia tornar, e talvez em occasião de não ter generosos salvadores!
Não me leve V.S.ª a mal o dizer-lhe que, na minha opinião, bem merecem capitão e tripulantes da «Bahiana», por tão assignalada coragem, das companhias seguradoras, remuneração condigna de seu alto serviço.
De mim, Sr. capitão Lessa Júnior, acceite por tão brilhante acção os mais cordeaes respeitos e a mais profunda admiração, e solicitando a sua permissão para que publique esta carta pela imprensa, rogo-lhe me conceda também o prazer de assignar-me
De V.S.ª, amigo muito dedicado, Joaquim Duarte de Mattos,
S.C., no Porto, 20 de Maio de 1868.
Jornal "Comércio do Porto", sábado, 23 de Maio de 1868
Barca "Bahiana"
Dizer que esta barca ficou raza dos mastros grande e do traquete, e auxiliada apenas pelo mastro da gata, único que foi poupado pelo temporal que o assaltou na latitude N. 40º57’ e longitude O. 25º55’ do meridiano de Greenwich, que apesar da distancia em que tal fatalidade se deu V.S.ª recusou os espontâneos socorros que lhe foram oferecidos por três navios de diferentes nações, inclusive por um vapor inglez, que generosamente se prestou a recolher a tripulação e a deita-la em Londres, para onde navegava; que prosseguiu a sua derrota em quasi completo estado de innavegabilidade, gastando no trajecto d‘aquella paragem para o Porto 15 dias; é o suficiente para fazer o elogio de V.S.ª como denodado capitão da barca «Bahiana», propriedade do Sr. Joaquim Lourenço Alves e de V.S.ª.
Honra, pois, a quem tão bem sabe comprehender o sagrado dever de conservar e entregar o que se lhe confia, sujeitando-se a toda a classe de trabalhos, e pondo em risco a própria vida! Se os grandes feitos merecem de todos admiração e louvor, subido é o merecimento de V.S.ª, por seus valiosos serviços, trazendo a bom porto atravez de tantas difficuldades o navio e o seu importante carregamento.
À sua tripulação coube também boa parte de tão admirável feito, pelo valor com que se houveram os bravos marinheiros, coadjuvando o empenho do seu digno capitão, esquecendo-se acharem-se no largo Oceano, e n’uma embarcação na situação mais critica que de um para outro momento mais precária se poderia tornar, e talvez em occasião de não ter generosos salvadores!
Não me leve V.S.ª a mal o dizer-lhe que, na minha opinião, bem merecem capitão e tripulantes da «Bahiana», por tão assignalada coragem, das companhias seguradoras, remuneração condigna de seu alto serviço.
De mim, Sr. capitão Lessa Júnior, acceite por tão brilhante acção os mais cordeaes respeitos e a mais profunda admiração, e solicitando a sua permissão para que publique esta carta pela imprensa, rogo-lhe me conceda também o prazer de assignar-me
De V.S.ª, amigo muito dedicado, Joaquim Duarte de Mattos,
S.C., no Porto, 20 de Maio de 1868.
Jornal "Comércio do Porto", sábado, 23 de Maio de 1868
Barca "Bahiana"
Snr. Redactor,
Rogo-lhe o obséquio de fazer inserir no seu acreditado jornal a cópia da carta que dirigi ao Ill.mº Snr. Joaquim Duarte de Mattos, pelo que me confesso agradecido.
De V.S.ª, etc., José dos Santos Lessa Júnior, Porto, 23 de Maio de 1868
De V.S.ª, etc., José dos Santos Lessa Júnior, Porto, 23 de Maio de 1868
Ill.mo snr. Joaquim Duarte de Mattos,
Penhorado com a honrosa expressão da carta de V.S.ª de 20 do corrente, permitta-me que lhe responda, e que como amigo lhe tribute os meus mais sinceros agradecimentos.
O facto que V.s.ª n’ella assignala, praticado por a tripulação da barca portugueza «Bahiana» do meu commando, não foi mais que a imperiosa obrigação do seu dever.
Se não acceitei os valiosos auxílios que vários navios me offereceram, quando eu no alto mar, depois de um violento temporal, me achei com o meu navio desarvorado, foi porque, resolvido a não o abandonar, enquanto o mar me conservasse duas táboas unidas, entendia que era alli o meu lugar, e crente que Deus nos levaria ao porto de nosso destino esperávamos salvar-nos ou morrer com a «Bahiana».
Devo dizer a V.s.ª que esta minha resolução foi logo abraçada pelos meus bravos marinheiros, e que se d’isto me resulta algum louvor, por certo que a maior parte pertence à corajosa tripulação da «Bahiana». Foi assim que só com duas pobres velas que nos haviam ficado da tormenta navegamos por espaço de 15 dias, não poupando esforços e trabalhos, sempre com esperança de vermos a cada momento surgir-nos no horizonte a desejada terra da nossa pátria.
Essa esperança do marinheiro quasi náufrago tornou-a Deus em realidade, e hoje que vejo o meu navio seguro no porto do seu destino, considero-me feliz por ver que a nossa resolução fôra coroada com tão bom êxito.
Renovando os meus agradecimentos e os de toda a tripulação pelas benévolas expressões da sua carta, creia-me sempre seu sincero amigo e obrigado.
José dos Santos Lessa Júnior Porto, 22 de Maio de 1868 (274)
Jornal "Comércio do Porto", Domingo, 24 de Maio de 1868
O facto que V.s.ª n’ella assignala, praticado por a tripulação da barca portugueza «Bahiana» do meu commando, não foi mais que a imperiosa obrigação do seu dever.
