quarta-feira, 27 de junho de 2018

História trágico-marítima (CCLVII)


Porto, 1900
O temporal e a cheia no Douro
2ª Parte

A barca “Maria Emília” e a fragata “Dª. Francisquinha”
A barca “Maria Emília”, fundeada em frente da Alfândega Velha, garrou, indo parar à Cantareira. Corria abandonada, mas os pescadores da Afurada, que ali estacionam com os seus barcos, e algumas catraias de pilotos puderam segurá-la e amarrá-la. Está carregada de madeira.

Desenho de navio do tipo barca, sem correspondência ao texto

Características da barca “Maria Emília”
Armador: José Lopes Fernandes, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.M.Q. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Manuel Gomes Rodrigues, Vila do Conde, 1867
ex “Novo Silêncio”, A.F.M. Guimarães, Porto
Arqueação: Tab 369,00 Tons - Tal 353,00 tons
Dimensões: Pp 36,14 mts - Boca 8,76 mts - Pontal 4,67 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Villas Boas Robim

Aconteceu outro tanto à fragata de carga “Dª. Francisquinha”, que tinha um carregamento de algodão, trazido pelo paquete “Brunswick”, para diversos comerciantes.

O iate “Dª. Joaquina”
À 1 hora da tarde rebentou a corrente do iate “Dª. Joaquina”, fundeado no sítio da Bica, em Vila Nova de Gaia. Quando já descia o rio, dois tripulantes que tinha a bordo saltaram para um bote, sustentando-se no rio à força de remos. O iate parou no lugar do Cavaco e aqueles tripulantes, voltando para bordo, trataram de amarrá-lo solidamente.

Desenho de navio do tipo iate, sem correspondência ao texto

Características do iate “Dª. Joaquina”
Armador: Joaquim Pereira Mendes, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.J.G. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, Vila do Conde
ex “Sampaio”
Arqueação: Tab 89,03 Tons - 251,944 m3
Propulsão: À vela
Condenado por inavegável, abatido em 1902

A galera “América” e os rebocadores “Galgo” e “Veloz”
A galera “América”, fundeada no cais das Pedras garrou e foi parar em frente da Fabrica de Fundição de Massarelos, de encontro ao iate “Rasoilo”. Na sua carreira impetuosa, destruiu a chaminé e o mastro do rebocador “Galgo” e ainda a roda de estibordo e a chaminé do mesmo lado do rebocador “Veloz”. A galera ficou com o pau da giba, borda falsa e figura de proa despedaçados. A figura foi apanhada na Cantareira. A “América” ficou fortemente espiada para evitar que bata de encontro às pedras da margem.

Desenho de navio do tipo galera, sem correspondência ao texto

Características da galera “América”
Armador: Agostinho A. Lopes Cardoso, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.F.C. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, Porto, 1867
Arqueação: Tab 1.013,73 Tons - 2.868,867 m3
Dimensões: Pp 55,35 mts - Boca 10,16 mts - Pontal 5,79 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Gonçalves Marques

Quanto ao rebocador “Galgo”, por efeito do abalroamento, garrou, atravessando-se na proa da corveta “Estephânia”. A tripulação deste navio pôde obstar a eventuais danos no navio de guerra, e o “Galgo”, ao sabor da corrente, seguiu rio abaixo até à Cantareira, onde foi agarrado.

O lugre dinamarquês “Hossana”
Achava-se próximo ao estaleiro de Gaia, com dois ferros pela proa. O perigo que corria e a impossibilidade de lhe ser prestado imediato socorro, fez com que a tripulação o abandonasse. Ficando assim entregue à sua sorte, ao capricho da corrente, veio, aí à volta das 2 da tarde, até ao meio do rio. Umas vezes corria sobre os ferros, atropelando-os, outras descaía vertiginosamente para trás, retesando violentamente as duas correntes. Percebia-se que as unhas das âncoras se deslocavam a espaços e agarravam de novo mais adiante, estroncando a madeira dos olhais. Mas os ferros não rebentaram e a isso se deve a salvação do navio.

Desenho de navio do tipo lugre, sem correspondência ao texto

Características do lugre dinamarquês “Hossana”
Armador: A. H. Petersen, Marstal, Dinamarca
Nº Oficial: N/d - Iic: N.C.P.V. - Porto de matrícula: Marstal
Construtor: F. Hansen, Marstal, Dinamarca, 1890
Arqueação: Tab 131,00 Tons - Tal 119,00 tons
Dimensões: Pp 26,92 mts - Boca 6,27 mts - Pontal 2,97 mts
Propulsão: À vela

Os cais das duas margens estavam apinhados de gente a presenciar o estranho espectáculo, ansiosa por ver o desfecho. Afinal saiu de Vila Nova de Gaia um barco tripulado por alguns trabalhadores fluviais e depois de várias investidas conseguiram saltar para dentro do lugre, tratando de o segurar para terra.

A barca “Douro”
A barca “Douro”, dos srs. Glama & Marinho, fundeada próximo da lingueta da Cábrea, desde a madrugada que corria risco de garrar. A tripulação foi salva por um cabo de vai-vem. À tarde bateram de encontro àquele navio duas barcaças, partindo-lhe uma amarra. Por esse motivo adornou para estibordo ameaçando voltar-se.
Às 6 horas e meia da tarde uma gritaria ensurdecedora da multidão que estacionava na margem direita e repetidos toques de apito deram rebate que a amarra havia partido, e a barca lá foi levada rio abaixo.
Felizmente a corrente encaminhou-a para o meio do rio, e, assim, passou sem causar dano nas outras embarcações, indo despedaçar-se de encontro a umas pedras próximo do cais do Ouro, onde está fundeada a draga “Portugal”.
A barca “Douro”, que era de 446 toneladas de registo, veio de Nova Orleães com aduela aos srs. Glama & Marinho, tendo entrado a barra no dia 24 de Janeiro findo.

Desenho de navio do tipo barca, sem correspondência ao texto

Características da barca “Douro”
Armador: Agostinho A. Lopes Cardoso, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.F.C. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Fili Schiavent, Fiume (Rijeka, Croácia), 1865
Reconstrução: A. Buron, St. Malô, França, 1898
ex “Mimi”, Delacour, St. Malô, França
Arqueação: Tab 489,00 tons - Tal 446,00 tons
Dimensões: Pp 55,35 mts - Boca 10,16 mts - Pontal 5,79 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: Carlos Lino Gaspar

A barca “Glama”
Este navio, fundeado no cais da Paixão, garrou cerca das 2 horas da madrugada, indo encalhar junto do lugre “Costa Lobo” e da barca “Ligeira”, em frente ao cais de Massarelos. Ali foram-lhe lançados grossos cabos. À noite, porém, adornou para estibordo, não sendo das melhores a sua situação.

Desenho de navio do tipo barca, sem correspondência ao texto

Características da barca “Glama”
Armador: Glama & Marinho, Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.B.L.M. - Porto de matrícula: Porto
Construtor: Não identificado, East Boston, Setembro de 1868
ex “Southern Cross”, Baker & Morrill, Boston, Estados Unidos
Arqueação: Tab 1.139,71 tons - 3.225,370 m3
Dimensões: Pp 55,17 mts - Boca 10,97 mts - Pontal 7,16 mts
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: João Simões Paião

Uma vítima
O vapor alemão “Egeria”, que estava em frente à Arrábida, teve de mudar de ancoradouro, o que fez com bastante risco, indo para Santo António do Vale da Piedade.
Deste vapor tentou sair para terra o soldado da Guarda-fiscal nº 218, da 1ª companhia, António Miguel. Na ocasião, porém, em que saltava para uma barca, caiu ao rio, perecendo afogado. O infeliz contava 43 anos de idade e deixa viúva e filhos; era natural de Vila Nova de Gaia.

