O lugre "Diamantino"
Nos estaleiros de Gaia
Nova embarcação
Nova embarcação
Nos estaleiros de Gaia foi ontem lançada à água uma nova embarcação, o lugre “Diamantino”, destinada ao transporte de mercadorias entre o Porto, Lisboa e Nova Iorque.
Cerca das 6 horas da tarde, depois de terminados os preparativos na carreira, perante numerosa concorrência, a menina Ida de Sousa cortou com uma pequena machada a espia do cepo, que sustinha a embarcação, começando esta a deslizar suave e altaneira pela carreira, no meio de aclamações, não se prevendo a contrariedade que sucedeu quando entrou na água, o que causou certo sobressalto, pois que a embarcação começou a adernar para bombordo, tornando-se a sua inclinação mais sensível quando se deslocaram para o mesmo lado duas pipas de água e um ancorete que estavam a bordo.
Assim adernado, o lugre navegou até meio do rio.
A tripulação, incluindo o capitão, o piloto e mais duas ou três pessoas que estavam a bordo, procurou imediatamente pôr-se a salvo, conseguindo mudar-se para estibordo, aproximando-se da nova embarcação alguns barcos no intuito de prestar socorros.
Felizmente não se deu qualquer desastre, e depois de algumas manobras por homens práticos, conseguiram coloca-lo na posição normal, tendo prestado também auxílio o rebocador “Leão”, ancorado próximo do local.
Às 7 horas da tarde via-se já o lugre na sua posição natural e com amarras lançadas para terra, sendo desde logo deitadas nos porões algumas toneladas de areia, lastro indispensável nas embarcações quando são postas a flutuar.
O “Diamantino” é de 450 toneladas e pertence ao sr. Diamantino José das Neves, da praça de Almeirim, que é representado na cidade pelo sr. João da Cunha e Sousa, considerado comerciante e o capitão do lugre é o sr. Raul Vasques, que conhece, como poucos, a escabrosa vida do mar.
A construção do “Diamantino” esteve a cargo do sr. José da Silva Lapa.
O sr. João da Cunha e Sousa foi muito felicitado e cumprimentado pelo êxito obtido com a construção do novo navio, que vem aumentar a frota de navios destinados a viagens de longo curso.
Quando a nova embarcação, profusamente empavesada de bandeiras, foi lançada à água, foram queimados numerosos foguetes.
O sr. João da Cunha e Sousa ofereceu aos seus amigos um jantar no Palácio de Cristal, assistindo também sua esposa e filhos.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 13 de Setembro de 1919)
Da leitura desta notícia ressalta a curiosidade sobre:
1º - Que lugre é este?
Em sentido oposto à informação prestada na notícia, o lugre “Diamantino” não era um navio novo, bem pelo contrário. Na realidade, o novo proprietário, tal como vem referido no corpo da notícia, decidiu-se por mandar recuperar o cavername de um lugre antigo, que em 1910 tinha sido adaptado a fragata de carga, para operar nos portos do Douro e Leixões.
No período anterior relacionado com a existência deste navio, constata-se ter sido o lugre inglês “Aurora”, construído no estaleiro de J. Petrie, no porto de Montrose, em Inglaterra, com data de Maio de 1869.
2º - Será que o jornalista que relata o evento estava presente, aquando do lançamento do navio à água?
Quanto a esta pergunta, com um alargado benefício de dúvida, talvez tenha estado, mas…
Cerca das 6 horas da tarde, depois de terminados os preparativos na carreira, perante numerosa concorrência, a menina Ida de Sousa cortou com uma pequena machada a espia do cepo, que sustinha a embarcação, começando esta a deslizar suave e altaneira pela carreira, no meio de aclamações, não se prevendo a contrariedade que sucedeu quando entrou na água, o que causou certo sobressalto, pois que a embarcação começou a adernar para bombordo, tornando-se a sua inclinação mais sensível quando se deslocaram para o mesmo lado duas pipas de água e um ancorete que estavam a bordo.