Se não acceitei os valiosos auxílios que vários navios me offereceram, quando eu no alto mar, depois de um violento temporal, me achei com o meu navio desarvorado, foi porque, resolvido a não o abandonar, enquanto o mar me conservasse duas táboas unidas, entendia que era alli o meu lugar, e crente que Deus nos levaria ao porto de nosso destino esperávamos salvar-nos ou morrer com a «Bahiana».
Devo dizer a V.s.ª que esta minha resolução foi logo abraçada pelos meus bravos marinheiros, e que se d’isto me resulta algum louvor, por certo que a maior parte pertence à corajosa tripulação da «Bahiana». Foi assim que só com duas pobres velas que nos haviam ficado da tormenta navegamos por espaço de 15 dias, não poupando esforços e trabalhos, sempre com esperança de vermos a cada momento surgir-nos no horizonte a desejada terra da nossa pátria.
Essa esperança do marinheiro quasi náufrago tornou-a Deus em realidade, e hoje que vejo o meu navio seguro no porto do seu destino, considero-me feliz por ver que a nossa resolução fôra coroada com tão bom êxito.
Renovando os meus agradecimentos e os de toda a tripulação pelas benévolas expressões da sua carta, creia-me sempre seu sincero amigo e obrigado.
José dos Santos Lessa Júnior Porto, 22 de Maio de 1868 (274)
Jornal "Comércio do Porto", Domingo, 24 de Maio de 1868
Conclusão
Decorridos todos estes anos sobre este acontecimento, que não é invulgar, sou de parecer que o texto do livro publicado no post anterior, merece uma pequena análise, na convicção de, ainda que de forma especulativa, tentar entender o desfecho desta aventura.
Começo por discordar do título escolhido, por concluir que a história possui uma forte dimensão dramática, mas não tragédia, porque apesar da violência retratada por força da tempestade, não houve vítimas e o navio apesar das avarias sobreviveu ao naufrágio.
Não se entende também qual o motivo para o autor do livro, jornalista e escritor de mérito reconhecido, tentar camuflar a evidência de seu pai ser o principal interveniente, daí resultando o conhecimento de pormenores vividos apenas por quem se encontrava a bordo, e que são de suma importância, como é o caso do capitão ter tido necessidade de estar armado, para se fazer respeitar, obrigando a tripulação em pânico a fazer cumprir as ordens por si emanadas.
Para terminar, uma última nota para chamar a atenção sobre o comportamento do capitão Santos Lessa Júnior, considerando ser simultâneamente co-proprietário da barca "Bahiana", o que justifica ter resistido até ao limite para salvar o navio, face à provável inexistência de seguro, e mesmo quando é sugerido às empresas de seguros remunerar condignamente a tripulação, está apenas a ser lembrado o empenho posto no salvamento das mercadorias transportadas.
Começo por discordar do título escolhido, por concluir que a história possui uma forte dimensão dramática, mas não tragédia, porque apesar da violência retratada por força da tempestade, não houve vítimas e o navio apesar das avarias sobreviveu ao naufrágio.
Não se entende também qual o motivo para o autor do livro, jornalista e escritor de mérito reconhecido, tentar camuflar a evidência de seu pai ser o principal interveniente, daí resultando o conhecimento de pormenores vividos apenas por quem se encontrava a bordo, e que são de suma importância, como é o caso do capitão ter tido necessidade de estar armado, para se fazer respeitar, obrigando a tripulação em pânico a fazer cumprir as ordens por si emanadas.
Para terminar, uma última nota para chamar a atenção sobre o comportamento do capitão Santos Lessa Júnior, considerando ser simultâneamente co-proprietário da barca "Bahiana", o que justifica ter resistido até ao limite para salvar o navio, face à provável inexistência de seguro, e mesmo quando é sugerido às empresas de seguros remunerar condignamente a tripulação, está apenas a ser lembrado o empenho posto no salvamento das mercadorias transportadas.
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
Histórias do mar português!
A tragédia da barca "Bahiana"
Senhor de Matozinhos! Que recordações dolorosas ao
invocar o teu nome, soluça esta multidão imensa, que ajoelha a teus pés, implorando a tua misericórdia.
Senhor de Matozinhos! Como é consolador levantar o coração angustiado, numa prece de gratidão, sob a mansidão do teu olhar, à luz amortecida dos círios que a fé dos crentes acendeu no teu altar florido!
Senhor de Matozinhos! Como é consolador levantar o coração angustiado, numa prece de gratidão, sob a mansidão do teu olhar, à luz amortecida dos círios que a fé dos crentes acendeu no teu altar florido!
Senhor de Matozinhos! Esperança dos que se arrojam
ao mar, levando a tua «silhouette» no coração, pronunciando o teu nome ao arrear da bandeira de bordo, à hora solene das Avé-Marias, quando o véu negro da noite, constelado de mil lumes, cobre a nau venturosa, a caminho de terras de Santa-Cruz!
Senhor de Matozinhos! Senhor de Matozinhos!
A história do Bom Jesus de Matozinhos está por fazer. Os cronistas, os escritores, os historiadores, os jornalistas, todos aqueles que se teem ocupado da Imagem do Bom Jesus de Matozinhos, em livros, em revistas ou artigos de jornais, não nos veem trazer novos ensinamentos além dos que a lenda nos relata: - que a Imagem foi esculpida por Nicodemus, o discípulo amado de Jesus, que apareceu na praia do Espinheiro sem um braço, etc.
