O fim no mesmo local… para o “Silurian” e para o “Bogor”
2ª Parte - 2/5
2ª Parte - 2/5
Reportagem do naufrágio do "Silurian"
Ilustração Portuguesa Nº 461 de 21 de Dezembro de 1914
Ilustração Portuguesa Nº 461 de 21 de Dezembro de 1914
= Os náufragos – Retirada para Leixões =
Espalhados pelos diversos postos da Cruz Vermelha, de Matosinhos e do Porto, que foram instalados em Angeiras, os náufragos encontraram ali todos os socorros necessários. Mudados de roupas ou cobertos por mantas de lã, arranjadas localmente, logo foram reconfortados e um deles, Joseph Bonniel, recebeu curativo, por, na ocasião do salvamento, ter-se ferido ligeiramente na face e nos pulsos. Prestados estes socorros, os náufragos vieram de Angeiras para o Posto de Desinfecção de Leixões, em diversos automóveis particulares, que se prestaram a esse serviço. Todos eles estavam bem-dispostos, precisando, porém, de agasalho e alimentação. Em Leixões eram esperados pelo pessoal do porto e pelo médico dr. Mancelos.
Já passava das 5 horas quando os últimos náufragos, incluindo o capitão John Jawes, que foi o ultimo a abandonar o vapor, chegaram a Leixões. Este veio num automóvel acompanhado dos srs. Honorius Grant, Alfredo Coutinho, empregado da casa Jervell & Knudsen, em nome do consignatário do vapor, e Alberto Botelho. O sr. Cônsul inglês no Porto ordenou que ao capitão e tripulantes fossem fornecidas comidas e tudo o que fosse preciso, encarregando o fornecimento ao Hotel Ariz.
Já passava das 5 horas quando os últimos náufragos, incluindo o capitão John Jawes, que foi o ultimo a abandonar o vapor, chegaram a Leixões. Este veio num automóvel acompanhado dos srs. Honorius Grant, Alfredo Coutinho, empregado da casa Jervell & Knudsen, em nome do consignatário do vapor, e Alberto Botelho. O sr. Cônsul inglês no Porto ordenou que ao capitão e tripulantes fossem fornecidas comidas e tudo o que fosse preciso, encarregando o fornecimento ao Hotel Ariz.
= Notas diversas =
O vapor “Silurian”, de 475 toneladas de registo, vinha de Cardiff, com dez dias de viagem, consignado à firma Jervell & Knudsen, trazendo 9oo toneladas de carvão para os caminhos-de-ferro do Estado. Parece estar averiguado que o vendaval desviou o vapor do seu rumo, vindo muito à terra impelido pelas vagas, dando lugar ao sinistro. No posto fiscal de Angeiras ficaram depositados os dois foguetes, que a tripulação lançou para terra a dar sinal do naufrágio. Alguns tripulantes trouxeram para terra papéis da escrituração de bordo.
Num dos postos da Cruz Vermelha recebeu também curativo Manuel Caetano Nora, tripulante do salva-vidas, por estar ferido no rosto. Em Angeiras estiveram presentes os srs. presidente da comissão executiva da câmara e administrador do concelho de Matosinhos, e o sr. Marques da Costa, chefe da delegação aduaneira.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 13, Dezembro de 1914)
Num dos postos da Cruz Vermelha recebeu também curativo Manuel Caetano Nora, tripulante do salva-vidas, por estar ferido no rosto. Em Angeiras estiveram presentes os srs. presidente da comissão executiva da câmara e administrador do concelho de Matosinhos, e o sr. Marques da Costa, chefe da delegação aduaneira.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 13, Dezembro de 1914)
= O naufrágio de sábado do vapor “Silurian” – Os náufragos =
No Domingo foram muitas as pessoas que se deslocaram à praia de Angeiras para ver o vapor “Silurian”, ali naufragado, que, tão continuamente batido pelas vagas, nas pedras do «Travesso», já está bastante destroçado, tendo vindo alguns utensílios de bordo parar à praia.
Os tripulantes deste navio, que se salvaram todos, vieram ante-ontem de Leixões para o Porto. O capitão e mais cinco oficiais foram para o Hotel Francfort, onze marinheiros ficaram hospedados no Hotel Malhão e um outro, Joseph Bonniel, de 26 anos, natural de Malta, ficou internado no hospital da Misericórdia, onde ficou em tratamento, por estar ferido nas mãos e na cabeça.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 15 de Dezembro de 1914)
Os tripulantes deste navio, que se salvaram todos, vieram ante-ontem de Leixões para o Porto. O capitão e mais cinco oficiais foram para o Hotel Francfort, onze marinheiros ficaram hospedados no Hotel Malhão e um outro, Joseph Bonniel, de 26 anos, natural de Malta, ficou internado no hospital da Misericórdia, onde ficou em tratamento, por estar ferido nas mãos e na cabeça.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 15 de Dezembro de 1914)
= Características do navio =
O “Silurian” era um vapor de nacionalidade inglesa, que pertenceu à empresa Williams Owen & Watkins & Co., de Cardiff, cuja designação comercial era «Golden Cross Line Ltd.». Havia sido construído por Craggs, Robert & Sons., Ltd., em Middlesbrough, durante o ano de 1898. Tinha de arqueação 940 toneladas de registo bruto, 67,10 metros de comprimento entre perpendiculares e 9,90 metros de boca. A propulsão estava a cargo de um motor de tripla expansão, construído por MacColl, Pollock & Co., de Sunderland, que assegurava uma velocidade na ordem das 10 milhas por hora. O vapor navegava habitualmente com uma equipagem composta por 17 tripulantes.
1 comentário:
Muito obrigado por este excelente relato, em que tropecei à procura de informações sobre a firma de shipping Jervell & Knudsen onde trabalhava o meu avô materno Fernando Braga.
Jervell & Knudsen funcionavam também como consulados da Noruega, da Islândia e da Suécia na Ribeira, tendo eu em meu poder uns anuários de 1939.
Com os meus cumprimentos
Jorge Braga
Copenhaga, Dinamarca, desde 1968.
jorge.braga@oerby.dk
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