Calculo dos prejuízos
A pessoas que conhecem bem a praça do Porto foi ouvido calcular os prejuízos sofridos pelo comércio portuense em cerca de 6000:00$000, devendo ter-se em consideração os graves transtornos que resultam da perda dos carregamentos de trigo e carvão que se afundaram.

Os pescadores da Afurada
Foi já dito que, na série de sinistros conhecidos até ao momento, muitas embarcações foram impelidas para a barra, sendo apanhadas na sua carreira vertiginosa pelos homens da Afurada. Embarcados nas suas bateiras, estes pescadores aproximavam-se animosa e habilmente dos barcos sem governo e saltavam para bordo, conseguindo dirigi-los e salvá-los, agarrando também porções de madeira, fardos de algodão e outros objectos arrastados pela corrente.
Estas manobras eram auxiliadas pela revessa do rio naquele ponto, a qual diminui consideravelmente o ímpeto da corrente. Esta circunstância, de que os vareiros com tanta utilidade se aproveitam, sugere a ideia de que seria de grande vantagem estabelecer na Afurada um serviço regular de salvamento, não só de despojos, mas até de vidas em perigo.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

História trágico-marítima (CCLVII)


Porto, 1900
O temporal e a cheia no Douro
1ª Parte

Em todo o dia de ante-ontem caiu sobre a cidade um forte temporal, com ventos variáveis, de sul e sudoeste. A ventania desabrida, destruidora, acompanhada de chuva incessante, começou a fazer-se sentir na madrugada de Domingo, destelhando casas, deslocando clarabóias e deitando à terra os arvoredos dos sítios mais expostos.
Todavia, onde o temporal actuou mais, causando prejuízos avaliados em centenas de contos de réis, foi no rio. À ventania vieram juntar-se as águas do alto Douro, em volume extraordinário, de sorte que na noite de Domingo, quando quiseram acautelar os valores constituídos em navios e cargas muito importantes, já mal lhes puderam valer.
A faina foi enorme durante a noite, não em procura dos ancoradouros mais abrigados, porque a cheia e a corrente de água, intensíssima, o não permitia, mas sim em proceder-se a amarrações sólidas, em revestir os costados dos navios com resistentes troncos de madeira para não se escangalharem de encontro aos cais, e, finalmente, reforçá-las com potentes antenas.
No entanto, valha a verdade, era de prever um estado anormal no rio, visto a experiência ter demonstrado por muitas vezes a série de factos que agora se deu. A neve caiu abundantemente na segunda quinzena de Janeiro e primeiros dias do corrente mês de Fevereiro, cobrindo todas as eminências. É claro que com as primeiras chuvas abundantes e quentes, a neve, descendo das montanhas, iria aumentar imensamente os caudais, e as inundações seriam um facto. Foi o que sucedeu. Não obstante, as prevenções foram tardias e os resultados tristes patentearam-se e patenteiam-se ainda aí.

Vista panorâmica do Porto, cidade e rio, cerca de 1900
Postal ilustrado da série "Estrela Vermelha"

A cheia
Às 10 horas da noite de Domingo começou o rio a sair do leito. Dados os primeiros rebates do facto, muitas pessoas da população ribeirinha e trabalhadores fluviais afluíram às margens, a despeito da chuva e do vento. A inundação ameaçadora oferecia esse espectáculo belo-horrível que tanto impressiona o espírito. O sussurro da corrente, dos cachões e dos redemoinhos, as vozes de comando a bordo das barcaças e dos navios de alto mar; a gritaria que sempre acompanha as manobras marítimas, tudo isto era um espectáculo intraduzível.
À 1 hora da madrugada já os cais de Gaia estavam alagados, como o estavam a rua de Miragaia e Monchique, tentando a água galgar o cais da Ribeira. Duas horas mais tarde já a inundação chegava aos arcos da Ribeira e à entrada da rua Direita em Vila Nova de Gaia. De enchente tão acelerada, tão rápida, não há memória.
Quando amanheceu viu-se então a imponência da cheia e registaram-se os desastres. Toda a avenida Diogo Leite, em Gaia, todos os caminhos marginais até ao Cabedelo e do lado do Porto os locais já indicados, inundados! É claro que paralisou todo o comércio e o trabalho ribeirinho nas duas margens.
Na eventualidade de ainda avolumarem mais as águas, os habitantes da rua Direita até à do Sacramento, em Gaia, tomaram logo precauções, sucedendo outro tanto do lado do Porto.
Vem a propósito dizer que a polícia da 6ª esquadra (Ferreira Borges), ao ter notícia da rápida inundação percorreu os estabelecimentos do cais da Ribeira prevenindo os respectivos donos, para que pusessem a salvo os seus haveres, prevenindo também os proprietários das barracas, da venda de sardinha salgada, proximamente aos Guindais, para o mesmo efeito. Porém, nem tudo pôde ser salvo, tão vertiginoso foi o avanço da água.
O volume desta acima do nível ordinário era ontem de mais de 2 metros, e a velocidade da corrente de 10 milhas por hora, sendo ainda esperada alteração nestes números, visto aguardaram-se novas águas vindas de cima, nomeadamente de Espanha.
Às 5 horas e meia da madrugada os bombeiros municipais prestaram bons serviços no cais da Porta Nobre, iluminando-o com seis faróis de petróleo, a fim dos trabalhadores fluviais poderem trabalhar.

Registo dos sinistros
Os vapores “Sir Walter” e “H. Wicander”
O vapor inglês “Sir Walter”, de 298 toneladas, entrado na barra no dia 9 do corrente, procedente de Leith, com carregamento de carvão para os srs. C. Coberley & Cª., achava-se fundeado próximo da ponte D. Luiz I, do lado de Vila Nova de Gaia, onde procedia à descarga.
Parece que um barco rabelo viera, impelido pela corrente do rio, quebrar-lhe dois cabos de arame que lhe serviam de amarração. O vapor garrou, correndo rio abaixo até ao antigo sítio do Postigo dos Banhos, indo bater de encontro ao vapor sueco “H. Wicander”, que igualmente havia sido arrastado até ali, arrancado do seu ancoradouro, na margem esquerda, defronte da rua Direita, de Vila Nova de Gaia.
Do choque entre os dois vapores resultou o “Sir Walter” ir a pique, depois de ter feito dois rombos no casco do “H. Wicander”, do lado da proa. Como, porém, essas aberturas ficavam acima da linha de água, o referido navio sueco pôde resistir e conservar-se direito. Turmas de trabalhadores ocuparam-se logo depois em reforçar-lhe a amarração.
Quanto ao “Sir Walter” tinha fora da água os mastros e a chaminé. Às 3 horas e meia da tarde a fragata de carga “Dª. Anna”, levada pela corrente, despedaçou-lhe o mastro da ré e a chaminé, quedando-se enrascada com o “H. Wicander”, submergindo pouco depois.
Este vapor que é de 770 toneladas, viera de Estocolmo e Memel (porto actualmente identificado por Klaipéda, na Lituânia), com carregamento de ferro e aduela à firma Jervell & Knudsen, tendo entrado a barra no dia 6 do corrente.

