sexta-feira, 29 de abril de 2022

Marinha do Brasil


O navio-escola "Almirante Saldanha"
O navio numa das visitas a Lisboa
Foto de autor desconhecido

Navio construído pelos estaleiros Vickers Armstrong, em Barrow in Furness, Inglaterra, cuja quilha foi batida em 11 de junho de 1933, sendo lançado ao mar em 19 de dezembro de 1933. Foi entregue ao Governo brasileiro em 11 de junho de 1934 e teve como madrinha a Sra. Darcy S. Vargas, representada pela embaixatriz Régis de Oliveira.
Recebeu o distintivo visual NE1, posteriormente alterado para H10. Primeiro navio com o nome de “Almirante Saldanha” homenageia o Contra-Almirante Luiz Philippe Saldanha da Gama, nascido em Campos de Goitacazes (RJ) e morto a 24 de junho de 1895, em Campo Osório, no Rio Grande do Sul. 
Destacou-se na Guerra do Paraguai e no comando de vários navios.
O Contra-Almirante Arnaldo Siqueira Pinto da Luz, quando Ministro da Marinha conseguiu do Congresso Nacional brasileiro os créditos necessários à construção de um navio-escola, mas em consequência da Revolução de 1930, não conseguiu a realização do projeto durante sua gestão. O presidente Getúlio Vargas no dia 7 de setembro de 1931 a bordo do couraçado “São Paulo” assinou o decreto autorizando a aquisição de um “navio-escola, de conformidade com as especificações, planos e mais estudos previamente organizados.
Assim, o contrato para a construção do navio foi assinado no dia 7 de janeiro de 1933, a bordo do navio auxiliar “Vital de Oliveira”, sendo na mesma ocasião escolhido o nome de “Almirante Saldanha”, destinado a viagens de instrução. No projecto, o navio teria propulsão à vela e seria provido de um motor diesel auxiliar, devendo ser construído de acordo com as necessidades e exigências dos serviços da Marinha brasileira, como consta das especificações, planos e arranjos gerais.
As suas características principais eram 80 metros de comprimento entre perpendiculares; 90 metros de comprimento total (excluído o gurupés); 13 metros de boca; 8,63 metros de pontal (tomado à meia, do comprimento, da parte interna da barra da quilha à parte superior do vão da tolda na borda); 6,71 metros de calado médio em plena carga; 3.800 toneladas de deslocamento; 11 milhas de velocidade com o motor; 300 toneladas de capacidade total de óleo; raio de ação com o motor de 15.000 milhas e superfície vélica de 2.600 m2.
O armamento do navio constava de quatro canhões de tiro rápido Armstrong de 4 polegadas, montados em reparos duplos, quatro canhões de 47 mm para salvas, uma metralhadora antiaérea de 0,5 polegada, um canhão antiaéreo de três polegadas; um tubo torpédico de 21 polegadas Weymouth, um canhão de 75 mm para desembarque e uma metralhadora Hotchklss de 7 mm.
O navio foi construído em aço, sistema transversal com proa lançada e popa elíptica e mastreação de escuna de quatro mastros, envergando pano redondo no mastro do traquete, velas latinas quadrangulares, velas de proa, gaff-tops e velas de estai dentre mastros. A máquina propulsora, a meio navio, constava de um motor diesel, dois tempos, 1.000 Hp de potência com todas as auxiliares necessárias.
Para produção de água doce e serviços auxiliares, o navio era equipado com uma caldeira cilíndrica de 200 cv com capacidade para suprir vapor a uma bomba de serviço geral, aos destiladores, etc. O navio possuía castelo e tijupá com agulha-padrão, diretoscópio, aparelhamento de direção de tiro, passadiço com holofotes nas extremidades, casa de governo com camarim de navegação e estação de rádio, suportes das embarcações, tombadilho e tolda.
Existiam no navio acomodações para o comandante e os oficiais, secretarias dos diversos departamentos e estação transmissora de radiotelegrafia, superestrutura com a secretaria do pessoal, pequenos paióis, cozinhas, lavanderia e padaria.
Por baixo do convés do castelo ficavam as acomodações para os suboficiais, arranjos sanitários para os mesmos e guarnição, açougue, etc. Na primeira coberta ficava as acomodações para os oficiais, praça d'armas, banheiros e aparelhos sanitários, refeitório dos guardas-marinha, alojamentos para os mesmos, sala de leitura, banheiros, enfermaria e profilaxia dos mesmos. Na primeira coberta tinha ainda a sala de operações, farmácia, secretaria do serviço de saúde, sala de curativos, gabinete dentário, coberta da guarnição e sala de leitura, alojamento para suboficiais, refeitório e copa.
A segunda coberta compreendia paióis, rouparia dos guardas-marinha, câmara e paiol da frigorífica para carne, legumes, peixe, frutas e laticínios, paiol de torpedos, de mantimentos, coberta de sacos da equipagem, baterias de acumuladores, barbearia e alfaiataria, coberta da guarnição e paiol do mestre. Os espaços dos porões compreendiam tanques de aguada, de combustível, sobressalentes, munição, compartimentos de colisão, tanques de equilíbrio, etc.
Seu primeiro comandante foi o Capitão de Fragata Sílvio de Noronha, nomeado a 30 de novembro de 1933, que fiscalizou o final das obras. O seu custo foi de 314.000 libras.
No dia 30 de maio de 1934, embarcaram no Rio de Janeiro para a Inglaterra a tripulação do navio e os guardas-marinha, que deviam fazer a primeira viagem de instrução. Eram em número de 40 e compunham a guarnição de 1933. A bordo foram ainda embarcados 16 segundos-tenentes e quatro académicos civis, dois de direito e dois de medicina. Zarpou de Barrow in Furness, Inglaterra para a primeira viagem de instrução no dia 7 de julho de 1934, chegando em Portsmouth, Inglaterra no dia 9.
Seguiu para Cherbourg na França e partiu para o Havre, também naquele país. Aportou em Lisboa, Barcelona, La Spezia e Las Palmas. Depois do percurso pelos portos europeus, chegou ao Brasil passando por Fernando de Noronha, Salvador e Vitória, fundeando no Rio de Janeiro no dia 24 de outubro de 1934, depois de ter navegado 8.800 milhas, das quais 1.720 à vela. Ao chegar, foi franqueado ao público. Pelo Aviso no 3.194, de 1o de novembro de 1934, ficou subordinado à Directoria do Ensino Naval.

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