O ex-voto da barca "América"
A presente história relativa aos ex-votos que pertencem ao espólio da Paróquia de Ílhavo, apresenta a barca “América” em perigo de naufrágio iminente, por motivo de mau tempo e vaga alterosa, supostamente em pleno Atlântico, o que não se veio a confirmar pela eventual proteção de S. Salvador, em função das preces, apelos e promessas efectuadas pela respectiva tripulação. A permeio dessas promessas, tinha efeito o agradecimento ao santo pelo seu salvamento, através da oferta de uma missa cantada e a entrega na igreja da imagem correspondente ao incidente, abaixo representada. A gravura tem inscrito um pequeno texto explicativo, com o seguinte teor: «Oferecido ao Senhor Jesus pelo capitão José Ançã e seus tripulantes em 08.10.1903».
A barca “América” foi um navio construído com casco de ferro, no estaleiro de R. & J. Evans, no porto de Liverpool, em 1875, para um armador inglês desconhecido, que a batizou inicialmente com o nome “Craigmullen”. Este proprietário teve o navio ao seu serviço entre 1875 e 1900, ano em que o pôs à venda, tendo a barca sido adquirida por um armador de Lisboa, alterando-lhe o nome para “Beira”, com a provável intenção de utilizá-la no transporte de mercadorias, entre portos nacionais e portos nas colónias portuguesas em África.
Aliás este sucesso teve um prazo limitado porque em 1901 o navio foi comprado pelo armador portuense Glama & Marinho, que logo tratou de registá-lo na praça do Porto. Fica desde então posicionado num trafego regular entre a cidade e portos americanos, onde certamente carregava produtos cerealíferos e a indispensável aduela, empregue no fabrico de pipas para o acondicionamento de diversos líquidos.
De acordo com a lista de navios nacionais, a barca está matriculada com o indicativo H.G.F.P., arqueando uma Tab com 822,70 toneladas e tendo por Tal 781,56 toneladas. Durante o período em que se encontrou registada no Porto, teve no comando os capitães ilhavenses José Ançã, entre 1901 e 1904, Manuel Oliveira da Velha, entre 1904 a 1907 e finalmente o capitão Adolfo Simões Paião, entre 1907 até Dezembro de 1909.
Isto porque no dia 23 de Dezembro de 1909, encontrando-se ancorada em Santo António do Vale da Piedade, durante os dias da grande cheia e forte vendaval no país, partiram-se-lhe os cabos da amarração, o que levou a barca a garrar com a forte corrente das águas do rio, indo cair sobre o cais da Afurada, embatendo com violência contra a capela de S. Pedro. Volvidos os dias de acalmia, tiveram lugar os necessários trabalhos de desencalhe, todavia por ter sido considerada inavegável, foi adaptada no Douro para permanecer no rio operando como pontão de carga.
Aliás este sucesso teve um prazo limitado porque em 1901 o navio foi comprado pelo armador portuense Glama & Marinho, que logo tratou de registá-lo na praça do Porto. Fica desde então posicionado num trafego regular entre a cidade e portos americanos, onde certamente carregava produtos cerealíferos e a indispensável aduela, empregue no fabrico de pipas para o acondicionamento de diversos líquidos.
De acordo com a lista de navios nacionais, a barca está matriculada com o indicativo H.G.F.P., arqueando uma Tab com 822,70 toneladas e tendo por Tal 781,56 toneladas. Durante o período em que se encontrou registada no Porto, teve no comando os capitães ilhavenses José Ançã, entre 1901 e 1904, Manuel Oliveira da Velha, entre 1904 a 1907 e finalmente o capitão Adolfo Simões Paião, entre 1907 até Dezembro de 1909.
Isto porque no dia 23 de Dezembro de 1909, encontrando-se ancorada em Santo António do Vale da Piedade, durante os dias da grande cheia e forte vendaval no país, partiram-se-lhe os cabos da amarração, o que levou a barca a garrar com a forte corrente das águas do rio, indo cair sobre o cais da Afurada, embatendo com violência contra a capela de S. Pedro. Volvidos os dias de acalmia, tiveram lugar os necessários trabalhos de desencalhe, todavia por ter sido considerada inavegável, foi adaptada no Douro para permanecer no rio operando como pontão de carga.
1 comentário:
Caro Comandante, viva!
Esta barca tem uma relação com a minha família materna. Meu bisavô , Firmino da Costa Terra, estava nela quando se deu o desastre que descreve.
Lembro-me da minha bisavó me contar que ele estava a bordo da "galera" América, que foi à garra no rio Douro,por causa de uma grande cheia na véspera de Natal (1903).
Então, dizia ela - o teu avô (velho) , mandou um cabo a dizer que não vinha cear no Natal ....
~´Deveria ter uns 4 ou 5 anos e recordo-me de ter interrogado à minha bisavó acerca do tal "cabo", pois questionei se havia um cabo assim tão tão grande, que chegasse do Porto até Esposende!!!
Bom... lá me tentou explicar a minha bisavó, do alto dos seus meio cento, mais um quarteirão , mais meia dúzia e uma mão, que o tal "cabo" não era um cabo de amarrar as catraias, mas um telegrama, que vinha por fios de arame, ou seja "cabo" do correio!
Quantos anos já lá vão e quantas vezes me tenho lembrado da história da galera " América, a tal onde andou o meu bisavô!. Obrigado Comandante Reinaldo.
PS. Parece-me que na praça do Porto houve, de facto, uma galera "América" que foi comandada por dois capitães de Fão, conhecidos , pela alcunha de "Grande"".
Mas o meu bisavô era esta, de facto uma barca, e não galera, pois todos os dados confere..
Um abraço.
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