Entretanto, a sua história, ou melhor dizendo, a história da crença que se formou à volta do seu nome, está bem visível e bem patente; basta que analisemos detalhadamente essas dezenas de oleografias que adornam as paredes da Casa dos Milagres da Confraria do Bom Jesus de Matozinhos, para que diante de nós ela se desenrole, eloquentemente pormenorizada e documentada.
Há tempos, cometeu-se a barbaridade de se mandarem retocar esses pequenos quadros; e essa ordem inconsciente e absurda, encontrando logo um carrasco que a executasse, foi cumprida tão à risca, que se chegou a alterar a ortografia das legendas de alguns deles e a apagar-se, em todos, os vestígios da acção corrosiva do tempo, tirando-se-lhes todo o valor! Esses quadros aparecem-nos agora com as suas cores irritantes de figuras de passar!
São doentes incuráveis que se mostram no seu leito de dor e a quem uma promessa ao Bom Jesus, fez restituiu a saúde.
São cavaleiros audazes, correndo à desfilada por ribanceiras íngremes, que se despenham, que rolam, que se confundam com a lama do abismo onde caem e que, no fim, se erguem ilesos, a beijar o crucifixo que escondiam no peito, de joelhos sobre o arcaboiço, ainda quente, do ginete morto.
São soldados simples das aldeias de Portugal, a quem a guerra chamou às fileiras do regimento e que, no calor da peleja, quando o sangue generoso dos camaradas jorra abundantemente das feridas da baioneta inimiga, saem salvos do campo de batalha, erguendo ao céu, em ansias de devoção e fé, o escapulário que no momento da partida, as mães ou as noivas lhe colocaram ao peito.
São, sobretudo, navegantes, que no alto mar, quando a tempestade desbarata a mastreação e o vento furiosamente despedaça as velas, que de joelhos imploram a misericórdia do Bom Jesus; e a violência do vento, o turbilhão incessante da vaga alterada que envolve a embarcação quase a afundar-se, tornam-se, de repente, numa brisa suave e mansa que embala o navio e num lençol branco de espuma que lhe beija o costado, como que a tatear-lhe as feridas de bálsamo cicatrizante.
Entretanto, a sua história, ou melhor dizendo, a história da crença que se formou à volta do seu nome, está bem visível e bem patente; basta que analisemos detalhadamente essas dezenas de oleografias que adornam as paredes da Casa dos Milagres da Confraria do Bom Jesus de Matozinhos, para que diante de nós ela se desenrole, eloquentemente pormenorizada e documentada.
Há tempos, cometeu-se a barbaridade de se mandarem retocar esses pequenos quadros; e essa ordem inconsciente e absurda, encontrando logo um carrasco que a executasse, foi cumprida tão à risca, que se chegou a alterar a ortografia das legendas de alguns deles e a apagar-se, em todos, os vestígios da acção corrosiva do tempo, tirando-se-lhes todo o valor! Esses quadros aparecem-nos agora com as suas cores irritantes de figuras de passar!
São doentes incuráveis que se mostram no seu leito de dor e a quem uma promessa ao Bom Jesus, fez restituiu a saúde.
São cavaleiros audazes, correndo à desfilada por ribanceiras íngremes, que se despenham, que rolam, que se confundam com a lama do abismo onde caem e que, no fim, se erguem ilesos, a beijar o crucifixo que escondiam no peito, de joelhos sobre o arcaboiço, ainda quente, do ginete morto.
São soldados simples das aldeias de Portugal, a quem a guerra chamou às fileiras do regimento e que, no calor da peleja, quando o sangue generoso dos camaradas jorra abundantemente das feridas da baioneta inimiga, saem salvos do campo de batalha, erguendo ao céu, em ansias de devoção e fé, o escapulário que no momento da partida, as mães ou as noivas lhe colocaram ao peito.
São, sobretudo, navegantes, que no alto mar, quando a tempestade desbarata a mastreação e o vento furiosamente despedaça as velas, que de joelhos imploram a misericórdia do Bom Jesus; e a violência do vento, o turbilhão incessante da vaga alterada que envolve a embarcação quase a afundar-se, tornam-se, de repente, numa brisa suave e mansa que embala o navio e num lençol branco de espuma que lhe beija o costado, como que a tatear-lhe as feridas de bálsamo cicatrizante.
* * *
Ao analisarmos a galeria desses pequenos quadros, recordamo-nos da tragédia da barca "Bahiana", da praça do Porto, ocorrida há uns bons sessenta anos.
A barca "Bahiana", de 385 toneladas, de que era proprietário Joaquim Lourenço Alves, residente à beira rio, nas imediações da Reboleira, fazia viagens entre o Porto e a Bahia.
No regresso de uma delas, surge a tempestade!
A "Bahiana", comandada por um velho lobo do mar, natural de Matozinhos, foi resistindo ao tempo, até que a violência do furacão lhe cortou a mastreação; as velas, feitas em pedaços, voaram, levadas pelo vento; e o forte arcaboiço de madeira e ferro da barca portuense, recebia em cheio a pancada da onda, que porfiava desconjuntá-la, dando-lhe por sepultura o fundo misterioso do mar.
A tripulação desvairada, já não obedecia às ordens de comando; alguns marinheiros correram à arrecadação para se embriagarem; o capitão, armado, impunha-lhes o cumprimento das suas determinações; mas a barca já metia água; estava tudo perdido; só restava morrer!