O patacho inglês “Bella Rosa”

Desenho de navio do tipo patacho, sem correspondência ao texto

Características do patacho inglês “Bella Rosa”
Armador: A. Goodridge & Sons, St. John’s, Terra Nova
Nº Oficial: N/d - Iic: N/d - Porto de matrícula: St. John’s
Construtor: Upham, Brixham, Inglaterra, Junho de 1874
Arqueação: Tab 149 Tons
Dimensões: Pp 29,90 mts - Boca 6,81 mts - Pontal 3,84 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 8 tripulantes

Este navio inglês, de 149 toneladas, vindo da Terra Nova, no dia 30 de Janeiro findo, com bacalhau para os srs. Martins de Sousa & Cª., largando também o ancoradouro em que estava, no Terreiro da Alfândega, desceu até à Porta Nobre, onde os ferros se pegaram no fundo, quase a meio do rio. A tripulação içou sinais pedindo correntes e ferros. Como não houvesse meio de os levar a bordo, pela Alfândega foi requisitado o auxílio dos bombeiros voluntários de Leça e Matosinhos, que se apresentaram com a máxima celeridade, depois das 10 horas da manhã, com o seu carro porta-amarras, salva-vidas e foguetões.
Foram lançados dois destes sem resultado; mas o terceiro pôde deixar entre os mastros do navio um chicote, por meio do qual foi estabelecido o serviço de salvamento dos tripulantes, que eram em número de oito. Neste trabalhão, seguido com ansiedade por milhares de pessoas que se comprimiam de encontro às grades da rua da Nova Alfândega e se aglomeravam nas janelas dos prédios daquela rua e no cais da Alfândega, foram os bombeiros voluntários de Leça auxiliados pelos voluntários desta cidade e alguns populares.
Como é natural, houve tristes peripécias, que por vezes fizeram estremecer de pavor os espectadores desta cena, como sucedeu quando rebentou o cabo por onde corria o saco salva-vidas, que, felizmente, tinha deixado já a pé e enxuto o marinheiro que conduzia. Por duas vezes também, os náufragos, na sua viagem aérea, pousaram na água, em razão do afrouxamento dos cabos pelas guinadas do patacho. Completamente encharcados, foram, como os seus outros companheiros de desventura, socorridos depois pelos consignatários do navio, srs. J.T. Costa Basto & Cª.
O capitão do “Bella Rosa”, sr. Coward, enquanto os marinheiros foram salvos pelo cabo de vai-vem, conservou-se ao leme, para atenuar o efeito da violência da corrente. Quando mais ninguém restava a bordo, veio por seu turno para terra.
Aos bombeiros voluntários de Leça foram dirigidos calorosos elogios pelos seus humanitários serviços, principalmente ao seu comandante efectivo, sr. José Luiz de Araújo, ao comandante honorário sr. José Adrião da Rocha e adjunto de comando, sr. Alfredo de Vasconcelos.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Leixões na rota do turismo! (4/2018)


Navios de passageiros em porto na 2ª quinzena de Maio

Neste período o porto de Leixões recebeu a visita de mais 10 navios de cruzeiros, totalizando vinte escalas durante o mês. Creio que, se a memoria não me atraiçoa, não haver novo recorde, mas estará seguramente muito próximo dos melhores números verificados em anos anteriores.
Quase todos os navios são conhecidos de outras escalas, exceptuando o "Norwegian Jade", da Norwegian Cruises, que possivelmente poderá regressar de novo ao porto, bem como o abrir caminho para outros navios desta conhecida empresa.
Uma outra excepção está relacionada com a primeira visita do navio "Star Breeze", da Star Cruises. É já o terceiro navio desta companhia que vem a Leixões, todos eles idênticos, casos do "Star Legend" e do "Star Pride", que já esteve de regresso na primeira quinzena de Junho.
Convirá igualmente lembrar que aos navios de passageiros da Tui Cruises, que tem realizado escalas em porto com agradável regularidade, foram-lhes alterados os nomes, desaparecendo o prefixo Tui entretanto substituído por Marella.

Navio de passageiros "Silver Muse"
No dia 13, chegou procedente da Corunha, saiu com destino a Lisboa

Navio de passageiros "Black Watch"
No dia 15, veio procedente de Lisboa, saiu com destino a Liverpool

Navio de passageiros "Boudicca"
No dia 18, chegou procedente de Almeria, saiu com destino a Dover

Navio de passageiros "Norwegian Jade"
No dia 22, chegou procedente da Corunha, saiu com destino a Vigo

Navio de passageiros "Island Sky"
Também no dia 22, veio procedente da Corunha, saiu para Lisboa

Navio de passageiros "Star Breeze"
Também no dia 22, chegou procedente de Lisboa, saiu para Bilbao

Navio de passageiros "Marella Spirit"
Ainda no dia 22, chegou procedente de Vigo, saiu com destino a Lisboa

Navio de passageiros "Silver Spirit"
No dia 23, chegou procedente de Lisboa, saiu com destino à Corunha

Navio de passageiros "Seven Seas Explorer"
Também no dia 23, veio procedente de Lisboa, saiu para a  Corunha

Navio de passageiros "Sea Cloud II"
No dia 24, chegou procedente de Lisboa, saiu com destino a Vigo

terça-feira, 19 de junho de 2018

História trágico-marítima (CCLVI)


Sinistros de embarcações de pesca a norte e a sul


Na defesa do inegável direito de especular sobre os sinistros que vem acontecendo com embarcações de pesca, lembro uma frase que escrevi num outro texto, em relato de características semelhantes: “a pesca do robalo tem andado a matar mais gente, do que peixe”. Há certamente também casos de verdadeiro infortúnio, em resultado de extremo cansaço, que o sono profundo não perdoa. A avaria da máquina, as pás do hélice deformadas por colidirem com objectos submersos, etc.
Quando se trata da pesca do robalo, por norma realizada muito próximo da costa, em zona de rebentação, explica-se com razoável certeza o motivo por que aparecem cordas ou cabos na hélice.

Na esperança de que os recentes sinistros com embarcações de pesca, não tenham sido provocados por qualquer tipo de negligência, porque a vida de quem está a bordo - ao contrário do peixe -, não tem preço, lembro os encalhes dos barcos “Viviana Coentrão”, em Matosinhos, e do “Luzé”, ao largo da Carrapateira, no Algarve.


O “Viviana Coentrão” ex “Zé Coentrão”, encalhado na praia de Matosinhos, no dia 7 de Junho, é um barco com casco de alumínio, tendo sido construído no estaleiro de Samuel & Filho, em Vila do Conde. Estava matriculado na Capitania de Vila do Conde, tem 9 metros de comprimento e 3,45 metros de boca. Na ocasião do sinistro estava a ser operado por três tripulantes, que saíram ilesos, tal como a embarcação, do inusitado contratempo que durou algumas horas.

