quinta-feira, 10 de julho de 2008

Socorros a naufragos - o Patrão Lopes


Patrão Lopes
O homem, a obra e o navio

Consta que numa noite tremenda de chuva em torrentes, ventos aos arrancos e mar furioso, os tiros de socorro, partindo das fortalezas da barra, chamaram-no.
“ - Mulher! Reza a Deus por mim! Dá cá um abraço. Até à volta!
- Que vais fazer Joaquim? Onde vais?
- Tu és surda, diabo? Pois tu não ouves?
- E tua filha, se tu me faltas homem!
- E sabes se os que lá estão em perigo não têm mulher e filhos também?
- Arriba rapazes! Quirino! Carlos! Vamos daí…
Lá foram, no salva-vidas, e de lá voltaram, com um carregamento de desgraçados que iam morrendo. “

Este foi um entre muitos episódios da vida de Joaquim Lopes, patrão do salva-vidas de Lisboa, figura de relevo na história marítima da capital. Nascido em Olhão a 15 de Outubro de 1798, distinguiu-se pelos salvamentos efectuados na barra do Tejo e, interrogado, certo dia, acerca do número de vidas que havia salvo, respondeu:
“ Até trezentas, contei. Depois, não fiz mais caso da contagem! “
Pela sua altruística coragem e abnegação, foi galardoado pelo Rei D. Luís I com o posto de 2º Tenente Graduado, por Decreto de 23 de Agosto de 1866.
Dele deixou Ramalho Ortigão descritos os traços seguintes:“ A sua bela fisionomia seca e aguda, de marítimo de Olhão, sorria numa estranha e penetrante graça, terna e pacificante, como a de certas figuras das merendas de van Ostade, de Jan Steen ou de Pieter Dooch nos familiares e aconchegados quadros dos interiores holandeses “.


Retrato oficial do Patrão Lopes
1798 - 1890
O cortejo fúnebre sobre as águas do rio Tejo

Faleceu em Lisboa (Paço de Arcos) a 21 de Dezembro de 1890, tendo o cortejo fúnebre decorrido através das águas do Tejo e depois apeado, até ao Cemitério dos Prazeres, constituindo imponente manifestação popular. Deixou como herança descendentes, que lhe honraram o nome, seguindo exemplarmente a tradição familiar no salvamento de vidas em perigo. In “Anais da Marinha, (Especial), Dezembro de 1942”.

O navio

O "Patrão Lopes - desenho de Luís Filipe Silva

Proprietário: Governo Português > Armada > I.S.N.
1916-1936 > Iic.: C.T.B.A. > Porto de registo: Lisboa
Cttor.: Rostocker A.G., Rostock, Alemanha, 04.1880
ex.: “Newa” – P. Berg, São Peterburgo, 1880-1916
Tonelagens: Tab 478,66 to > Tal 215,40 to
Cpmts.: Pp 48,00 mt > Boca 8,00 mt > Pontal 4,45 mt
Máq.: Rostocker A.G., 1880 > 1:Te > 500 Ihp > 10 m/h

Naufragou próximo ao farol do Bugio em 29.02.1936, durante a subida do Tejo, trazendo a reboque o batelão “Franz”, que havia sido recuperado por se encontrar à deriva ao largo da barra de Lisboa. Na baía de Cascais o reboque passou a ser efectuado em paralelo (de braço dado), quando em determinado momento o salvadego bateu num baixio, provocando o afundamento do batelão. Acto continuo, o casco do “Patrão Lopes” era arrombado pelos mastros do batelão, abrindo água a partir da casa das máquinas, de forma incontrolável, acabando igualmente por se afundar.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Coleccionismo - Postais de navios


A era dos Couraçados
Portugal, Espanha e Brasil

Mais do que a necessidade impunha, as Marinhas de muitos países fizeram questão em mostrar argumentos de força, adquirindo navios couraçados, como se tal lhes outorgasse o direito de soberania sobre o mar.
Porque o tempo se encarregou de mostrar o contrário, provando não haver navios inafundáveis, terão os mais incrédulos estrategas chegado à óbvia conclusão, que quanto maior o numero de homens nas respectivas guarnições, em caso de desastre, maior se revelava o número de vitimas.
Se considerarmos a fraca velocidade dos navios, postos em confronto com os bombardeamentos aéreos utilizados massivamente durante os principais conflitos mundiais, a situação agravou-se de tal forma, que a couraça provou ser uma ratoeira ineficaz e inadequada nos tempos modernos.
No caso do couraçado Português, foi comprado com o mito da defesa da capital contra a possibilidade de um qualquer ataque surpresa, que felizmente nunca chegou a acontecer.
Presentemente a defesa dos portos está a cargo das esquadras de submarinos, que oferecem melhor argumentos, face à capacidade de se manterem escondidos. Afinal sempre podem vencer através do factor surpresa.
Todavia, teremos de convir que muito se perdeu, principalmente pela dimensão e beleza que caracterizava esses navios extraordinários.


