A Ilha Fiscal foi primeiramente denominada Ilha dos Ratos. O nome deriva do grande número de ratos que teriam vindo fugidos das cobras da Ilha das Cobras. Havia, numa outra versão, umas pedras cinzentas espalhadas pela ilha que se assemelhavam a ratos, à distância.
O castelo da Ilha foi projectado pelo engenheiro Adolpho José Del Vecchio, para o Ministério da Fazenda que pretendia ter ali um posto aduaneiro. Del Vecchio, que era diretor de obras do ministério, elaborou um projeto em estilo neo-gótico com inspiração nos castelos do século XIV, em Auvergne, na França.
O projeto foi agraciado com a Medalha de Ouro na exposição da Escola Imperial de Belas-Artes, e foi elogiado pelo Imperador “como um delicado estojo, digno de uma brilhante jóia”, referindo-se à sua privilegiada localização e à beleza da Baía da Guanabara.
A construção foi executada com extrema qualidade e os profissionais que trabalharam, cada um no seu ofício, merecem destaque: o trabalho em cantaria é de António Teixeira Ruiz; Moreira de Carvalho encarregou-se dos mosaicos do piso do torreão, um trabalho primoroso feito com diversos tipos de madeira. Os vitrais foram importados da Inglaterra, o relógio da torre é de Krussman & Cia.; os aparelhos elétricos da Seon Rode. A pintura decorativa na parede é de Frederico Steckel e as agulhas fundidas foram feitas por Manuel Joaquim Moreira & Cia. O prédio da Ilha Fiscal foi inaugurado no início do ano de 1889 pelo Imperador.
Na revolta da Armada em 1893 a Ilha Fiscal foi bastante danificada por projecteis que atingiram as suas paredes, além de terem danificado os vitrais e os móveis. Depois de alguns anos o prédio foi transferido do Ministério da Fazenda para o Ministério da Marinha, numa troca efectuada em 1913.
O famoso baile da Ilha Fiscal, foi um evento em homenagem à tripulação do couraçado chileno Almirante Cochrane, para cerca de 5 mil convidados. Com essa recepção, o Império reforçava os laços de amizade com o Chile, bem como tentava reerguer o prestígio da Monarquia, tendo ficado bastante abalado pela propaganda republicana. A maior festa até então realizada no Brasil ocorreu pouco após a inauguração da ilha.
Falou-se muito da música (valsa e polca), e do cardápio (uma imensa quantidade de garrafas de vinho e comidas exóticas) dessa festa. O comportamento dos participantes foi largamente explorado (a imprensa da época - século XIX - noticiou que peças íntimas foram encontradas na ilha depois da festa), curiosidades que ainda atraem historiadores actualmente. O luxo e as extravagâncias com que se apresentaram os convidados geraram todo tipo de comentários.
A república foi proclamada seis dias depois do baile, e o Imperador embarcou no mesmo Cais Pharoux de onde partiam os ferry-boats para levar os convidados para o baile. Vale observar que o cais Pharoux, no centro do Rio, hoje é conhecido como Praça Quinze, onde recentemente foram renovadas as escadarias utilizadas no embarque para a Ilha.
Em 2001, o espaço passou por intensos trabalhos de restauração, coordenados pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A partir das obras, foi recuperado o esplendor das pinturas decorativas do tecto, das paredes e do piso de parqué do torreão. Também a parte externa do edifício voltou a exibir a sua cor original.
De quinta a Domingo, visitas guiadas permitem explorar cada canto da construção, uma das preferidas de D. Pedro II.
Os salões mais atractivos abrigam exposições temporárias e permanentes, que revelam a história da Ilha e da Marinha, a coleção de vitrais e os trabalhos em cantaria - colunas, arcos, florões e símbolos imperiais.
In “Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro”, 2010
Edifício da Ilha Fiscal - ala esquerda
Edifício da Ilha Fiscal - entrada principal (centro)
Edifício da Ilha Fiscal - ala direita
Uma raríssima bússola portuguesa do século XVII
Edifício da Ilha Fiscal - vitrais (1)
Edifício da Ilha Fiscal - vitrais (2)
Navio-Museu "Bauru" - Relíquia da Iª Grande Guerra Mundial
A navegar ao largo da ilha o ferry "Vital Brazil", utilizado no transporte de passageiros entre Niteroi e o Rio de Janeiro.
E para terminar foi ainda visto em manobras o navio ro-ro "Grande Francia", das linhas Grimaldi, sediadas em Palermo.