Foto de Pedro Noel da Luz - jornal Correio da Manhã

Quanto à embarcação “Luzé” do mestre José Lourenço, repetente nestas horas de azar, tendo passado por um sinistro idêntico a bordo do barco “André Filipe”, estava a cerca de 4 quilómetros ao largo da Carrapateira, no dia 13 de Junho, quando foi constatada a avaria na hélice, ficando a embarcação à deriva, até vir a encalhar junto à Torre de Aspa, em Vila do Bispo.
Depois de cerca de uma hora na balsa salva-vidas, os 7 tripulantes do barco, 5 pescadores da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde, mais um ucraniano e um marroquino, foram resgatados pelo barco de pesca “Lagoal”, que os desembarcou na Baleeira, em Sagres. O “Luzé” encontrava-se matriculado na Capitania do porto da Póvoa de Varzim, tinha 21 metros de comprimento e encontrava-se a operar na pesca costeira desde 2015.

sábado, 16 de junho de 2018

Divulgação!


Conferência do Seminário do Mar
Junho - Julho 2018


quinta-feira, 14 de junho de 2018

História trágico-marítima (CCLV)


O encalhe – naufrágio do navio “Amethyst”, na Foz do Douro
3ª Parte

Já começou a bombagem do gasóleo
Enquanto procedem à bombagem do gasóleo, decorre uma outra actividade, em terra: o ensaque, feito por particulares, do milho que enchia os porões do “Amethyst”
O “Amethyst” continua entregue à sua sorte
Começa hoje o inquérito às causas do naufrágio
Apesar de todos os receios anteriores, as condições de mar permitiram que fosse trasfegado parte do gasóleo existente no cargueiro “Amethyst”, encalhado desde a manhã da passada sexta-feira, nos rochedos da praia do Molhe.
Efectivamente, ao fim da tarde de ontem foi dado início à bombagem do gasóleo existente nos tanques subjacentes à ponte de comando. Para a operação de trasfega muito contribuiu a acção dos bombeiros das três corporações que se encontram de serviço no local, orientados pelo chefe Licínio e pelo ajudante Geraldo Amorim – Portuenses, Voluntários de Leixões e Matosinhos-Leça.
Na montagem do sistema a bordo foi indispensável o trabalho do engenheiro naval sr. Kearon que, desde manhã até ao fim da tarde, esteve empenhado na operação juntamente com quatro bombeiros que também foram para bordo.
Entretanto, devem chegar esta madrugada 48 bidões de dispersante para ser aplicado não só sobre o fuel mas até mesmo num tanque do qual não é possível extrair o combustível.

Chega hoje o solicitador
Praticamente, o caso “Amethyst” encontra-se já entregue à companhia de seguros, cuja representação no Porto pertence à firma Kendall, Pinto Basto, que todos os dias tem estado representada na praia do Molhe pelo gerente e outros funcionários.
Entretanto, deve chegar, hoje, ao Porto, vindo de Londres, o solicitador que juridicamente ultimará as negociações.
O «Protesto de mar» foi já elaborado no Consulado da Grécia e as autoridades marítimas deverão, hoje mesmo, iniciar o inquérito sobre as causas do naufrágio. Serão inquiridos o comandante do navio, o imediato, o chefe de máquinas e o marinheiro que estava de «quarto».

Partida de alguns marinheiros
Alguns dos tripulantes que já não tem qualquer intervenção no caso deverão ser repatriados hoje, para os seus países, fazendo primeiramente escala pela Grécia. Os filipinos e o chileno devem ser os primeiros a abandonar o Porto.
Ainda não foram retirados do navio os mantimentos, que o comandante ofereceu ao Albergue Distrital do Porto. Com a operação de trasfega não houve tempo para tal tarefa, que deverá ser levada a cabo hoje de manhã.

Poucos mirones e muito milho
Alguns dos muitos indivíduos que não tem nada que fazer e para quem um navio encalhado constitui motivo mais que suficiente para longas horas de contemplação, estiveram ontem, de tarde e de manhã, estáticos, mirando e remirando o jovem-morto “Amethyst”. Alguns mirones houve que não se ralavam em perder ali a tarde inteira.
Não tenho nada que fazer - dirão muitos. E pronto, a monótona contemplação é preferível a muitas outras (também monótonas) formas de gastar o tempo. E lá vão. E não são só reformados! Afinal, há sempre um encalhe para derivar as coisas e desmonotonizar os tónicos!
Numa perspectiva sociológica essa romaria – maior ou menor consoante os afazeres das pessoas – faz-nos pensar em muita coisa. É um interesse que não se fica pela simples curiosidade.
Entretanto, longe do estatismo contemplativo dos mirones, muitas pessoas continuavam, ontem, a colher o milho espalhado na areia. Esses não perderam o seu tempo, já que conseguiram ensacar muitos quilos do cereal.
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 5 de Fevereiro de 1974)

Imagem do navio parcialmente desfeito pelo mar
Minha colecção

Características do navio “Amethyst”
Armador: Pentelikon Shipping Co., Piréu, Grécia
Construtor: Ishikawajima Heavy Industries, Aioi, Japão, 1972
Arqueação: Tab 10.006 tons
Dimensões: Pp 142,30 mts - Boca 19,80 mts - Pontal 9,10 mts
Propulsão: Do construtor - 1:Di - 14 m/h
Equipagem: 22 tripulantes e 2 passageiros

“Amethyst” – Enquanto as fendas se alargam
Foram extraídos mais de 70 mil litros de combustível
Concluído o inquérito (confidencial)
Continuando a ser açoitado pelas vagas fortes e rígidas, o “Amethyst” ficará de um momento para o outro em duas ou três partes. As fendas existentes a bombordo encontram-se cada vez mais abertas e a preocupação dominante continua a ser o perigo da poluição, Isto, apesar de já terem sido trasfegadas mais de setenta toneladas de diesel marítimo que em auto-tanques foi levado para a Sacor. Nesta operação empenharam-se activamente os bombeiros das quatro corporações que têm estado a trabalhar no local – Portuenses, Matosinhos-Leça, Leixões e Aguda – e, de ante-ontem para ontem não se coibiram de laborar até às duas horas da madrugada para aproveitar ao máximo a melhoria das condições do tempo.
Na verdade, segundo o comentário do chefe Licínio, dos Portuenses, a operação de trasfega decorreu em bom andamento, contribuindo em muito a actividade dos bombeiros e do estado do mar.
Os quatro soldados da paz que andaram a bordo chegaram mesmo a ter de ficar, de madrugada, no navio, para logo de manhã recomeçarem a tarefa da bombagem.
Acabada a trasfega do combustível existente nos tanques subjacentes à ponte de comando, exactamente na ré, que constitui a parte mais critica do defunto cargueiro, foram aplicadas algumas toneladas de produtos dispersantes, para evitar o efeito poluidor dos resíduos.

Bidões de dispersante
Chegaram, efectivamente, ontem de manhã, as dezenas de bidões de dispersante vindo de Portimão, por determinação do departamento contra a poluição do Ministério da Marinha. Foi parte desse mesmo dispersante que ontem foi aplicado nos tanques de diesel-marítimo.
Havia outro tanque do qual em princípio pensaram poder também extrair o gasóleo, mas revelou-se completamente impossível dado o estado de alagamento em que o navio se encontra.
É natural, portanto, que grande porção de combustível se tenha espalhado já pelo mar, atendendo até que com as fissuras existentes no fundo do cargueiro, os tanques mais fundos se tenham rompido.
Já ao princípio da noite de ontem e com o agravamento do tempo e maior ondulação do mar, os bombeiros que se encontravam a bordo foram obrigados a regressar a terra. Antes disso, porém, foram colocadas as mangueiras nos tanques de fuel da ré, para onde foram bombadas algumas toneladas de dispersante.
Entretanto, estiveram a bordo dois inspectores, srs. Wheatley e Curtis, representantes da companhia de seguros e da Salvage Association Inc., respectivamente, a fim de recolherem elementos para a elaboração do relatório.

