sábado, 28 de julho de 2012

Grandes veleiros em Leixões


Parada náutica ocasional

O porto de Leixões recebeu durante o mês de Julho, a visita de grandes veleiros, dois dos quais já referidos no blog e que se destinam ao transporte de passageiros, a coberto do slogan Mar e Aventura.

"Stad Amesterdam"

"Stad Amesterdam"

"Stad Amsterdam"

No dia 6 entrava no porto a magnifica galera holandesa “Stad Amsterdam”, procedente de Ibiza, saindo dias depois para regressar a casa e no dia 16 foi a vez da escala da já conhecida barca inglesa “Lord Nelson”, a operar nos moldes tradicionais, vindo procedente do porto da Corunha, para sair com destino a Lisboa, onde deve ter participado na grande concentração de navios, que decorreu no porto da capital durante os dias 19 a 22 deste mês.
Finalmente, chegado no dia 26 procedente de St. John, encontra-se atracado no cais norte o belíssimo navio escola da marinha Indonésia “Kri Dewaruci”, que pensamos visita Leixões pela primeira vez, tendo a saída agendada para a manhã do próximo Domingo.

"Kri Dewaruci"










Confesso que fiquei encantado com alguns pormenores encontrados a bordo do “Kri Dewaruci”, principalmente pela deliciosa maestria nos altos-relevos das peças de madeira colocadas ao redor dos mastros, na casa do leme e noutros artefactos espalhados pelo navio. Construído na Alemanha no estaleiro H.C. Stulcken & Sonh, de Hamburgo, em 1952, o navio-escola foi integrado na frota da marinha da Indonésia a 24 de Janeiro de 1953, desde quando viaja ao redor do mundo para treino de cadetes da Academia Naval de Surabaya.
O navio desloca uma tab com 874 toneladas, tem 58,30 metros de comprimento fora a fora e 9,50 metros de boca. Quando utiliza a propulsão à vela, pode utilizar um máximo de 16 panos, com uma área velica de 1.091 m2, que asseguram uma velocidade máxima de 9 milhas por hora. Em paralelo o navio pode utilizar o motor diesel instalado a bordo, atingindo a velocidade de 10,5 milhas por hora. A guarnição é composta por 81 tripulantes, entre oficiais, sargentos e praças, estando igualmente preparado para acomodar 75 cadetes durante os treinos de mar.

sábado, 21 de julho de 2012

Museu Marítimo de Esposende


Inauguração

Depois da cerimónia solene que teve lugar ontem ao fim da tarde, abriu esta tarde as portas ao público em geral, o Museu Marítimo de Esposende. O novo Museu foi criado pelo Fórum Esposendense, através da cedência por parte da Marinha dos andares superiores, no edifício dos Socorros a Náufragos, em plena orla marítima, na margem direita do rio Cávado.

À entrada do Museu somos recebidos por uma magnífica imagem do navio “Esposendense II”, durante o período áureo dos lugres na pesca do bacalhau.


Abre-se a porta de acesso ao Museu e logo ali, um quadro identificativo e um painel explicativo das actividades locais, dão o mote a justificar a forte ligação de Esposende ao mar, lembrando os antigos e afamados estaleiros e as múltiplas facetas marítimas, tais como a pesca costeira e longínqua e a apanha do sargaço, fundamental como adubo empregue no cultivo das terras vizinhas.




Estas imagens mostram outros detalhes do Museu, com diversos modelos de navios, alto-relevo com rostos de pescadores e o sempre lembrado iate “Júlia IIIº” ali construído e empregue na pesca longínqua. Obviamente não podia faltar a indispensável roda do leme, que está muito bem entregue ao timoneiro Fernando Loureiro Ferreira, Presidente do Fórum Esposendense. O aconselhamento técnico do Museu está a cargo do amigo José Felgueiras, face ao elevado conhecimento histórico das artes de pesca e das navegações, quer a nível nacional como internacional.

E para terminar, porque a pesca e as navegações contemplaram a utilização de grande número de marítimos, muitos deles estão agora imortalizados através dos respectivos retratos, nas escadas de acesso à Sala Museu, homenagem da terra aos seus gloriosos pescadores e navegantes.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Quebra-cabeças (VI)


O ex-voto da barca "América"

A presente história relativa aos ex-votos que pertencem ao espólio da Paróquia de Ílhavo, apresenta a barca “América” em perigo de naufrágio iminente, por motivo de mau tempo e vaga alterosa, supostamente em pleno Atlântico, o que não se veio a confirmar pela eventual proteção de S. Salvador, em função das preces, apelos e promessas efectuadas pela respectiva tripulação. A permeio dessas promessas, tinha efeito o agradecimento ao santo pelo seu salvamento, através da oferta de uma missa cantada e a entrega na igreja da imagem correspondente ao incidente, abaixo representada. A gravura tem inscrito um pequeno texto explicativo, com o seguinte teor: «Oferecido ao Senhor Jesus pelo capitão José Ançã e seus tripulantes em 08.10.1903».


A barca “América” foi um navio construído com casco de ferro, no estaleiro de R. & J. Evans, no porto de Liverpool, em 1875, para um armador inglês desconhecido, que a batizou inicialmente com o nome “Craigmullen”. Este proprietário teve o navio ao seu serviço entre 1875 e 1900, ano em que o pôs à venda, tendo a barca sido adquirida por um armador de Lisboa, alterando-lhe o nome para “Beira”, com a provável intenção de utilizá-la no transporte de mercadorias, entre portos nacionais e portos nas colónias portuguesas em África.
Aliás este sucesso teve um prazo limitado porque em 1901 o navio foi comprado pelo armador portuense Glama & Marinho, que logo tratou de registá-lo na praça do Porto. Fica desde então posicionado num trafego regular entre a cidade e portos americanos, onde certamente carregava produtos cerealíferos e a indispensável aduela, empregue no fabrico de pipas para o acondicionamento de diversos líquidos.
De acordo com a lista de navios nacionais, a barca está matriculada com o indicativo H.G.F.P., arqueando uma Tab com 822,70 toneladas e tendo por Tal 781,56 toneladas. Durante o período em que se encontrou registada no Porto, teve no comando os capitães ilhavenses José Ançã, entre 1901 e 1904, Manuel Oliveira da Velha, entre 1904 a 1907 e finalmente o capitão Adolfo Simões Paião, entre 1907 até Dezembro de 1909.


Isto porque no dia 23 de Dezembro de 1909, encontrando-se ancorada em Santo António do Vale da Piedade, durante os dias da grande cheia e forte vendaval no país, partiram-se-lhe os cabos da amarração, o que levou a barca a garrar com a forte corrente das águas do rio, indo cair sobre o cais da Afurada, embatendo com violência contra a capela de S. Pedro. Volvidos os dias de acalmia, tiveram lugar os necessários trabalhos de desencalhe, todavia por ter sido considerada inavegável, foi adaptada no Douro para permanecer no rio operando como pontão de carga.