sexta-feira, 2 de maio de 2014

História trágico-marítima (CXXXVI)


O encalhe do navio "Penteola"

Ao sair a barra de Lisboa encalhou o petroleiro “Penteola”,
que sofreu grande rombo, mas, foi safo pouco depois
Ontem (11.1947), cerca das 22 horas, quando saía a barra de Lisboa, a caminho do Porto, o navio petroleiro da Shell “Penteola”, que não levava piloto a bordo, encalhou nas alturas de S. Julião da Barra, sofrendo grande e fundo rombo. Foi socorrido pelo barco dos pilotos “Pedro Rodrigues”, que estava perto, e que, após uma manobra habilmente dirigida pelo sota-piloto António Rodrigues Martins, conseguiu safá-lo e rebocá-lo para o Tejo, onde chegou ao começo da madrugada.
O “Penteola” era comandado pelo capitão da marinha mercante Sr. Vagos, e tinha como tripulantes, além deste, o imediato, três maquinistas, quatro marinheiros, um criado e um cozinheiro.
O navio empregava-se no transporte de petróleo e gasolina daquela companhia, entre Lisboa e os vários portos do continente. Não houve desastres pessoais. No entretanto, os prejuízos materiais são importantes.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 17 de Novembro 1947)

Foto do navio petroleiro "Penteola"
Imagem de autor desconhecido

Identificação do petroleiro “Penteola”
Armador: Companhia Shell Portuguesa – 1936 / 1951
Nº Oficial: G-375 - Iic.: C.S.C.F. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: van der Giessen, K. a/d Ijssel, Holanda, 03.1936
Arqueação: Tab 544,52 tons - Tal 259,45 tons - Pm 850 tons
Dimensões: Ff 53,03 mt - Pp 51,05 mt - Bc 8,58 mt - Ptl 3,58 mt
Propulsão: D. Hoedkoop, Jr. - 1:Di - 300 Bhp - 10 m/h
Equipagem: 11 tripulantes
Transferido para a companhia Shell na Dinamarca, em 1951, alterou inicialmente o nome para "Faero Shell". Ainda propriedade da mesma empresa mudou o nome para “Peter”, em 1956. Em 1957 foi vendido a G. Scalese, passando a usar o registo "Ela" e em 1964 pertencia à frota de Augusta Priolo, com o nome "Carlotta". Recebeu novo registo em 1967, sob propriedade de N. Thanapoulos, recebendo o nome "Agia Lavra" e em 1968 pertencia a P.C. Chrissochoidos, tendo sido rebaptizado “Rodos”. Finalmente, em 1970, foi vendido para demolição em Perama (Turquia).

O desastre do petroleiro “Penteola” foi devido ao leme
deixar de governar, à saída da barra
O petroleiro “Penteola”, da frota da Shell, que ante-ontem à noite encalhou nos rochedos da Ponte da Laje, em frente de São Julião, principiou na manhã de ontem a descarregar a gasolina e petróleo que transportava, nos depósitos que aquela companhia possui na Banática.
Não pode ainda calcular-se o valor dos prejuízos. Só depois do navio estar totalmente descarregado se saberá a quantidade de gasolina perdida, pois, ao que parece a carga de petróleo ficou intacta.
O “Penteola” transportava, para o Porto, 200 toneladas de petróleo e 300 toneladas de gasolina. Como não se verificou ainda quais os tanques que ficaram arrombados, não é possível saber se as 300 toneladas de gasolina se perderam totalmente. No entanto, os prejuízos, quer da carga, quer do próprio navio são avultados.
O desastre não se deu por motivo de nevoeiro, como se supôs a princípio, mas sim porque à saída da barra o leme do petroleiro deixou de governar. O “Penteola” encontrava-se nessa situação quando um estoque de água o atirou para cima dos rochedos. Depois de descarregado o navio dará entrada numa doca seca.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 18 de Novembro 1947)

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