Inquérito já elaborado - Resultado confidencial
Ao fim da tarde de ontem, foram, entretanto, ouvidos pelo comandante do Departamento Marítimo do Norte, o capitão do “Amethyst”, o imediato, o chefe de máquinas, e o 2º oficial de máquinas, servindo de intérpretes o sr. Shilas, superintendente da companhia armadora, e engº. Bustorff Silva, da firma Kendall, Pinto Basto & Cª., Lda. Os resultados são ainda confidenciais pelo que, oficialmente, nada se sabe ainda sobre as origens do encalhe.
Não só porque os bombeiros em acção na praia do Molhe tiveram de correr para um incêndio que deflagrou em Matosinhos, mas, até, porque o tempo piorou para o fim da tarde, não foi possível trazer para terra os mantimentos existentes no navio e oferecidos pelo comandante ao Albergue Distrital do Porto. Se o mar deixar, havendo condições de segurança, os bombeiros poderão voltar ao navio, para que esse transporte seja feito hoje.
No entanto, ao princípio da noite de ontem, previam os técnicos que, dentro de algumas horas, o “Amethyst” estaria já quebrado. Só a fúria do mar, o impacto das vagas é que ditaria, no entanto, o prolongamento maior ou menor da expectativa.

Repatriamento da tripulação
Os três tripulantes filipinos abandonaram já o Porto com destino ao seu país. Hoje de manhã parte para Londres o radio-telegrafista e pela tarde, catorze dos restantes tripulantes serão repatriados para Atenas.
(Jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 6 de Fevereiro de 1974)

Era uma vez um cargueiro grego
“Amethyst”: A sucata é o destino mais certo
A partir da madrugada de ontem, deixou de existir na praia do Molhe o “Amethyst”, na sua unidade. Quebrou-se em duas partes, sensivelmente a meio, na região do quinto porão, exactamente pelo rombo que desde as primeiras horas ditou a morte do cargueiro.
Com efeito, cerca das 2 horas e meia da madrugada, o rombo foi abrindo mais de estibordo para bombordo, até que, passados alguns momentos, a parte dianteira do cargueiro encontrava-se já bem distante da restante, que se encontra fortemente cravada nas rochas e arqueada na zona da ponte de comando.
Com a quebra, o “Amethyst”, que estava com sensível inclinação sobre bombordo acabou por ficar na horizontal, com a proa já assente sobre rochedos. Entretanto, a vaga forte, vinda de noroeste, continuou dia adiante, a acicatar o navio, arrastando aos poucos a parte da proa desagregada, elevando para mais de seis metros a distância entre ambas as partes. Se a vaga continuar na mesma direcção e com a mesma fúria, a parte da frente do navio aproximar-se-á cada vez mais do molhe e da praia.
Durante o dia de ontem prosseguiram os trabalhos de tratamento do fuel que se encontra na região do primeiro porão dado que não foi, de modo nenhum, permitida, pelo tempo, a operação de trasfega desse carburante. Até às 14 horas e aproveitando a baixa-mar quatro bombeiros estiveram a bordo orientando a operação de tratamento.
Chegaram, também, a ser tratados com dispersante, três tanques de fuel da ré, tornando-se assim bastante menor o perigo de poluição.
Quanto aos mantimentos que constava existirem a bordo (no frigorífico, sobretudo) nada foi possível recuperar dado o estado de alagamento do navio. A água havia tomado conta de tudo e então era queijo, batatas e hortaliças que boiavam na água salgada.
Quanto à tripulação, ao fim da tarde de ontem partiram para Lisboa, com destino a Atenas, os restantes tripulantes, ficando no Porto apenas o comandante do navio.
Entretanto, estão prestes a seguir para Londres os inspectores da companhia de seguros e do armador com o relatório acerca do sinistro, a fim de ser decidido o destino a dar ao “Amethyst”, já que são inúmeros os sucateiros, não só de Lisboa e do Porto, interessados no que resta do navio.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 7 de Fevereiro de 1974)

terça-feira, 12 de junho de 2018

História trágico-marítima (CCLV)


O encalhe – naufrágio do navio “Amethyst”, na Foz do Douro
2ª Parte

“Amethyst” – Espectáculo à beira mar
Completamente inundado, o “Amethyst”, que escalaria Leixões pela primeira vez, está condenado a ser mais um dos cargueiros que passará a desintegrar-se na costa portuguesa, ao mesmo tempo que constituirá um prolongado espectáculo para os milhares de «mirones», que farão da Foz um lugar mais «turístico» e certamente grande foco do negócio-feirante. Já na tarde de ontem, nas imediações da praia do Molhe, o negócio começou com as castanhas.

Um navio ferido de morte?
Tratando-se de fim-de-semana a gente acorreu em quantidade e não fôra a mudança de tempo os esboços de engarrafamento na larga Avenida Brasil ter-se-iam tornado um verdadeira pandemónio. A chuva e o vento forte que começou a soprar pelas 16 horas foram de facto o grande «espantalho» dos mirones, que apenas pelas janelas dos automóveis davam as olhadelas distantes para o mar. Para o navio encravado nas rochas. Perdido, apesar da pouca «longevidade».
Efectivamente, embora haja já algumas companhias interessadas em salvar o navio, parece ser completamente impossível que o “Amethyst” volte a adquirir a flutuabilidade. O enorme rombo existente na região do 5º porão e o estado do fundo do navio, que se encontra aluído, levam, com efeito, a todo o pessimismo. Praticamente só o desmantelamento se tornará possível.
Entretanto, para averiguar melhor as possibilidades exactas do cargueiro grego ser salvo, chegam hoje, ao Porto, alguns peritos espanhóis e holandeses.

Foto do encalhe do navio "Amethyst"
Minha colecção

O comandante voltou ao navio
Dado que as condições do mar melhoraram no dia de ontem, as autoridades marítimas autorizaram a ida a bordo do comandante, do imediato e de três inspectores que ontem chegaram ao Porto.
Com efeito, às 12,30 horas, o cabo de vai-vem recomeçou a funcionar e a primeira pessoa a retornar ao navio foi o comandante, logo seguido do imediato, e dos três inspectores, Mr. Tarben Starge, representante do fretador, Mr. M. Senkan, da Salvage Association Inc., e um representante da companhia armadora. Durante largas horas estiveram a inspeccionar a situação do navio e as possibilidades de trasfega do combustível que constitui, de momento, a principal preocupação.
Mais tarde, já depois das 15,30 horas, o chefe de máquina foi também para o navio, seguindo-se depois dois bombeiros e outro tripulante.
Entretanto, voltaram a terra os inspectores, enquanto o comandante e restantes tripulantes, ainda, se mantinham a bordo para que numa «aberta» do tempo, os tripulantes pudessem voltar sobraçando alguns embrulhos de roupa, pois toda a tripulação encontra-se com a indumentária de trabalho. O comandante voltou a ser o último tripulante a abandonar o navio, regressando ao hotel.

