Construção naval na Figueira da Foz
Retirei faz algum tempo este curioso anúncio, creio que do jornal “O Comércio do Porto”, com data de 12 de Junho de 1919, que pela sua importância, tive o cuidado de guardar.
O lugre “ Cabo da Roca “
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Vai ser em breve lançado à água o maior navio
saído dos nossos estaleiros
saído dos nossos estaleiros
Após construídos o “Cabo Mondego”, “Cabo Raso” e o “Cabo Espichel”, vai agora ser lançado à água, pela Sociedade Portuguesa de Navegação, o “Cabo da Roca”, o maior navio que se tem construído em estaleiros portugueses. Tem aproximadamente 3.500 toneladas e mede 80 metros de comprimento. É armado à americana, com 5 mastros, sendo o seu risco, nacional como o restante, do mestre construtor da sociedade Sr. António Bolais Mónica.
O velame, poleame, ferragens, metais e trabalho de madeiras, foram também executados nas oficinas da Sociedade Portuguesa de Navegação. Quis assim provar esta empresa mais uma vez, que desde que haja boa vontade e patriotismo, nos podemos igualar em esforço e aptidões às outras nações que progridem.
O velame, poleame, ferragens, metais e trabalho de madeiras, foram também executados nas oficinas da Sociedade Portuguesa de Navegação. Quis assim provar esta empresa mais uma vez, que desde que haja boa vontade e patriotismo, nos podemos igualar em esforço e aptidões às outras nações que progridem.
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É verdade que se construíram lugres armados à americana na Figueira da Foz. Foram pelo menos dois, o “Cabo da Roca” atrás citado e um outro ainda maior que recebeu como baptismo o nome de “Vasco da Gama”. Infelizmente não encontraram aceitação condizente junto da armação nacional. Talvez por serem grandes demais, numa época cuja tendência era aligeirar a mastreação e o velame, ou por estar definitivamente implantada a navegação com navios de ferro, máquinas a vapor, mais velozes e requerendo menos tripulação. A sorte e o destino de ambos, foi a tarefa que nos propusemos investigar.
Lugre “ Cabo da Roca “
Nº Oficial : ?? > Iic.: ?? > Registo : Figueira da Foz
Construtor : António Bolais Mónica, Cabedelo, Figueira, 1919
Tonelagens : Tab 1.184,00 to > Tal 1.010 to
Comprimentos : Pp 74,86 mt > Boca 12,47 mt > Pontal 5,27 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Construtor : António Bolais Mónica, Cabedelo, Figueira, 1919
Tonelagens : Tab 1.184,00 to > Tal 1.010 to
Comprimentos : Pp 74,86 mt > Boca 12,47 mt > Pontal 5,27 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Esteve amarrado na Figueira da Foz até Março de 1922, à ordem do construtor, altura em que foi vendido a um armador Cubano, registando-o em Havana. Deve ter navegado até lá, mas não encontro posterior sequência. Sem rasto.
Lugre “ Vasco da Gama “
O "Vasco da Gama" - foto de autor desconhecido
O "Vasco da Gama" - foto de autor desconhecido
Armador : Soc. Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda.
Nº Oficial : ?? > Iic.: ?? > Registo : Figueira da Foz
Construtor : Manuel Maria Bolais Mónica, Figueira, 1922
Tonelagens : Tab 2.200,00 to
Comprimentos : Pp 74,98 mt > Boca 12,50 mt > Pontal 6,00 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Nº Oficial : ?? > Iic.: ?? > Registo : Figueira da Foz
Construtor : Manuel Maria Bolais Mónica, Figueira, 1922
Tonelagens : Tab 2.200,00 to
Comprimentos : Pp 74,98 mt > Boca 12,50 mt > Pontal 6,00 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
No caso deste navio acreditamos que tenha navegado até 1924. Já em 1925 foi considerado inavegável e desmanchado na praia de Pedrouços.
Algo correu mal com a construção destes lugres, sabendo que ambas as construções foram assinadas pelos Mónica. Que erro tão grave terá acontecido para levar um ou ambos os lugres a um abate precoce? Numa apreciação feita em cima do joelho, de nada valeu aos navios a equiparação aos países que progridem, à boa vontade e à exaltação ao patriotismo…
Algo correu mal com a construção destes lugres, sabendo que ambas as construções foram assinadas pelos Mónica. Que erro tão grave terá acontecido para levar um ou ambos os lugres a um abate precoce? Numa apreciação feita em cima do joelho, de nada valeu aos navios a equiparação aos países que progridem, à boa vontade e à exaltação ao patriotismo…