Couraçado “Vasco da Gama”

Ano de lançamento: 1887
Construtor: Thames Iron Works, 1876
Comprimento Pp.: 71,30 mt
Deslocamento standard: 3.030 to
Velocidade: 15,5 m/h
Guarnição: 259 tripulantes
Abatido à Armada: 1936


Couraçado “Carlos V”

Ano de lançamento: 1898
Construtor: Vega y Munguia, Cadiz, 1895
Comprimento Pp.: 116,00 mt
Deslocamento standard: 9.235 to
Guarnição: 590 tripulantes
Abatido à Armada: 1933


Couraçado “Minas Gerais”

Ano de lançamento: 1910
Construtor: Armstrong, 1907
Comprimento Pp.: 161,50 mt
Deslocamento standard: 19.588 to
Velocidade: 23 m/h
Guarnição: 850 tripulantes
Abatido à Marinha: 1953

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Leixões - Visita de cortesia


A vinda do "Gaspar"

Um golfinho carinhosamente baptizado “Gaspar”, foi visita constante da Marina e anteporto de Leixões, durante cerca de 3 semanas, interagindo e brincando com os nautas locais, ainda que mostrasse maior simpatia pelos jovens alunos das escolas de vela.


Como era de prever o "Gaspar" foi uma das atracções mais procuradas no porto, chamando aos locais grande número de curiosos. Lamentávelmente o “Gaspar” não foi visto durante o último fim de semana, pois terá sido hora de se reunir ao cardume. Quem sabe volta qualquer dia, com saudades dos muitos novos amigos que por cá deixou…


As fotos absolutamente deliciosas do "Gaspar" foram tiradas pelo amigo José Albuquerque, catedrático instrutor de vela, que gentilmente as cedeu para publicação.

domingo, 6 de julho de 2008

O porto de Leixões em 2010


Porto de Leixões
O futuro está mais perto

Tanto quanto julgo saber, comungo da opinião pública que o porto de Leixões, limitado pelos espaços limítrofes não tem como crescer. Lembramos que a última modernização aconteceu à quase 40 anos, com a construção do Terminal de contentores Norte a as docas Nºs 2 e 4.
Se por um lado o município ficou privado de explorar a beleza natural da foz do rio Leça, aliado à destruição de monumentos históricos como a ponte Romana, tiraram-se enormes benefícios comerciais na área portuária. Tornava-se claro e evidente a constatação que o futuro passava pela contentorização, pelo que o progresso exigia adaptações necessárias a esse tráfego de navios e mercadorias.
Já os últimos anos mostram novas movimentações, tanto a nível do tráfego de passageiros em navios de cruzeiro, a que se junta um crescente interesse na passagem de veleiros pelo porto, alguns dos quais de dimensões bastante consideráveis. Apesar das contingências, parece-nos da maior justiça elogiar o trabalho da equipa Administrativa do porto, pelo interesse em continuar com a modernização das instalações portuárias em Leixões, lamentando apenas a falta de capacidade para aproveitar melhor o curso navegável do rio Douro, depois das obras magníficas realizadas na barra.

1 – Reordenamento do porto de serviço e recreio
Ao ver a imagem projectada do reordenamento previsto, nota-se um aumento em paralelo à actual Marina, que pensamos venha a ser utilizado como quadro dos navios da Armada. Se assim fôr, a ideia revela-se excelente porque a Marinha de Guerra à muito que merecia um espaço próprio, somos de opinião que o cais que vai ser construído bem poderia ser utilizado tanto interior como exteriormente. A forma rectilínea dos cais em vez de oblíqua traria vantagens, ao possibilitar a atracação de navios maiores, nacionais e estrangeiros, em permanência ou de visita ao porto, libertando espaço nas docas como vem acontecendo até agora.