Montagem para a trasfega
Durante toda a noite esteve ligado um projector (dos bombeiros Portuenses) sobre o cargueiro, por ordem das autoridades marítimas e do representante do armador.
Quanto à operação de trasfega foram logo pela manhã de ontem colocados na praia os tubos necessários para a extracção, tendo inclusivamente sido montado o cabo de vai-vem necessário para deslocar a tubagem.
Para tal operação foi já pedida a colaboração dos bombeiros da Aguda que, ainda ontem à tarde estiveram no local.
Devido ao agravamento atmosférico, pois, do sol resplandecente da manhã se passou à nevoenta invernia, pela tarde, não foi possível, ontem mesmo, estabelecer toda a montagem do sistema de trasfega. As condições do mar, de forte ondulação, não permitiram também a execução dos trabalhos e, hoje pela manhã, com o começo da baixa-mar, os bombeiros procurarão estabelecer toda a montagem levando para bordo bombas e o gerador. É claro que as condições de mar e tempo são determinantes para possibilitar a montagem.

Milho espalhado pela praia
As areias da praia do Molhe encontram-se coalhadas de milho que com a braveza do mar foi atirado para fora do 5º porão, que juntamente com o 6º porão vinha carregado com 1.200 toneladas daquele cereal. A água penetrando no grande rombo ali existente encarregou-se de amarelar mais a praia.
A restante tonelagem do cereal encontra-se no 4º porão (600 toneladas), no 2º e 3º (que se comunicam entre si tal como o 5º e o 6º) com 1.200 toneladas também. Dado que o fundo do navio aluiu todos os porões estão alagados.

As autoridades marítimas procedem a um inquérito
Porque houve perigo de vidas na operação de salvamento da tripulação do navio, as autoridades marítimas estão a proceder a um inquérito. Para além disso tem sido feitas diligências, no sentido de serem tomadas providências suficientes para evitar a poluição.
Caso não seja possível trasfegar o combustível existente a bordo, e na hipótese de derrame, será feito um ataque com produtos dispersantes.
A fim de dar colaboração à campanha anti-poluição, esteve na praia do Molhe um engenheiro da Direcção da Marinha Mercante.

Reunião para debate da situação
Ao fim da tarde de ontem, reuniram-se, num hotel da cidade, com o representante das autoridades marítimas, os vários representantes do armador, das companhias seguradoras e dos agentes, acompanhados do comandante do navio, a fim de discutirem as medidas a tomar quanto ao destino do “Amethyst”. Foi, também, ventilado o problema da trasfega das toneladas de gasóleo e nafta existentes no navio para tentar ser evitada a poluição das águas.
A título de curiosidade, refira-se que era a primeira vez que o “Amethyst” escalaria o porto de Leixões se não tivesse naufragado.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 3 de Fevereiro de 1979)

Sem apelo nem agravo o fim do “Amethyst”
- Partir ou não partir é com o mar -
Afinal, parece que se goraram todas as hipóteses de extracção do combustível existente no “Amethyst”, encalhado desde sexta-feira junto à praia do Molhe, na Foz, onde ontem constituiu um verdadeiro atractivo para milhares de portuenses, para quem a ocupação de tempos livres, dos fins-de-semana se não é problema, insere-se pelo contrário - o que é mais grave - numa ausência de preocupação, num não saber que fazer ou, então, num rodar continuo, semanal, do mesmo dispêndio de tempo. Da mesma aplicação do tempo-livre. Nesta perspectiva, temos assim que facilmente do futebol se volta para o «adorno» da Foz, dando uma passeata pela zona-chique da pacata cidade. Já que embora por campos diferentes, os fins são os mesmos…
Assim acontecendo, não faltam, portanto, os feirantes das «romarias», que logo miram as imediações do naufrágio com golpes de mestre em negócios. E a morte de um navio, a desolação de um comandante para quem certamente a carreira pode ter findado, tornou-se assim, motivo de atracção e de negócio num lugar e momento onde o espectáculo “Amethyst” é acontecimento necessário à continuidade duma certa e bem caracterizada «monotonia».
Assim, e durante todo o dia de ontem e, dum modo muito especial, na tarde, a zona da Foz tornou-se num imenso formigueiro humano e automobilístico. Milhares de pessoas e muitas centenas de veículos marcavam passos contemplativos na vasta avenida e esplanada. E os pequenos balanços da popa do “Amethyst” eram motivo de espanto.

Às duas por três o navio fica partido
Face aos rombos que o navio tem, apenas o estado do mar poderá determinar alguma alteração de relevo com respeito ao “Amethyst”.
A opinião corrente de muitas pessoas que desde as primeiras horas têm estado em permanente operação de socorro, é de que, em breve, o cargueiro partir-se-á. Isto é, sem qualquer hipótese de navegabilidade como foi previamente afirmado, resta apenas a fúria demolidora do mar alterar o espectáculo. A opinião corrente é de que se o mar piorar em breve ficará o “Amethyst” partido em duas ou três partes.
De facto, quem, ontem contemplou o navio, tem visto a água a sair por várias fendas existentes a bombordo.
Dada a elevada inclinação que o navio apresenta sobre bombordo, é de recear que alguma das partes quebradas venha a tombar. Aliás, ontem mesmo, chegaram a suspeitar que, com a preia-mar, partisse.

Dois técnicos foram a bordo e confirmaram a morte do cargueiro
Vindos de Espanha, dois peritos duma firma de salvadegos – Júlio Iglésias e Tom Juyn – foram, ontem à tarde inspeccionar o navio, demorando-se nele algumas horas. E a conclusão final a que chegaram é de que não há qualquer hipótese de fazer o cargueiro flutuar. Se fosse desencravado das rochas, afundar-se-ia imediatamente por causa dos vários rombos que tem.
Entretanto, logo de manhã, o comandante havia voltado ao navio juntamente com os inspectores sr. Kearon, engenheiro naval, chegado da Grécia anteontem, e o sr. Shilas, superintendente da companhia armadora. Dadas as tão más condições de segurança em que estes inspectores encontraram o navio, algum tempo depois efectuavam o regresso a terra.
Serão estes dois superintendentes da companhia armadora que tratarão de todos os pormenores respeitantes ao que resta do “Amethyst” e que naturalmente manobrarão todas as negociações. Decidirão, também, sobre o regresso da tripulação para a Grécia.

Dispersante sobre o fuel
Em virtude de não ter sido possível bombar para terra o fuel do navio, já que com o frio solidificou, foi aplicado dispersante sobre o tanque do porão nº 1, para evitar que no caso de vir a espalhar-se pelas águas não vir a constituir perigo para as praias.
Ligada a tubagem de terra para o navio, os bombeiros – orientados pelo chefe Licínio, dos Portuenses, e ajudante Geraldo Amorim dos Voluntários de Leixões – procederam ao fim da tarde de ontem, à bombagem do dispersante para o cargueiro. Foram aplicados apenas quatro bidões cedidos pela A.P.D.L. Entretanto, esperam que, hoje, cheguem de Portimão camiões carregados com mais dispersante.
Registe-se que o fuel é que oferece maior perigo para a população.

Hoje fazem a tentativa de trasfega do gasóleo
Os bombeiros tentarão hoje trasfegar o gasóleo existente por baixo da ponte de comando do cargueiro. Toda esta operação depende, como é evidente, das condições do mar.
No caso de ser totalmente impossível extravasar este combustível para terra, haverá aplicação dos produtos dispersantes. Felizmente ainda não foram verificadas quaisquer roturas nos tanques de combustível, para além da verificada sob o porão nº 1, cujo fuel se encontra solidificado, evitando assim qualquer perigo.