Amainara o temporal; mas de que valia, se não havia um mastro, se não havia uma vela, se o leme se tinha partido e se a tripulação não obedecia?
Então o moço de bordo, João Rodrigues Maia, um rapaz de quinze anos, quase nú, ensaguentado pelos ferimentos que recebera nas manobras do convés, corre ao porão, desvairado; descobre, enrolada, uma vela nova; toma-a nos braços musculosos, sobe ao convés e grita:
- Meu capitão! Estamos salvos! Aqui está uma vela!
Nos olhos do velho marinheiro brincaram duas lágrimas de raiva.
- Sim, exclamou: de que nos serve a vela se não temos mastros?
- Ainda ali se ergue metade do da proa! Deus é connosco! E desenrolava a vela, onde um fio de sangue desenhara uma cruz rubra.
Os marinheiros colocaram-na, então, segundo as indicações do seu comandante; lá em baixo, o carpinteiro de bordo, Manuel Fernandes Ferreira, calafetava o arcaboiço da barca, por onde entrava um fio de água, alagando os porões; o capitão, descendo ao seu beliche, subira seguidamente ao convés.
Uma vez ali, reunida a tripulação, todos se descobriram e ajoelharam; o capitão, avançando para a vela armada no topo do pequeno mastro da proa que o furacão mutilara, pregara-lhe, ao centro, uma estampa do Bom Jesus de Matozinhos, que sempre trazia enrolada no escaninho da sua caixa de madeira.
Ouviu-se, então, o murmúrio de uma oração, como ao descerrar o Santíssimo nos lausperenes da Sé Catedral; a marinhagem chorava; e o seu soluçar, misturava-se com os compassos de uma canção religiosa, muito em voga entre a gente do mar: - o Bemdito.
Depois da tempestade, surge sempre a bonança; assim sucedeu; e a "Bahiana" muitos dias depois, entrava, desarvorada, a barra do Porto, fundeando em frente a Massarelos.
A gente da cidade, ao saber do sucedido, acorrera, alarmada, à margem do rio; momentos depois, desembarcava a tripulação e formava-se, na estrada de Massarelos, um comovente cortejo.
A marinhagem da "Bahiana", descoberta e descalça, como nas manobras do convés em dias de borrasca, com sua roupa de oleado negro e lustroso, tomava sobre seus ombros a vela salvadora, ao centro da qual se via, quase esfarrapada, a estampa do Bom Jesus! Dirigia-se, a pé, ao Santuário de Matozinhos, onde ia oferecer ao Bom Jesus, a vela da sua barca.
À frente, abrindo o cortejo, caminhava o moço João Rodrigues; ladeando a vela, o contra-mestre e a marinhagem; o capitão fechava o cortejo. Pelo caminho, que uma poeira branca tapetava, a «silhouette» negra dos marinheiros dava um tom de tristeza àquele prestito; e pela estrada fora, a voz triste dos marujos entoando o Bemdito, fazia chorar...
São todas, como esta, as histórias que nos contam aquelas dezenas de quadros a óleo, pendentes das paredes da Casa dos Milagres, outrora enagrecidos pelo tempo e aos quais o espírito modernizador desta geração de inconscientes, mandou encarnar de cores berrantes de figuras de passar!...
A barca "Bahiana", de 385 toneladas, de que era proprietário Joaquim Lourenço Alves, residente à beira rio, nas imediações da Reboleira, fazia viagens entre o Porto e a Bahia.
No regresso de uma delas, surge a tempestade!
A "Bahiana", comandada por um velho lobo do mar, natural de Matozinhos, foi resistindo ao tempo, até que a violência do furacão lhe cortou a mastreação; as velas, feitas em pedaços, voaram, levadas pelo vento; e o forte arcaboiço de madeira e ferro da barca portuense, recebia em cheio a pancada da onda, que porfiava desconjuntá-la, dando-lhe por sepultura o fundo misterioso do mar.
A tripulação desvairada, já não obedecia às ordens de comando; alguns marinheiros correram à arrecadação para se embriagarem; o capitão, armado, impunha-lhes o cumprimento das suas determinações; mas a barca já metia água; estava tudo perdido; só restava morrer!
Amainara o temporal; mas de que valia, se não havia um mastro, se não havia uma vela, se o leme se tinha partido e se a tripulação não obedecia?
Então o moço de bordo, João Rodrigues Maia, um rapaz de quinze anos, quase nú, ensaguentado pelos ferimentos que recebera nas manobras do convés, corre ao porão, desvairado; descobre, enrolada, uma vela nova; toma-a nos braços musculosos, sobe ao convés e grita:
- Meu capitão! Estamos salvos! Aqui está uma vela!
Nos olhos do velho marinheiro brincaram duas lágrimas de raiva.
- Sim, exclamou: de que nos serve a vela se não temos mastros?
- Ainda ali se ergue metade do da proa! Deus é connosco! E desenrolava a vela, onde um fio de sangue desenhara uma cruz rubra.
Os marinheiros colocaram-na, então, segundo as indicações do seu comandante; lá em baixo, o carpinteiro de bordo, Manuel Fernandes Ferreira, calafetava o arcaboiço da barca, por onde entrava um fio de água, alagando os porões; o capitão, descendo ao seu beliche, subira seguidamente ao convés.