Assim adernado, o lugre navegou até meio do rio.
A tripulação, incluindo o capitão, o piloto e mais duas ou três pessoas que estavam a bordo, procurou imediatamente pôr-se a salvo, conseguindo mudar-se para estibordo, aproximando-se da nova embarcação alguns barcos no intuito de prestar socorros.
Felizmente não se deu qualquer desastre, e depois de algumas manobras por homens práticos, conseguiram coloca-lo na posição normal, tendo prestado também auxílio o rebocador “Leão”, ancorado próximo do local.
Às 7 horas da tarde via-se já o lugre na sua posição natural e com amarras lançadas para terra, sendo desde logo deitadas nos porões algumas toneladas de areia, lastro indispensável nas embarcações quando são postas a flutuar.
O “Diamantino” é de 450 toneladas e pertence ao sr. Diamantino José das Neves, da praça de Almeirim, que é representado na cidade pelo sr. João da Cunha e Sousa, considerado comerciante e o capitão do lugre é o sr. Raul Vasques, que conhece, como poucos, a escabrosa vida do mar.
A construção do “Diamantino” esteve a cargo do sr. José da Silva Lapa.
O sr. João da Cunha e Sousa foi muito felicitado e cumprimentado pelo êxito obtido com a construção do novo navio, que vem aumentar a frota de navios destinados a viagens de longo curso.
Quando a nova embarcação, profusamente empavesada de bandeiras, foi lançada à água, foram queimados numerosos foguetes.
O sr. João da Cunha e Sousa ofereceu aos seus amigos um jantar no Palácio de Cristal, assistindo também sua esposa e filhos.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 13 de Setembro de 1919)
Da leitura desta notícia ressalta a curiosidade sobre:
1º - Que lugre é este?
Em sentido oposto à informação prestada na notícia, o lugre “Diamantino” não era um navio novo, bem pelo contrário. Na realidade, o novo proprietário, tal como vem referido no corpo da notícia, decidiu-se por mandar recuperar o cavername de um lugre antigo, que em 1910 tinha sido adaptado a fragata de carga, para operar nos portos do Douro e Leixões.
No período anterior relacionado com a existência deste navio, constata-se ter sido o lugre inglês “Aurora”, construído no estaleiro de J. Petrie, no porto de Montrose, em Inglaterra, com data de Maio de 1869.
2º - Será que o jornalista que relata o evento estava presente, aquando do lançamento do navio à água?
Quanto a esta pergunta, com um alargado benefício de dúvida, talvez tenha estado, mas…
Características do lugre de 3 mastros “Diamantino”
Armador: Diamantino José das Neves, Almeirim
Nº Oficial: B-137 - Iic: H.D.M.O. - Porto de registo: Lisboa
ex “Aurora”, J. Petrie, Montrose, 1869
ex “Aurora”, J. Warrack & Co., Montrose, 1883
ex “Aurora”, J.H. Guilbert & Co., Montrose, 1889
Arqueação: Tab 317,56 tons - Tal 286,03 tons
Dimensões: Pp 39,00 mts - Boca 7,90 mts - Pontal 4,50 mts
Propulsão: À vela
Nº Oficial: B-137 - Iic: H.D.M.O. - Porto de registo: Lisboa
ex “Aurora”, J. Petrie, Montrose, 1869
ex “Aurora”, J. Warrack & Co., Montrose, 1883
ex “Aurora”, J.H. Guilbert & Co., Montrose, 1889
Arqueação: Tab 317,56 tons - Tal 286,03 tons
Dimensões: Pp 39,00 mts - Boca 7,90 mts - Pontal 4,50 mts
Propulsão: À vela
Navio de longo curso, terá seguramente cruzado o Atlântico uma inúmera quantidade de vezes, cumprindo o fim em vista a justificar a sua reconstrução. Seguramente navegou até ao ano de 1934 com o mesmo nome e as mesmas características, perdendo-se-lhe o rasto a partir de 1935.
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