sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

“Gazella”, Gazelinha ou Gazelão (4)


Conclusão

O "Gazela Primeiro" na cerimónia da benção dos bacalhoeiros
Foto da Agencia Fotografica, Lisboa (minha colecção)

Termino o ciclo de mensagens colocadas previamente no blog, respeitantes a um dos mais interessantes navios, que integraram a grande frota da pesca longínqua. Faltava saber onde foi cortada inicialmente a madeira, que deu origem a diversas confusões, relativamente ao ano e ao local de construção.
Conforme explico nessas mensagens, publicadas de 12 a 15 de Março do ano transacto, permanece em aberto a questão se o navio foi construído em Setúbal, ou não, por força da lei que vetava a construção de navios novos.
Se privilegiarmos as múltiplas alterações então recebidas, quer no comprimento, quer no considerável aumento das tonelagens de arqueação e respectiva cubicagem, contemplando a transformação de um navio da pesca da baleia, para uma embarcação capaz de pescar bacalhau na Terra Nova, sou obrigado a reconhecer tratar-se de uma construção nacional, cuja responsabilidade recai sobre José M. Mendes, em Setúbal, no decorrer do ano de 1901.
Por outro lado, não posso deixar de ignorar que o navio entrou e saiu do estaleiro de José M. Mendes, em Setúbal, com o nome “Gazelle”, com o mesmo número oficial, com o mesmo indicativo internacional de chamada, tendo Lisboa igualmente como porto de registo e continuando a pertencer ao mesmo proprietário i.e. a Parceria Geral de Pescarias.
Pois bem, chegou-me finalmente ao conhecimento que o “Gazelle”, que manteve durante largo período de tempo o nome de origem, quer matriculado inicialmente em Inglaterra, quer no porto da Horta ou em Lisboa, foi construído em Southampton, Inglaterra, em 1837, segundo o registo do Bureau Veritas de 1877. Nesta conformidade, lamento apenas não existir nos registos das empresas classificadoras o nome dos construtores dos veleiros construídos em data anterior a 1850, razão principal que anula a curiosidade e o interesse em descobrir o autor de tal preciosidade.
Com isto gravo na memória a elegância deste lugre-patacho, que praticamente durante um século arvorou o pavilhão nacional. A virtude da sua conservação e a excelência das suas remodelações, tratando-se de uma construção em madeira, traduzem-se actualmente num “Gazela of Baltimore”, que não desmerece o elevado prestigio de uma nação de construtores, calafates, marinheiros e de pescadores. Principalmente porque agora sabemos tratar-se do veleiro mais antigo do mundo, ainda a navegar…

2 comentários:

marmol disse...

Amigo Reinaldo:

É preciso muita investigação para chegar a esta conclusão.
Temos pelo menos algo que nos enobrece e perpétua a gesta lusitana nos mares do Novo Mundo!
Um abraço,
Oliveira Martins

Rui Amaro disse...

Caro "Doryman"
Pesqisa trabalhosa e explicita e belissima imagem seja do "GAZELLA, GAZELINHA ou GAZELÃO!
Parabéns.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro