Os bacalhoeiros da Figueira da Foz
3ª Parte
Os 4 “ Júlias “ do Sr. José da Cunha Ferreira
Capitão, Armador e Administrador
Os 4 Júlias na Figueira da Foz
Imagem do livro Veleiros Portugueses
3ª Parte
Os 4 “ Júlias “ do Sr. José da Cunha Ferreira
Capitão, Armador e Administrador
Os 4 Júlias na Figueira da Foz
Imagem do livro Veleiros Portugueses
Seguindo um instinto natural enraízado pelos ilhéus Açoreanos, também o Sr. José da Cunha Ferreira ainda jovem terá deixado as canadas de S. Jorge a caminho da enorme e promissora América, na procura de uma vida melhor. Desde sempre ligado ao mar, foi no mar que por lá encontrou trabalho. Chegou a capitão de navios da pesca do bacalhau e acaso feliz, em vez de descarregar o peixe algures num porto perto de casa, viaja no iate “B.F. Sparkso” até Lisboa, em 1883, trazendo o peixe com destino a comerciantes da capital.
Surpresa das surpresas, afinal o negócio do peixe em Portugal rendia muito mais do que nos Estados Unidos, forte motivo para regressar a S. Jorge, já com o seu iate e dali começar um novo capítulo na pesca do bacalhau. Entretanto dá início à sua empresa, mobilizando parentes próximos também emigrados e levando os navios até aos bancos para pescar. Tinha nascido a A. Mariano & Irmão, em São Jorge (1886-1889), com passagem por Lisboa (1889-1902) até à instalação definitiva na Figueira da Foz (a partir 1902). Depois como corolário lógico criou a Companhia Atlântica, que se manteve firmemente implantada no sector e no armamento nacional. Muito além da sua eficácia e tenacidade na arte da pesca, figura igualmente com seus pares como exímios negociantes, comprando e vendendo os navios com excelente oportunidade.
Surpresa das surpresas, afinal o negócio do peixe em Portugal rendia muito mais do que nos Estados Unidos, forte motivo para regressar a S. Jorge, já com o seu iate e dali começar um novo capítulo na pesca do bacalhau. Entretanto dá início à sua empresa, mobilizando parentes próximos também emigrados e levando os navios até aos bancos para pescar. Tinha nascido a A. Mariano & Irmão, em São Jorge (1886-1889), com passagem por Lisboa (1889-1902) até à instalação definitiva na Figueira da Foz (a partir 1902). Depois como corolário lógico criou a Companhia Atlântica, que se manteve firmemente implantada no sector e no armamento nacional. Muito além da sua eficácia e tenacidade na arte da pesca, figura igualmente com seus pares como exímios negociantes, comprando e vendendo os navios com excelente oportunidade.
Lugre “ Júlia 1º “
1885-1957
O "Júlia 1º" em Lisboa - foto (c) minha colecção
1885-1957
O "Júlia 1º" em Lisboa - foto (c) minha colecção
Armador : A. Mariano & Irmão, Lisboa (em 1915)
Nº Oficial : 420-B > Iic.: H.J.P.S. > Registo : F. da Foz
Construtor : -??-, EUA, 1853
ex iate “B.F. Sparkso”, -??-, EUA, 1853-1884
Reconstruído como lugre na Figueira da Foz, em 1898
Tonelagens : Tab 218,13 to > Tal 207,23 to
Cpmts.: Pp 33,09 > Boca 8,04 mt > Pontal 3,79 mt
Equipagem : 41 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Nº Oficial : 420-B > Iic.: H.J.P.S. > Registo : F. da Foz
Construtor : -??-, EUA, 1853
ex iate “B.F. Sparkso”, -??-, EUA, 1853-1884
Reconstruído como lugre na Figueira da Foz, em 1898
Tonelagens : Tab 218,13 to > Tal 207,23 to
Cpmts.: Pp 33,09 > Boca 8,04 mt > Pontal 3,79 mt
Equipagem : 41 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados: J.M. Goulart (1906), José Augusto Ramos (de 1907 a 1909) e António José dos Santos (1910)
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Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Lisboa (em 1940)
Nº Oficial : 402-B > Iic.: C.S.G.X. > Registo : Lisboa
Reconstruído em 1945 (F. Foz -??-), recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 249,78 to > Tal 187,04 to
Cpmts.: Ff 39,75 mt > Pp 34,61 mt > Bc 8,22 mt > Pontal 3,52 mt
Equipagem : 38 tripulantes
Máquina : Mirrlees, Bick & Day, 1945 > 1:Di > 600 Bhp > 9 m/h
Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Lisboa (em 1940)
Nº Oficial : 402-B > Iic.: C.S.G.X. > Registo : Lisboa
Reconstruído em 1945 (F. Foz -??-), recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 249,78 to > Tal 187,04 to
Cpmts.: Ff 39,75 mt > Pp 34,61 mt > Bc 8,22 mt > Pontal 3,52 mt
Equipagem : 38 tripulantes
Máquina : Mirrlees, Bick & Day, 1945 > 1:Di > 600 Bhp > 9 m/h
Naufragou com água aberta no Virgin Rocks, em 01.09.1957
Lugre-patacho “ Júlia 2º ”
1887 - 1936
O lugre-patacho "Júlia 2º" - na Figueira da Foz
Imagem do livro Veleiros Portugueses (detalhe)
1887 - 1936
O lugre-patacho "Júlia 2º" - na Figueira da Foz
Imagem do livro Veleiros Portugueses (detalhe)
Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Figueira (em 1915)
Nº Oficial : 406-B > Iic.: H.J.P.T. > Registo : F. da Foz
Construtor : -??-, Essex, Massachussets, EUA, 1874
ex “Carrie D. Allen” - F.M. Lan, E.U.A., 1874-1887
Reconstruído na Figueira (-??-), em 1903
Tonelagens : Tab 203,93 > Tal 193,73 to
Cpmts.: Pp 29,70 mt > Boca 7,90 mt > Pontal 3,66 mt
Equipagem : 32 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Nº Oficial : 406-B > Iic.: H.J.P.T. > Registo : F. da Foz
Construtor : -??-, Essex, Massachussets, EUA, 1874
ex “Carrie D. Allen” - F.M. Lan, E.U.A., 1874-1887
Reconstruído na Figueira (-??-), em 1903
Tonelagens : Tab 203,93 > Tal 193,73 to
Cpmts.: Pp 29,70 mt > Boca 7,90 mt > Pontal 3,66 mt
Equipagem : 32 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados : J.F. Vieira (1906) António José dos Santos (de 1907 a 1909) e Fernando M. Lau (1910)
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Lugre “Atalante Primeiro” - Mesquita & Santiago, V. do Castelo
Reconstruído em Viana em 1938, recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 202,22 to > Tal 140,64 to > Porte 586 to
Cpmts.: Ff 37,30 mt > Pp 32,60 mt > Bc 7,85 mt > Ptl 3,60 mt
Máquina : Skandia, Suécia, 1937 > 1:Sd > 130 Bhp > 9 m/h
Lugre “Atalante Primeiro” - Mesquita & Santiago, V. do Castelo
Reconstruído em Viana em 1938, recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 202,22 to > Tal 140,64 to > Porte 586 to
Cpmts.: Ff 37,30 mt > Pp 32,60 mt > Bc 7,85 mt > Ptl 3,60 mt
Máquina : Skandia, Suécia, 1937 > 1:Sd > 130 Bhp > 9 m/h
Naufragou no estuário do rio Sado, apanhado por violento ciclone em 15.02.1941
Iate “ Júlia 3º “
1890 – 1937
O iate "Julia 3º" - foto (c) colecção Delfim Nora / Napesmat
1890 – 1937
O iate "Julia 3º" - foto (c) colecção Delfim Nora / Napesmat
Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Lisboa (em 1915)
Nº Oficial : 407-B > Iic.: H.G.K.Q. > Registo : Lisboa
Construtor : J.G.M. Branco, Fão, 1876
ex patacho “Pinheiro” - J.F. Pinheiro, Porto, 1876-1887
ex iate “Arthur” – Soares & Cª., Porto, 1887-1889
ex iate “Arthur” - J.A. Ramos, Lisboa, 1889-1890
Alterou o registo para Lisboa, em 1903 (Tab 203,93 to)
Tonelagens : Tab 175,46 to > Tal 166,69 to
Cpmts.: Pp 30,05 mt > Boca 7,57 mt > Pontal 3,11 mt
Equipagem : 30 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Nº Oficial : 407-B > Iic.: H.G.K.Q. > Registo : Lisboa
Construtor : J.G.M. Branco, Fão, 1876
ex patacho “Pinheiro” - J.F. Pinheiro, Porto, 1876-1887
ex iate “Arthur” – Soares & Cª., Porto, 1887-1889
ex iate “Arthur” - J.A. Ramos, Lisboa, 1889-1890
Alterou o registo para Lisboa, em 1903 (Tab 203,93 to)
Tonelagens : Tab 175,46 to > Tal 166,69 to
Cpmts.: Pp 30,05 mt > Boca 7,57 mt > Pontal 3,11 mt
Equipagem : 30 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados: F.G. Moreira (1906), Fernando Mathias (de 1907 a 1909) e José Augusto Ramos (1910)
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Iate “Inesperado” – Mercearia Pestana dos Santos, Lda, 1939
dp iate “Inesperado” - Transportadora Oceânica, Lda., Lisboa
Reconstruído em -??- em 1938, recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 183,99 to > Tal 125,03 to
Cpmts.: Ff 35,33 mt > Pp 30,69 mt > Bc 7,85 mt > Ptl 3,30 mt
Máquina : Volund, Dinamarca, 1937 > 1:Sd > 140 Bhp
Equipagem : 8 tripulantes
Considerado inavegável. Abandonado no Seixal para demolição.
Iate “Inesperado” – Mercearia Pestana dos Santos, Lda, 1939
dp iate “Inesperado” - Transportadora Oceânica, Lda., Lisboa
Reconstruído em -??- em 1938, recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 183,99 to > Tal 125,03 to
Cpmts.: Ff 35,33 mt > Pp 30,69 mt > Bc 7,85 mt > Ptl 3,30 mt
Máquina : Volund, Dinamarca, 1937 > 1:Sd > 140 Bhp
Equipagem : 8 tripulantes
Considerado inavegável. Abandonado no Seixal para demolição.
Lugre “ Júlia 4º “
1915 – 1957
O lugre "Júlia 4º" - foto (c) colecção Delfim Nora / Napesmat
1915 – 1957
O lugre "Júlia 4º" - foto (c) colecção Delfim Nora / Napesmat
Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Lisboa (em 1915)
Nº Oficial : 436-C > Iic.: H.J.L.B. > Registo : Figueira da Foz
Cttor.: António Maria Bolais Mónica, Figueira da Foz, 1915
Tonelagens : Tab 220,66 to > Tal 165,44 to
Cpmts.: Pp 38,56 mt > Bc 8,83 mt > Ptl 3,47 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 40 tripulantes
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Lugre “ Julia Quarto “, Atlântica - Comp Port. Pesca, Lisboa
Nº Oficial : G-377 > Iic.: C.S.H.A. > Registo : F. da Foz
Tonelagens : Tab 260,06 to > Tal 183,59 to
Cpmts.: Ff 42,80 mt > Pp 38,21 mt > Bc 8,84 mt > Ptl 3,82 mt
Máquina : Suécia, 1937 > 1:Sd > 130 Bhp > 7 m/h
Equipagem : 39 tripulantes
Nº Oficial : 436-C > Iic.: H.J.L.B. > Registo : Figueira da Foz
Cttor.: António Maria Bolais Mónica, Figueira da Foz, 1915
Tonelagens : Tab 220,66 to > Tal 165,44 to
Cpmts.: Pp 38,56 mt > Bc 8,83 mt > Ptl 3,47 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 40 tripulantes
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Lugre “ Julia Quarto “, Atlântica - Comp Port. Pesca, Lisboa
Nº Oficial : G-377 > Iic.: C.S.H.A. > Registo : F. da Foz
Tonelagens : Tab 260,06 to > Tal 183,59 to
Cpmts.: Ff 42,80 mt > Pp 38,21 mt > Bc 8,84 mt > Ptl 3,82 mt
Máquina : Suécia, 1937 > 1:Sd > 130 Bhp > 7 m/h
Equipagem : 39 tripulantes
Naufragou devido a incêndio na Terra Nova em 14.08.1949
3 comentários:
Divulgar o shipping é uma ARTE. Gosto imenso do seu blogue. Continue precisamos de si.
Olá Reimar
Estás um “expert” em lugres dos Grandes Bancos, não te fazia tão entendido. Qualquer dia tens de arranjar um dory e de vela enfunada e remo à popa, e depois de abastecido pelo “Shipschandler” aproveitando uma nortadazita, lá podes ir até ao Fyllas ou ao Virgin Rocks e não te esqueças da tua cana de pesca e do fishing tackle, para capturares uns bacalhaus, uns alabotes e umas gatas (são bem saborosas, nada de confusões…) e raspa-te depressa para venderes o peixe, que estamos perto do Natal e consegues fazer uns Eurozitos.
Precisava de saber se o JULIA 1º, que numa reportagem sobre a industria da pesca do bacalhau feita pelo vespertino cá da City, Diário do Norte (já extinto) na campanha de 1955/56 aparece, juntamente com o Ana Maria, apenas como puros lugres e não como lugres-motor, se apesar de pertencer à Atlântica, ainda fazia da Figueira da Foz, seu porto de armamento, isto é, se hibernava no Mondego!? Se tu ou alguém me possam esclarecer, fico muito agradecido.
Eu tenho alguma bagagem sobre navios bacalhoeiros, como sabes, mas para tempos tão recuados não.
Olha, agora digo como o José Modesto no seu comentário, CONTINUA, PRECISAMOS DE TI.
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro
Olá, o seu blogue é interessantíssimo!
Vim cá parar porque procuro informações sobre uma frota de veleiros portugueses que faziam a travessia Portugal-Brasil em 1853, nomeadamente um (que não sei qual foi) que fez a viagem Porto-Rio de Janeiro em 20/11/1853 e da qual tenho o relato que durou 70 dias(!) por causa de um enorme temporal. Não me saberá dizer onde posso ir procurar mais informações?
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