Uma vez ali, reunida a tripulação, todos se descobriram e ajoelharam; o capitão, avançando para a vela armada no topo do pequeno mastro da proa que o furacão mutilara, pregara-lhe, ao centro, uma estampa do Bom Jesus de Matozinhos, que sempre trazia enrolada no escaninho da sua caixa de madeira.
Ouviu-se, então, o murmúrio de uma oração, como ao descerrar o Santíssimo nos lausperenes da Sé Catedral; a marinhagem chorava; e o seu soluçar, misturava-se com os compassos de uma canção religiosa, muito em voga entre a gente do mar: - o Bemdito.
Depois da tempestade, surge sempre a bonança; assim sucedeu; e a "Bahiana" muitos dias depois, entrava, desarvorada, a barra do Porto, fundeando em frente a Massarelos.
A gente da cidade, ao saber do sucedido, acorrera, alarmada, à margem do rio; momentos depois, desembarcava a tripulação e formava-se, na estrada de Massarelos, um comovente cortejo.
A marinhagem da "Bahiana", descoberta e descalça, como nas manobras do convés em dias de borrasca, com sua roupa de oleado negro e lustroso, tomava sobre seus ombros a vela salvadora, ao centro da qual se via, quase esfarrapada, a estampa do Bom Jesus! Dirigia-se, a pé, ao Santuário de Matozinhos, onde ia oferecer ao Bom Jesus, a vela da sua barca.
À frente, abrindo o cortejo, caminhava o moço João Rodrigues; ladeando a vela, o contra-mestre e a marinhagem; o capitão fechava o cortejo. Pelo caminho, que uma poeira branca tapetava, a «silhouette» negra dos marinheiros dava um tom de tristeza àquele prestito; e pela estrada fora, a voz triste dos marujos entoando o Bemdito, fazia chorar...
São todas, como esta, as histórias que nos contam aquelas dezenas de quadros a óleo, pendentes das paredes da Casa dos Milagres, outrora enagrecidos pelo tempo e aos quais o espírito modernizador desta geração de inconscientes, mandou encarnar de cores berrantes de figuras de passar!...
* * *
A propósito da tragédia da "Bahiana" existem as seguintes notas, que vêm autenticar a sua absoluta veracidade.
Do Registo de Entradas e Saídas da Barra do Porto, da Associação Comercial da cidade, referidas a 8 e 9 de Maio de 1868, publicadas no jornal "Comércio do Porto"
Às 10 horas da manhã do dia 8 do corrente a barca "Bahiana" apareceu ao norte, vindo arribada e desarvorada com bandeira à proa e sem gurupés, sendo pilotada no dia seguinte, âs 2 horas e 50 da tarde, entrando no Douro, a reboque, trazendo um carregamento de açucar e vários géneros, vinda da Bahia com 59 dias de viagem.
Do Registo de Entradas e Saídas da Barra do Porto, da Associação Comercial da cidade, referidas a 8 e 9 de Maio de 1868, publicadas no jornal "Comércio do Porto"
Às 10 horas da manhã do dia 8 do corrente a barca "Bahiana" apareceu ao norte, vindo arribada e desarvorada com bandeira à proa e sem gurupés, sendo pilotada no dia seguinte, âs 2 horas e 50 da tarde, entrando no Douro, a reboque, trazendo um carregamento de açucar e vários géneros, vinda da Bahia com 59 dias de viagem.
* * *
A barca "Bahiana"
A barca "Bahiana"
Entrou ante-ontem a barra, a barca "Bahiana", procedente da Bahia, com 59 dias de viagem. A "Bahiana" veio desarvorada. Foi causa de perder a mastreação um violento furacão de que foi acossada no dia 23 do mês passado, na latitude 41ºN e longitude 25ºW.
Trazia então 43 dias de viagem, pois havia saído da Bahia a 12 de Março. A "Bahiana" tendo desarvorado, andou 60 horas à discrição, até que, improvisadamente mastreada com os recursos que havia a bordo, rumou a Norte e pode conseguir entrar no porto que demandava!
Não se passou, porém, tudo isto tão simplesmente, que a tripulação, quando o navio foi desarvorado, não corresse o risco de perecer.
Jornal "Comércio do Porto", Nº 108, de 12 de Maio de 1868
Trazia então 43 dias de viagem, pois havia saído da Bahia a 12 de Março. A "Bahiana" tendo desarvorado, andou 60 horas à discrição, até que, improvisadamente mastreada com os recursos que havia a bordo, rumou a Norte e pode conseguir entrar no porto que demandava!
Não se passou, porém, tudo isto tão simplesmente, que a tripulação, quando o navio foi desarvorado, não corresse o risco de perecer.
Jornal "Comércio do Porto", Nº 108, de 12 de Maio de 1868
Bibliografia
Lessa, Santos, Alvoradas de Fé, pp 29-41, edição do jornal "O Comércio de Leixões", 1928
= Continua =
quarta-feira, 13 de novembro de 2019
terça-feira, 12 de novembro de 2019
Leixões na rota do turismo! (13-19)
Navios em porto nos restantes dias do mês de Outubro
Este período foi muito identico ao anterior, com uma agradavel quantidade de navios de visita ao porto, apesar de em alguns dias o mar já apresentar alguma ondulação, o que viria a condicionar a escala do navio "Variety Voyager", em função das suas reduzidas dimensões.
Registaram-se com habitual agrado a primeira escala do navio "Spirit of Discovery", da companhia inglesa Saga Cruises, que está em fase de renovação da frota, e o regresso do antigo navio "Prinsedam", da Holland America Cruises, agora a navegar com o nome "Amera, operado pela companhia alemã Phoenix Reisen, de Bona.
