quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Males de ontem, males de sempre!


Ecos da guerra...

Aprisionamento de uma barca portuguesa
Em frente a Lagos, um cruzador inglês, que andava cruzando ao longo do litoral, aprisionou a barca portuguesa “Laura”, da casa Herold, por ter suspeitado que a mesma embarcação baldeava mantimentos para bordo dos navios alemães.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 10 de Junho de 1915)

Ainda o apresamento da barca “Laura”
Lisboa, 10 - O apresamento da barca “Laura” fez-se por denúncia feita ao governo inglês de que essa embarcação fornecia gasolina aos submarinos alemães, que conseguiram penetrar no Atlântico. A barca “Laura” fazia viagens entre Odemira, Silves e Lisboa. Foi conduzida para Gibraltar pelo cruzador que a apreendeu.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 11 de Junho de 1915)

Foto do crusador "Pelorus", citado no texto
Imagem da Photoship.Uk

Características da barca-motor “Laura”
Nº Oficial: 421-C - Iic: H.G.W.J. - Porto de registo: Lisboa
Armador: Jorge António Olhão Jerosch Herold, Lisboa
Construtor: (Não identificado), Kiel, Alemanha, 1914
Arqueação: Tab 197,74 tons - Tal 127,64 tons
Dimensões: Pp 33,00 mts - Boca 6,06 mts - Pontal 2,69 mts
Equipagem: 9 tripulantes

O apresamento da barca “Laura”
Sr. Redator:
Permita-me V.S.ª que, a propósito das notícias publicadas no seu acreditado jornal sobre o vapor “Laura”, que foi apresado pelo cruzador inglês “Pelorus”, no porto de Lagos, no dia 7 do corrente, eu venha dirigir-me na qualidade de proprietário do referido navio, expondo a verdade de todos os factos, que é a seguinte:
O “Laura” é minha propriedade, e está matriculado no porto de Lisboa. Sou cidadão português, pois nasci em Lisboa, e estou na plenitude de todos os meus direitos, tendo ressalva definitiva do serviço militar, com a data de 30 de Outubro de 1900, e não português naturalizado, como indevidamente se referiu.
O vapor “Laura” é comandado pelo capitão português Raul da Cunha e Silva.
O “Laura” saiu de Lisboa em 5 de Junho corrente, com destino a Sines, Portimão e Lagos, tendo um carregamento de carga vária para aqueles portos, conforme consta dos respectivos despachos da Alfândega de Lisboa, e, portanto dentro de todas as normas legais, que me prezo de sempre observar e manter.
No dia 6 do corrente, o “Laura” chegou a Sines, descarregou e recebeu carregamento, seguindo para Portimão, onde também descarregou 110 fardos de cortiça; e, deste porto seguiu para Lagos, onde chegou no dia 7 do corrente, às 11 horas da manhã.
Ao meio dia e meia hora, depois da visita da Alfândega, chegou ao porto de Lagos o cruzador inglês “Pelorus”, que imediatamente mandou seguir o “Laura” para Gibraltar.
Ao concluir, apenas direi a V.S.ª que a suspeita, levantada por alguém, de que o “Laura” tinha a missão de abastecer submarinos alemães nos mares do Atlântico, é simplesmente caluniosa.
O meu navio, como são testemunhas a sua tripulação actual e o sr. João Baptista Horta, que também já foi seu capitão, nunca se ocupou senão do negócio de cabotagem entre os portos do continente português, no desempenho dos seus legítimos direitos.
São estes os factos; e em homenagem à verdade, espero dever a V.S.ª a fineza de lhes dar publicidade no seu conceituado jornal, o que antecipadamente agradeço, subscrevendo-me com toda a estima.
Lisboa, 11 de Junho de 1915
De V.S.ª etc., (a) Jorge António Olhão Jerosch Herold
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 13 de Junho de 1915)

O vapor “Laura”
Lisboa 12 - Está já em Lagos o vapor “Laura”, há pouco aprisionado por um cruzador inglês, como referido e entretanto noticiado.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 13 de Junho de 1915)

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