2 – Terminal de cruzeiros e nova Marina
As imagens relativas ao novo Terminal de cruzeiros não deixam dúvidas, pelo interesse e arrojo demonstrado, na construção do cais e arranjo paisagístico prometido, revelando-se uma mais valia face ao cada vez maior comprimento e calado dos navios empregues actualmente. Já a Marina em projecto, se por um lado vai libertar e melhorar a capacidade da Marina actual para a prática da vela local, beneficiando em larga escala as escolas dos clubes residentes, vai a nosso entender ficar sujeita às fortes ressacas de mar vindas do quadrante Sudoeste, daí advindo potenciais avarias nos pontões e embarcações, principalmente durante Invernos mais rigorosos.

3 – Leixões 2010.
Vamos aguardar ansiosamente a chegada de 2010. Como costumamos dizer o futuro já vem tarde mas valeu a pena esperar. E que este futuro venha depressa, na firme convicção de que o país ganhou mais uma aposta, nos percursos ainda sinuosos neste início do século XXI.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Navios da Nato em Leixões


Navios da esquadra da Nato em Leixões

Durante o último fim de semana, entre 27 a 30 de Junho, 4 fragatas e um navio de abastecimentos visitaram Leixões, para confraternização em pleno recinto portuário (onde não faltaram sardinhas assadas, regadas com nectares locais) e descanso das respectivas guarnições. Como habitualmente o navio americano mereceu tratamento especial, camuflado entre os demais e com a área envolvente fechada com contentores. Este procedimento faz-me perguntar que mal tem eles feito ao mundo, exigindo por motivos de segurança ficar sempre escondidos, sabendo que estão num país aliado, amigo e onde são tradicionalmente bem recebidos.


A fragata (FFG47) "Nicholas" - foto Navsource Naval History

Fgrt EUA “Nicholas” - (37ª unidade Classe Oliver Hazard Perry)
Cttor.: Bath Iron Works Corp., Bath, EUA, 27.09.1982
Entrada em serviço desde 10.03.1984
Cpmts.: Pp 138,00 mt > Boca 13,70 mt > Pontal 4,60 mt
Deslocamento: 3.605 to > Velocidade: 29 m/h


A fragata (F330) NRP "Vasco da Gama" - Foto da Armada

Frgt Portug. “ Vasco da Gama “ - (1ª de 3 unidades da Classe com o mesmo nome)
Cttor.: Hwdtwerk.-Deutschewerft, Alemanha, 18.01.1991
Cpmts.: Pp 109,00 mt > Boca 13,80 mt > Pontal 9,10 mt
Deslocamento: 3.180 to > Velocidade: 32 m/h


A fragata (F214) "Luebeck" - imagem Faustweb

Frgt Alemã “ - (8ª e última unidade da Classe F122 Bremen)
Cttor.: Bremer Vulkan, Bremen (?), 01.08.1988
Cmpts.: 130,00 mt > Boca 14,50 mt > Pontal 6,50 mt
Deslocamento: 3.800 to > Velocidade: 30 m/h


A fragata (F103) "Blaz de Lezo" - imagem Los barcos de Eugenio

Frgt Espanhola “Blas de Lezo” - (3ª de 4 unidades da classe Álvaro de Bazán)
Construtor: Ast. Izar, El Ferrol em 16.03.2003
(Entrada em serviço desde 16.12.2004)
Cpmts.: Pp 146,72 > Boca 18,60 mts > Pontal 4,75 mt
Deslocamento: 5.802 to > Velocidade: 28,5 m/h


O navio abastecedor (A14) "Patino" - foto Revista Naval

Navio “Patino” - (1ª unidade da classe com o mesmo nome)
Construtor: Astileros Bazan, El Ferrol, 1995
Cpmts.: Pp 175,00 mt > Boca 23,70 mt > Pontal 8,00 mt
Deslocamento: 17.050 to > Velocidade: 21 m/h

Companhias Portuguesas - Joaquim Pité


Joaquim dos Santos Pité, Lda.
Rua Infante D. Henrique, 2, Faro

" Amisil "

O "Amisil" a navegar (fase inicial) - foto de autor desconhecido

O "Amisil" em Leixões - imagem (c) Fotomar

1945-19?? > NºOf.: A-52 > Iic.: C.S.S.D. > Reg.: Viana do Castelo
Construtor: Francisco Ferreira, Esposende, 1944
Tonelagens.: Tab 328,72 to > Tal 231,06 to > Porte 600 to
Compts.: Ff 44,23 m > Pp 39,06 m > Bc 9,26 m > Ptl 4,36 m
Máquina: Skandia, 1945 > 1:Sd > 286 Bhp > Velocidade 8/h
Sem rasto.