Trazida para terra a bagagem dos tripulantes
Já no fim da tarde de ontem e com a baixa-mar seis bombeiros e três tripulantes foram para bordo buscar as bagagens da tripulação.
Sobre as rochas, junto ao cargueiro e por intermédio de um cabo ligado ao navio foram trazidas para terra muitas malas com os artigos pessoais da tripulação do navio. Para esta operação também contou com a ajuda de populares que carregaram, prontamente com os tripulantes as bagagens.

O comandante do navio agradece todo o auxílio
- Nunca vi gente com tanto carinho e dedicação – exclamou, ontem, o comandante do “Amethyst”, Demokritus Kronydas, ao agradecer a todos – populares e bombeiros – o empenho posto na operação de salvamento de toda a tripulação do seu navio.

O casco do cargueiro terá de ser retirado
As autoridades marítimas estão a envidar todos os esforços para que o caso “Amethyst” não venha a ser transformado noutro “Maura”. Desmantelado, ou de outra forma, o cargueiro tem de ser retirado do local onde encalhou. As autoridades marítimas não deixarão que ali se mantenha, destroçando-se, apodrecendo com o tempo.
(Jornal “Comércio do Porto”, segunda-feira, 4 de Fevereiro de 1979)

terça-feira, 5 de junho de 2018

História trágico-marítima! (CCLV)


O encalhe – naufrágio do navio “Amethyst”, na Foz do Douro
1ª Parte

Cargueiro grego amarrado às rochas
Após cerca de quatro horas de angústia e intenso dramatismo, conseguiram ser salvas as 24 pessoas que se encontravam no cargueiro grego “Amethyst”, que ao fim da invernosa madrugada de ontem encalhou nas rochas da praia do Molhe, na Foz do Douro.

Casario e ponte do navio "Amethyst"
Minha colecção

“Amethyst”: ao sabor das ondas com três mil toneladas de milho
Horas dramáticas antecederam o salvamento de toda a tripulação
Essa ansiedade dramática, qual expectativa trágica presente em toda a tripulação do navio e nas centenas de pessoas que, apesar das acicatadas bátegas, contemplavam o cargueiro, foi, sem duvida, a nota mais dominante, mais aflitivamente sentida.
Pensou-se, na verdade, que para além do navio, se perderiam as duas dúzias de vidas, ali palpitantes, tal era a fúria e braveza do mar. Fortemente encapelado com alterosíssimas ondas a varrerem agrestemente a costa e a provocarem grandes balanços no navio, de tal ordem que, com a proa assente sobre o rochedo chegou a rodar cerca de 100 graus para Sueste.
Como é natural o trágico acontecimento suscitou a atenção de milhares de curiosos que, durante todo o dia de ontem não deixavam de contemplar demoradamente os acicates do navio. E em muitos deles não deixou, até, de vir à lembrança o caso de outros navios naufragados ainda há pouco tempo. Casos do “Varna” e do “Silver Valley” e, ainda, recentemente, em Francelos, do “Maura”.

O primeiro alarme
O “Amethyst” era um dos muitos cargueiros que se encontravam ao largo de Leixões, na longa e penosa espera de lugar. Chegara na quinta-feira às 0,30 horas, tendo saído do Tejo no dia anterior.
Eram cerca das 6,30 horas de ontem, quando o barqueiro-fragateiro sr. João Jesus Oliveira seguia frente à praia do Molhe, juntamente com quatro colegas, e se aperceberam da proximidade da costa em que se encontrava o cargueiro grego.
Suspeitando de encalhe logo estabeleceu comunicação com o «115». O comissário de serviço mandou sair imediatamente um carro-patrulha e uma ambulância, sendo a informação prontamente comunicada às corporações de bombeiros.
Entretanto, e bem próximo das 7 horas, ter-se-à consumado o encalhe. O barqueiro disse que chegou mesmo a ouvir um estrondo, assistindo pouco depois a uma rotação do navio da ordem dos 100 graus.
Passava já das 8 horas, quando começaram a chegar os Bombeiros Portuenses, de Matosinhos-Leça e de Leixões, e o Batalhão de Sapadores, estes com os seus homens-rã. E logo a falta de organização, a falta de um orientador de trabalhos tornou-se evidente. É que a boa vontade não basta. E a confusão ficou uma vez mais patente.
Depois de demoradas tentativas para estabelecer a ligação terra-navio, os foguetões de lançamento não eram bem-sucedidos, finalmente, às 9 horas, um cabo havia ficado firme. Estava assim estabelecida a ligação com o navio e com ela esmorecia a angústia que atrozmente crepitava nos tripulantes, tal a investida constante das ondas.
O cabo era sinal de salvação. De facto, após o devido apetrechamento, finda a colocação de todo o material necessário à operação de salvamento, deram início ao transporte dos tripulantes que já haviam deixado o castelo da proa, aguardando sobre um dos porões da popa.

Finalmente a operação de salvamento
Cerca das 10,45 horas foi dado início, efectivamente, à operação de salvamento, altura em que na praia era vasta a multidão que se acotovelava com ansiedade e notória expectativa. Registe-se o valioso auxílio de muitos dos populares que tiveram também uma missão a desempenhar. Foram prestimosa ajuda nos trabalhos de salvamento, se bem que o amontoamento tivesse originado a intervenção da Polícia de Segurança com algumas cacetadas.
Primeiramente seguiu para o navio o homem-rã do Batalhão de Sapadores, Joaquim Campos da Silva, que de bordo passou a coordenar o desenrolar das operações de salvamento.
Foi o 3º maquinista quem primeiro veio para terra, acompanhado de uma menina de 4 anos, Royla Sigala, filha do 1º maquinista Panagiotis Sigala, ante os olhares expectantes dos presentes que ansiosamente aguardavam a chegada de toda a tripulação.
No olhar da criança o concomitante com a estranheza do que se lhe deparava, havia uma singular indiferença. A ingenuidade pueril. Logo conduzida a uma ambulância foram transportados para um hotel das imediações, onde ficaria hospedada toda a tripulação.
A seguir foi a vez da mãe de Royla, srª Efy Sigala, que na bóia-calção foi puxada para a praia. Olhar carregado, profundo e estupefacto, mal tocou a areia interrogou-se sobre a filha e lá foi, também, transportada para o hotel.
Depois, de cinco em cinco minutos, foram sendo salvos os restantes elementos da tripulação, trazidos pela bóia-calção presa a uma roldana que deslizava sobre o cabo de ligação mar-terra. Aqui, exactamente, na operação de salvamento, na força necessária ao deslizar da bóia, é que foi preciosa a ajuda dos populares, que com os bombeiros puxavam pelas guias.

Helicóptero – Para quê?
Entretanto, quando ainda se encontravam a bordo quatro tripulantes, chegou um helicóptero pedido pelas autoridades marítimas, ao Serviço de Busca e Salvamento do Ministério da Marinha. Eram 11,50 horas, quando helicóptero pilotado pelo 2º sargento António Galinha Dias, secundado pelo 2º cabo Jacob Maia, tocava o solo da praia.
Embora viessem preparados com todo o material necessário ao salvamento da tripulação é evidente que a sua acção era já dispensada. Saíra da Base de Tancos às 10,40 horas, quando afinal, já decorria o transporte dos tripulantes em direcção a terra.
Convenhamos, entretanto, que mesmo atrasada a presença da gigantesca «abelha», não deixou de ser grande motivo de espanto para a multidão presente. Só que de espanto… e se as condições do mar tivessem piorado, perigando mais intensamente a vida dos tripulantes, seria tragicamente comprometedor o atraso verificado.

