O encalhe do pesqueiro espanhol “Jenaro Manuel la Arena”
Imagem do encalhe do barco de pesca
Foto publicada no jornal abaixo referenciado
S. Jacinto (Aveiro) – De acordo com o previamente noticiado, naufragou nesta praia no dia 2, o barco de pesca espanhol “Jenaro Manuel la Arena”, matriculado no porto de Gijon (Espanha), que se dirigia deste porto para o de Algeciras, onde amarra habitualmente, depois de ter realizado uma reparação no casco.
O referido barco, que era comandado pelo seu proprietário, Marino Garcia, de 44 anos, casado, residente em La Arena (Oviedo), levava como motorista Olegário Perez Rodriguez, de 49 anos, casado, residente em San Juan (Oviedo) e os tripulantes Manuel Suarez Lopez, de 33 anos, casado, residente em Piñera Nueva (Algeciras) e Francisco Martin Lopez, de 29 anos, também casado e residente em Rincocillo (Algeciras), aproou à costa logo que foi verificada a impossibilidade de continuar a navegar e atingir o porto de Aveiro, por meter água em abundância, que as bombas de bordo não conseguiam escoar, evitando o seu afundamento em pouco tempo.
O mar estava encapelado, com vento Noroeste, forte, tendo o motorista lançado-se à água na primeira oportunidade, lutando denodadamente com as ondas, até que, exausto, uma vaga o deixou na areia; então, recuperando as forças, correu ao longo da costa, na ânsia de procurar socorros, mas como se nada visse senão um extenso areal, retrocedeu e recolheu uma corda que os seus companheiros haviam atirado e, fixando-a em terra, num remo da baleeira que o mar ali depositara, permitiu a saída dos restantes três companheiros, que a bordo viveram momentos angustiantes, na perspectiva de uma morte certa.
Deve dizer-se que só por um mero acaso não há a lamentar a perda daquelas vidas, já que o local era isolado, e só mais tarde dois pescadores de S. Jacinto acorreram para ali, servindo depois de guias até à Casa dos Pescadores desta localidade, dando-lhes casacos e calças, para lhes permitirem tirar as roupas todas molhadas. Na Casa dos Pescadores foram-lhes fornecidas outras roupas, bem como bebidas quentes, reconfortando-os e acolhendo-os durante alguns dias.
Nos dias 6 e 7, estiveram no local do sinistro os srs. D. Guilherme Reina, director de seguros do Instituto Social de Marinha, de Espanha, e D. José Cortes, delegado do mesmo Instituto nas Astúrias, ambos em representação do Ministério do Trabalho de Espanha, os quais se inteiraram das circunstâncias em como o acidente se verificou, optando pela retirada dos apetrechos de bordo, incluindo o motor, serviço que ficou a cargo do sr, Benjamim Mónica, dos Estaleiros Mónica da Gafanha, retirando-se de seguida para Madrid.
Os tripulantes, incluindo o mestre e também proprietário do barco, seguiram para o Consulado de Espanha no Porto, onde lhes foram entregues bilhetes de caminho-de-ferro para regressarem às suas residências, em Oviedo e Algeciras.
O barco considera-se perdido, pois não é possível retirá-lo, por estar a ser batido fortemente pelo mar, sendo esperado o desmantelamento do casco pela violência da ondulação, que o varre durante a preia-mar.
O local e o barco continuam sob a vigilância da Guarda-Fiscal, que vai arrolando todos os salvados, a fim de lhes ser dado o destino legal.
(In jornal “O Século”, sábado, 13 de Março de 1965)
Foto publicada no jornal abaixo referenciado
S. Jacinto (Aveiro) – De acordo com o previamente noticiado, naufragou nesta praia no dia 2, o barco de pesca espanhol “Jenaro Manuel la Arena”, matriculado no porto de Gijon (Espanha), que se dirigia deste porto para o de Algeciras, onde amarra habitualmente, depois de ter realizado uma reparação no casco.
O referido barco, que era comandado pelo seu proprietário, Marino Garcia, de 44 anos, casado, residente em La Arena (Oviedo), levava como motorista Olegário Perez Rodriguez, de 49 anos, casado, residente em San Juan (Oviedo) e os tripulantes Manuel Suarez Lopez, de 33 anos, casado, residente em Piñera Nueva (Algeciras) e Francisco Martin Lopez, de 29 anos, também casado e residente em Rincocillo (Algeciras), aproou à costa logo que foi verificada a impossibilidade de continuar a navegar e atingir o porto de Aveiro, por meter água em abundância, que as bombas de bordo não conseguiam escoar, evitando o seu afundamento em pouco tempo.
O mar estava encapelado, com vento Noroeste, forte, tendo o motorista lançado-se à água na primeira oportunidade, lutando denodadamente com as ondas, até que, exausto, uma vaga o deixou na areia; então, recuperando as forças, correu ao longo da costa, na ânsia de procurar socorros, mas como se nada visse senão um extenso areal, retrocedeu e recolheu uma corda que os seus companheiros haviam atirado e, fixando-a em terra, num remo da baleeira que o mar ali depositara, permitiu a saída dos restantes três companheiros, que a bordo viveram momentos angustiantes, na perspectiva de uma morte certa.
Deve dizer-se que só por um mero acaso não há a lamentar a perda daquelas vidas, já que o local era isolado, e só mais tarde dois pescadores de S. Jacinto acorreram para ali, servindo depois de guias até à Casa dos Pescadores desta localidade, dando-lhes casacos e calças, para lhes permitirem tirar as roupas todas molhadas. Na Casa dos Pescadores foram-lhes fornecidas outras roupas, bem como bebidas quentes, reconfortando-os e acolhendo-os durante alguns dias.
Nos dias 6 e 7, estiveram no local do sinistro os srs. D. Guilherme Reina, director de seguros do Instituto Social de Marinha, de Espanha, e D. José Cortes, delegado do mesmo Instituto nas Astúrias, ambos em representação do Ministério do Trabalho de Espanha, os quais se inteiraram das circunstâncias em como o acidente se verificou, optando pela retirada dos apetrechos de bordo, incluindo o motor, serviço que ficou a cargo do sr, Benjamim Mónica, dos Estaleiros Mónica da Gafanha, retirando-se de seguida para Madrid.
Os tripulantes, incluindo o mestre e também proprietário do barco, seguiram para o Consulado de Espanha no Porto, onde lhes foram entregues bilhetes de caminho-de-ferro para regressarem às suas residências, em Oviedo e Algeciras.
O barco considera-se perdido, pois não é possível retirá-lo, por estar a ser batido fortemente pelo mar, sendo esperado o desmantelamento do casco pela violência da ondulação, que o varre durante a preia-mar.
O local e o barco continuam sob a vigilância da Guarda-Fiscal, que vai arrolando todos os salvados, a fim de lhes ser dado o destino legal.
(In jornal “O Século”, sábado, 13 de Março de 1965)