Por motivo da minha ausência da cidade, que aconteceu precisamente no dia 14, não tive a oportunidade de fotografar os navios que visitaram Leixões pela primeira vez, pelo que recorri por empréstimo aos colecionadores das mesmas, citados nos espaços respectivos, com os meus agradecimentos.
Por motivo da minha ausência da cidade, que aconteceu precisamente no dia 14, não tive a oportunidade de fotografar os navios que visitaram Leixões pela primeira vez, pelo que recorri por empréstimo aos colecionadores das mesmas, citados nos espaços respectivos, com os meus agradecimentos.
Navio de passageiros "Europa 2"
No dia 13, veio procedente da Corunha, saiu para a Praia da Vitória
No dia 13, veio procedente da Corunha, saiu para a Praia da Vitória
Navio de passageiros "Amera"
No dia 14, chegou procedente de Bilbao, tendo saído para Lisboa
Foto de Helge Massmann publicada no Marine Traffic
No dia 14, chegou procedente de Bilbao, tendo saído para Lisboa
Foto de Helge Massmann publicada no Marine Traffic
Navio de passageiros "Spirit of Discovery"
Também no dia 14, veio procedente da Corunha, saindo para Lisboa
Foto do construtor firma Meyer Werft, Papenburg, Alemanha
Também no dia 14, veio procedente da Corunha, saindo para Lisboa
Foto do construtor firma Meyer Werft, Papenburg, Alemanha
Navio de passageiros "Viking Jupiter"
No dia 15, chegou proveniente de Falmouth, seguindo para Malaga
No dia 15, chegou proveniente de Falmouth, seguindo para Malaga
Navio de passageiros "Artania"
No dia 16, veio de Villagarcia, tendo saído para a Praia da Vitória
No dia 16, veio de Villagarcia, tendo saído para a Praia da Vitória
Navio de passageiros "Europa"
No dia 19, chegou procedente de Honfleur, seguindo para Lisboa
No dia 19, chegou procedente de Honfleur, seguindo para Lisboa
domingo, 10 de novembro de 2019
segunda-feira, 4 de novembro de 2019
Leixões na rota do turismo! (12-19)
Navios em porto na primeira quinzena de Outubro
Na oportunidade devo referir o meu desconhecimento, relativamente à possibilidade do período corresponder de forma excelente, ou não, às expectativas criadas quanto à capacidade de oferta e acessos postos à disposição dos navios que vem de visita ao porto.
O mês apresentou-se com números de escalas interessantes, e podia até ter sido melhor, se as condições de tempo estivessem propícias às necessarias condições de segurança na navegação, principalmente quando se trata de navios de passageiros de menores dimensões.
Não posso negar que tinha vontade de ter visto em porto o navio norueguês "Fridtjof Nansen", em escala inaugural, o que lamento, porém, imprevisívelmente, a visita também em escala inaugural, do navio alemão "Hanseatic Nature", compensou o anterior cancelamento.
Acresce que este navio prolongou a estadia em porto, esperando por melhor condição de tempo, a fim de evitar o encontro com forte ondulação e ventos provientes do furacão «Lorenzo», durante a viagem programada com destino aos Açores.
Navio de passageiros "Seven Seas Explorer"
No dia 1, chegou procedente da Corunha, tendo saído para Lisboa
No dia 1, chegou procedente da Corunha, tendo saído para Lisboa
Navio de passageiros "Viking Sky"
Também no dia 1, veio de Falmouth, seguindo para Malaga
Navio de passageiros "Star Breeze"
No dia 2, chegou procedente do Ferrol, tendo saído para Lisboa
Também no dia 1, veio de Falmouth, seguindo para Malaga
Navio de passageiros "Star Breeze"
No dia 2, chegou procedente do Ferrol, tendo saído para Lisboa
Navio de passageiros "Hanseatic Nature"
Ainda no dia 2, veio da Corunha, saindo para Angra do Heroísmo
Ainda no dia 2, veio da Corunha, saindo para Angra do Heroísmo
Navio de passageiros "Aida Vita"
No dia 3, chegou procedente da Corunha, tendo saído para Lisboa
No dia 3, chegou procedente da Corunha, tendo saído para Lisboa
Navio de passageiros "Artania"
Também no dia 3, chegou do Ferrol, seguindo para Lisboa
Também no dia 3, chegou do Ferrol, seguindo para Lisboa
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
História trágico-marítima! (CCCXIII)
O encalhe do navio "Lucia del Mar", na barra de Leixões
No dia 14 de Agosto de 1981, por volta das 07.05 horas da manhã, o navio porta-contentores espanhol da Iberolinhas "Lucia del Mar", encalhou do lado norte da barra do porto de Leixões.
A causa do sinistro deve-se ao denso nevoeiro que durante a manhã baixou sobre a costa, aliado ao facto da maré estar baixa, obrigando à imobilização do navio durante três horas, assente sobre os tubos submersos de combustivel da Shell, junto ao Terminal de Petroleiros.
A causa do sinistro deve-se ao denso nevoeiro que durante a manhã baixou sobre a costa, aliado ao facto da maré estar baixa, obrigando à imobilização do navio durante três horas, assente sobre os tubos submersos de combustivel da Shell, junto ao Terminal de Petroleiros.