Foto do "Amethyst" no local do encalhe
Minha colecção

O último tripulante a abandonar o navio
O último tripulante a abandonar o navio foi o comandante, Demokritus Kronydas, que sob o olhar da multidão manifestava perfeitamente o seu desespero, no rosto manchado e salpicado de água.
Rodeado pelas autoridades e representantes das firmas consignatárias, quis esperar pelo homem-rã que ainda se encontrava no navio, mas depois cedeu e foi encaminhado também para o hotel onde pouco depois falou telefonicamente com o representante do armador. Pouco passava das 13 horas. Por fim, regressou a terra o homem-rã que foi, afinal, o orientador da operação. A partir daqui a maioria das pessoas dissipou-se, não deixando no entanto de ser volumoso e constante o número de curiosos.

«Dentro de 24 horas o navio fica partido»
Em conversa estabelecida com o sr. Eduardo Augusto, representante da Navex, que bastante se empenhou no desenrolar dos trabalhos de salvamento, deu conta de alguns pormenores sobre as últimas comunicações estabelecidas com o navio.
- «Entre as 6,30 e as 7 horas, o comandante pediu socorro através do rádio V.H.F., mas depois ficou logo sem comunicação por falta de energia. Utilizaram só a sirene e depois a comunicação foi estabelecida por morse luminoso. Às 7 horas foi quando fui avisado e logo que cheguei fiz todos os possíveis para comunicar com o navio, por intermédio do megafone, mas não obtive qualquer resposta.».
Mais adiantou:
- «O rebocador “Monte S. Brás” ainda saiu em direcção ao navio, mas revelou-se impossível tentar a aproximação devido à vaga estar a partir a milha e meia da costa.»
Quanto às hipóteses de salvamento do navio deverão são nulas, porque tendo em conta estar muito cravado nas rochas, tem um rombo por estibordo e, até, as próprias escotilhas dos quatro porões estarem destruídas. Disseram, inclusivamente, que «dentro de 24 horas o navio fica partido».
Quanto à carga, 3.000 toneladas de milho (das 10 que o “Amethyst” trouxe de Nova Orleães), pode adiantar-se que as hipóteses de recuperação são, também, bastante negativas. No entanto, tal como acontece com o combustível existente no navio, as condições do mar têm grande influência no andamento das tentativas de recuperação.

A deficiência dos serviços de socorro
Mais um encalhe na Foz, Na costa portuguesa. E com ele avultam, de novo, as insuficiências e deficiência de um serviço devidamente apetrechado e desburocratizado a tal ponto de se conseguir aplicar os melhores meios para a imediata intervenção em acidentes desta gravidade.
Para além da falta de interacção tão necessária entre os elementos das várias corporações de bombeiros, o que mais saliente se tornou foi o grande atraso e consequente inutilidade (para além do dar nas vistas!...) do helicóptero pedido logo pela manhã, quando as autoridades marítimas ao tomarem conhecimento do sinistro logo atenderam à evidente gravidade da situação. As ondas chegaram a varrer intrepidamente as tampas dos porões, passando por cima da tripulação que, encoletada, aguardava o início da operação de salvamento. Terão sido, na verdade, horas de inusitada angústia e desespero, para toda a tripulação.
Por parte do trabalho dos bombeiros não poderá passar em claro o foguetão de lançamento atirado, de sudeste, por elementos dos bombeiros de Matosinhos-Leça e que, não fôra o facto de ter embatido contra o mastro, causaria, certamente, a morte de alguns tripulantes que nessa altura ainda se encontravam no castelo da proa.
Por outro lado, alguns dos homens-rã que colaboraram nos trabalhos, foram a certa altura arrastados por uma enorme vaga, criando-se um certo pânico entre os presentes – pânico esse que só desapareceu, quando outra vaga os atirou, de novo, à praia, com alguns ferimentos.
Um dos tripulantes chegou também a ser transportado ao hospital, por se ter ferido ligeiramente nas rochas, quando era transportado para terra. Depois de assistido foi para o hotel.

«Nasceu» no Japão há quatro anos
142 metros de comprimento
O “Amethyst”, de nacionalidade grega, foi construído em 1970, no Japão. Tem 10.006 toneladas de registo bruto e 142 metros de comprimento.
A empresa armadora do navio é a Pentelikan Shipping Co,, com sede no Panamá, sendo o representante, a Faraos Shipping Ltd., de Londres, para onde o comandante do “Amethyst” estabeleceu contacto telefónico a fim de receber instruções.
Registe-se, entretanto, que anteriormente, tinha sido recebido um telegrama de Londres para o comandante não abandonar o navio juntamente com alguns outros elementos da tripulação. É claro que o estado do mar e a inclinação do navio não permitia qualquer permanência a bordo.
A «Navex» é o agente do navio, sendo a Kendall, Pinto Basto, agente da companhia seguradora, funcionando ambas como representantes da companhia armadora.
A tripulação é composta por indivíduos de várias nacionalidades, embora a maioria seja grega. De facto, enquanto o capitão, o imediato, o 1º engenheiro e mais 14 marinheiros são da Grécia, o fogueiro é chileno, o radio-telegrafista inglês e outros três marinheiros são filipinos.
(Jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 2 de Fevereiro de 1974)

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Leixões na rota do turismo! (3/2018)


Navios em porto na primeira quinzena de Maio

Em função do número de navios e passageiros que estiveram de visita ao porto, pode considerar-se um óptimo período, muito embora todos os navios são já conhecidos de viagens anteriores. O "MSC Magnifica" repetiu o bem sucedido «turnaround», i.e. o desembarque e embarque de passageiros em simultâneo, aproveitando as excelentes condições oferecidas pelo terminal de Leixões. Deve ainda ser sublinhado o regresso do navio de passageiros "Tui Discovery", recentemente rebaptizado pelo armador com o nome "Marella Discovery".

No dia 1, o navio de passageiros "Viking Sun"
Chegou procedente de Málaga, saiu com destino a Lisboa

Também no dia 1, o navio de passageiros "Ocean Adventurer"
Veio procedente de Lisboa, continuando a viagem com destino a Vigo

No dia 2, o navio de passageiros "Le Boreal"
Chegou procedente de Lisboa, saiu com destino à Corunha

Ainda no dia 2, o navio de passageiros "Aidabella"
Chegou procedente de Cadiz, tendo saído com destino à Corunha

No dia 3, o navio de passageiros "MSC Magnifica"
Chegou procedente do Havre, saindo com destino a Lisboa

No dia 4, o navio de passageiros "Mein Schiff 4"
Chegou procedente de Lisboa, tendo saído com destino à Corunha

No dia 6, o navio de passageiros "Amadea"
Chegou procedente de Portimão, saiu com destino a St. Helier

No dia 9, o navio de passageiros "Marella Discovery"
Veio procedente de Málaga, tendo saído com destino a Vigo

No dia 10, o navio de passageiros "Serenissima"
Veio procedente da Figueira da Foz, saiu com destino a Villagarcia

Também no dia 10, o navio de passageiros "Seabourne Quest"
Chegado procedente de Lisboa, continuou a viagem com destino a Vigo