Foto do navio encalhado, ainda sob o efeito do nevoeiro
Minha colecção
Minha colecção
Características do porta-contentores "Lucia del Mar"
Armador: Equimar Marítima, S.A., Bilbao
Construtor: Enrique Lorenzo y Cia., S.A., Vigo, 1978
ex "Lucia del Mar", Equimar Marítima S.A., Bilbao
ex "Seatrain Spain", fretado pela Seatrain, Espanha
Arqueação: Tab 9.185,00 tons - Tal 7.373,00 tons
Dimensões: Pp 164,80 mts - Boca 20,01 mts - Pontal 7,00 mts
Propulsão: Máquina MAN - 12:Ci - 8.952 Kw - 12.000 Bhp - 19 m/h
Construtor: Enrique Lorenzo y Cia., S.A., Vigo, 1978
ex "Lucia del Mar", Equimar Marítima S.A., Bilbao
ex "Seatrain Spain", fretado pela Seatrain, Espanha
Arqueação: Tab 9.185,00 tons - Tal 7.373,00 tons
Dimensões: Pp 164,80 mts - Boca 20,01 mts - Pontal 7,00 mts
Propulsão: Máquina MAN - 12:Ci - 8.952 Kw - 12.000 Bhp - 19 m/h
Foto das manobras de desencalhe, referidas no texto
Minha colecção
Minha colecção
Na manobra de desencalhe foram utilizados cinco rebocadores da A.P.D.L. que, conjugando a força dos seus motores, conseguiram retirar o navio dum fundo de areia e lodo, em que se atolara.
Após estas manobras que se revelaram determinantes para safar o navio, o "Lucia del Mar", accionando a máquina a toda a força, fez marcha à ré, indo atracar no Posto A do Terminal de Petroleiros.
Neste local, uma equipa de mergulhadores fez uma detalhada inspecção ao casco, não tendo sido detectado qualquer rombo, obtendo por esse motivo, pelas 13 horas, autorização para atracar no Terminal de Contentores, onde viria a efectuar as normais operações portuárias.
Após estas manobras que se revelaram determinantes para safar o navio, o "Lucia del Mar", accionando a máquina a toda a força, fez marcha à ré, indo atracar no Posto A do Terminal de Petroleiros.
Neste local, uma equipa de mergulhadores fez uma detalhada inspecção ao casco, não tendo sido detectado qualquer rombo, obtendo por esse motivo, pelas 13 horas, autorização para atracar no Terminal de Contentores, onde viria a efectuar as normais operações portuárias.
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
História trágico-marítima! (CCCXII)
O naufrágio do arrastão "Brenha", próximo a Vila do Conde
Imagem do arrastão "Facho", antes de mudar o nome para "Brenha"
Foto de autor desconhecido - colecção de Manuel Calisto
Características do arrastão "Brenha"
Foto de autor desconhecido - colecção de Manuel Calisto
Características do arrastão "Brenha"
Nº Oficial: FF-283-C - Iic: C.U.V.P. - Porto de matrícula: F. da Foz
Armador: Não identificado
Construtor: Estaleiros Navais do Mondego, Figueira da Foz, 1968
ex "Facho", Supel - Sociedade União de Pescarias, Lda., Matosinhos
Arqueação: Tab 173,14 tons - Tal 52,72 tons
Dimensões: Pp 27,71 mts - Boca 7,22 mts - Pontal 2,48 mts
Propulsão: Máquina Stork, Holanda, 1967 - 1:Di - 660 Hp - 11 m/h
Cerca da meia-noite, naufragou a meia milha a oeste da praia do Mindelo, em Vila do Conde, o arrastão "Brenha", matriculado no porto da Figueira da Foz. Todos os pescadores foram salvos.
Duas testemunhas viram o barco lançar sinais luminosos de pedido de socorro, os quais foram captados pela embarcação "Desterrado", de Vila do Conde, que, cerca de 45 minutos mais tarde conseguiu salvar os naufragos, levando-os para o porto de Leixões, uma vez que as barras da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde se encontravam encerradas.
Na operação de salvamento colaboraram o navio patrulha da Armada "Cunene" e o arrastão "Mexilhão". O barco de pesca sofreu um rombo no casco depois de ter batido contra uma rocha submersa, devido ao mau tempo que se fazia sentir na ocasião, estando o mar revolto, com ondulação de 3 a 4 metros de altura.
Jornal "Comércio do Porto", sábado, 6 de Janeiro de 1996
Segundo Soares de Moura, é admissível a possibilidade do mestre João Rebelo da Silva, ter conduzido o arrastão de forma deficiente, pelo facto de ignorar o rochedo da «guilhada», que está perfeitamente identificado, apesar das más condições de mar encontradas na ocasião.
Ao mesmo tempo anula a hipótese de uma eventual avaria mecânica, em função da embarcação ter feito marcha à ré, conseguindo retirá-la das pedras, mas com um rombo, que lhe provocaria o afundamento, em local próximo às coordenadas 41º18'55"N 8º45'43"W.
Moura, Rodrigo Soares de, Naufrágios e outros Acidentes Nauticos em Portugal, a Norte da Figueira da Foz, CASP, 2005
Armador: Não identificado
Construtor: Estaleiros Navais do Mondego, Figueira da Foz, 1968
ex "Facho", Supel - Sociedade União de Pescarias, Lda., Matosinhos
Arqueação: Tab 173,14 tons - Tal 52,72 tons
Dimensões: Pp 27,71 mts - Boca 7,22 mts - Pontal 2,48 mts
Propulsão: Máquina Stork, Holanda, 1967 - 1:Di - 660 Hp - 11 m/h
Cerca da meia-noite, naufragou a meia milha a oeste da praia do Mindelo, em Vila do Conde, o arrastão "Brenha", matriculado no porto da Figueira da Foz. Todos os pescadores foram salvos.
Duas testemunhas viram o barco lançar sinais luminosos de pedido de socorro, os quais foram captados pela embarcação "Desterrado", de Vila do Conde, que, cerca de 45 minutos mais tarde conseguiu salvar os naufragos, levando-os para o porto de Leixões, uma vez que as barras da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde se encontravam encerradas.
Na operação de salvamento colaboraram o navio patrulha da Armada "Cunene" e o arrastão "Mexilhão". O barco de pesca sofreu um rombo no casco depois de ter batido contra uma rocha submersa, devido ao mau tempo que se fazia sentir na ocasião, estando o mar revolto, com ondulação de 3 a 4 metros de altura.
Jornal "Comércio do Porto", sábado, 6 de Janeiro de 1996
Segundo Soares de Moura, é admissível a possibilidade do mestre João Rebelo da Silva, ter conduzido o arrastão de forma deficiente, pelo facto de ignorar o rochedo da «guilhada», que está perfeitamente identificado, apesar das más condições de mar encontradas na ocasião.
Ao mesmo tempo anula a hipótese de uma eventual avaria mecânica, em função da embarcação ter feito marcha à ré, conseguindo retirá-la das pedras, mas com um rombo, que lhe provocaria o afundamento, em local próximo às coordenadas 41º18'55"N 8º45'43"W.
Moura, Rodrigo Soares de, Naufrágios e outros Acidentes Nauticos em Portugal, a Norte da Figueira da Foz, CASP, 2005
domingo, 13 de outubro de 2019
Leixões na rota do turismo! (11-19)
Navios em porto na última quinzena de Setembro
Relativamente a este período, pode ser repetido tudo o que foi mencionado anteriormente. Dois navios visitaram o porto pela primeira vez, o "Le Dumont d'Urville" e o "World Explorer"; o navio "Silver Whisper" abdicou da escala muito embora estivesse a poucas milhas da entrada do porto, devido ao nevoeiro, situação que em diversos dias terá dificultado as manobras, aquando das atracações, durante as primeiras horas da manhã.
Navio de passageiros "Silver Spirit"
No dia 16, chegou procedente de Bordeus, seguindo para Lisboa
No dia 16, chegou procedente de Bordeus, seguindo para Lisboa
Navio de passageiros "Costa Pacifica"
No dia 17, veio procedente da Corunha, saindo para Lisboa
No dia 17, veio procedente da Corunha, saindo para Lisboa
Navio de passageiros "Ocean Majesty"
No dia 19, veio procedente de Gijon, tendo saído para Lisboa
No dia 19, veio procedente de Gijon, tendo saído para Lisboa
Navio de passageiros "AidaCara"
No dia 21, chegou procedente da Corunha, saindo para Lisboa
No dia 21, chegou procedente da Corunha, saindo para Lisboa
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Leixões na rota do turismo! (10-19)
Navios em porto nas duas primeiras semanas de Setembro
Em absoluto sentido contrário aos meses anteriores, este período apresenta uma conjuntura mais favoravel, com diversas escalas, sendo que inclusivamente se regista a visita de dois navios ao porto pela primeira vez, caso do "Brilliance of the Seas" e do "MSC Orchestra".
Na realidade, o número de escalas poderia até ser melhor, não tivesse acontecido o cancelamento da escala do navio "Zenith", por motivo não especificado, muito embora o denso manto de nevoeiro que cobriu o porto durante as manhãs, possa explicar essa desistência.
E obviamente, o que se lamenta, também devido ao nevoeiro, algumas das imagens estão sem a qualidade que para nós seria desejavel.
Na realidade, o número de escalas poderia até ser melhor, não tivesse acontecido o cancelamento da escala do navio "Zenith", por motivo não especificado, muito embora o denso manto de nevoeiro que cobriu o porto durante as manhãs, possa explicar essa desistência.
E obviamente, o que se lamenta, também devido ao nevoeiro, algumas das imagens estão sem a qualidade que para nós seria desejavel.
Navio de passageiros "Balmoral"
No dia 3, chegou procedente de Lisboa, tendo saído para Lorient
No dia 3, chegou procedente de Lisboa, tendo saído para Lorient
Navio de passageiros "Costa Favolosa"
No dia 6, chegou procedente da Corunha, seguindo para Lisboa
No dia 6, chegou procedente da Corunha, seguindo para Lisboa
Navio de passageiros "Corinthian"
Ainda no dia 6, veio procedente de Vigo, saindo para Lisboa
Ainda no dia 6, veio procedente de Vigo, saindo para Lisboa
Navio de passageiros "Brilliance of the Seas"
No dia 9, veio procedente da Corunha, tendo saído para Lisboa
No dia 9, veio procedente da Corunha, tendo saído para Lisboa
Navio de passageiros "Berlin"
Também no dia 9, veio procedente da Corunha, seguindo para Lisboa
Também no dia 9, veio procedente da Corunha, seguindo para Lisboa
Navio de passageiros "Astor"
No dia 14, chegou procedente de Nantes, seguindo para o Funchal
No dia 14, chegou procedente de Nantes, seguindo para o Funchal
Navio de passageiros "MSC Orchestra"
No dia 16, veio procedente do Havre, e tambem saiu para Lisboa
No dia 16, veio procedente do Havre, e tambem saiu para Lisboa
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