Histórico comercial do arrastão "Maria Teixeira Vilarinho”
1964 – 1980
Armador: José Maria Vilarinho, Lda., Gafanha da Nazaré
Imagem do arrastão "Maria Teixeira Vilarinho"
Desenho de Ricardo Graça Matias
Nº Oficial: V-4-N - Iic.: C.U.F.C. - Registo: Viana do Castelo
Construtor: Estal. Navais de Viana, Viana do Castelo, 1964
Trata-se do primeiro arrastão de pesca pela popa construído no país, sob encomenda da empresa de José Maria Vilarinho, pelo custo de Escudos 35.000.000$00. Era um navio com dois mastros, proa lançada, popa de painel com rampa e 2 pavimentos.
= Detalhes do arrastão conforme a lista de navios de 1973 =
Arqueação: Tab 2.162,27 tons - Tal 1.152,81 tons
Dimensões: Pp 72,95 mts - Boca 12,92 mts - Pontal 7,15 mts
Propulsão: MAN, Alemanha, 1:Di - 2.280 Bhp - 13,5 m/h
Equipagem: 62 tripulantes e pescadores
Capitães embarcados: Manuel Augusto Ribeiro da Silva (1980)
O navio perde-se após encalhe em Halifax, em 3 de Setembro de 1980, durante as operações de transbordo de peixe de outro navio.
Desenho de Ricardo Graça Matias
Nº Oficial: V-4-N - Iic.: C.U.F.C. - Registo: Viana do Castelo
Construtor: Estal. Navais de Viana, Viana do Castelo, 1964
Trata-se do primeiro arrastão de pesca pela popa construído no país, sob encomenda da empresa de José Maria Vilarinho, pelo custo de Escudos 35.000.000$00. Era um navio com dois mastros, proa lançada, popa de painel com rampa e 2 pavimentos.
= Detalhes do arrastão conforme a lista de navios de 1973 =
Arqueação: Tab 2.162,27 tons - Tal 1.152,81 tons
Dimensões: Pp 72,95 mts - Boca 12,92 mts - Pontal 7,15 mts
Propulsão: MAN, Alemanha, 1:Di - 2.280 Bhp - 13,5 m/h
Equipagem: 62 tripulantes e pescadores
Capitães embarcados: Manuel Augusto Ribeiro da Silva (1980)
O navio perde-se após encalhe em Halifax, em 3 de Setembro de 1980, durante as operações de transbordo de peixe de outro navio.
Navio português em perigo
Halifax (Nova Escócia), 4 – O arrastão português “Maria Teixeira Vilarinho”, encalhou ontem à noite próximo de Black Tickle, na costa do Labrador depois de ter sido apanhado por uma violenta tempestade. Ao princípio da manhã o comandante pediu a evacuação do navio, com um comprimento de 78 metros, deslocando 2.162 toneladas. O estado do mar é tão mau que os navios que se encontram nas proximidades não conseguem socorrer a tripulação, a qual deverá ser desembarcada por helicópteros da guarda costeira canadiana.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 5 de Setembro de 1980)
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 5 de Setembro de 1980)
O encalhe do arrastão Aveirense “Maria Teixeira Vilarinho”
Metade da tripulação já vem a caminho de Portugal
Metade da tripulação já vem a caminho de Portugal
«Mesmo agora foi-me comunicado da Terra Nova, que se tenta tudo para salvar o meu navio», informava o capitão José Maria Vilarinho, ontem, cerca das vinte horas, sublinhando que já mandou vir metade da tripulação. A restante fica lá para ver se conseguem ainda salvar o arrastão.
Informou que já se encontra a bordo uma equipa de técnicos e mergulhadores tentando evitar que o navio seja destruído; o que acarreta um prejuízo de cerca de quatrocentos mil contos.
O “Maria Teixeira Vilarinho” encalhou anteontem, no Canadá, em Halifax na altura em que se encontrava a carregar peixe de outro navio de acordo com um contrato que a empresa tem com outra do Canadá. Devia ter já nos seus porões cerca de seis mil quintais, segundo disse o capitão José Maria Vilarinho, que frisa do mal, o menos: salvou-se a tripulação, mas vamos também tentar salvar esta unidade de pesca pela popa.
Saliente-se que este navio foi o primeiro a pescar pelo sistema de pesca pela popa. Construído nos estaleiros de Viana do Castelo em 1963, viria a ser recentemente transformado nos estaleiros de S. Jacinto.
A tripulação foi salva metade por barcos canadianos e a restante por helicópteros de Halifax. Não há qualquer desastre pessoal a registar e toda a tripulação, com o seu comandante Ribeiro da Silva, se encontra, como se referiu, em terra. As operações de salvamento prosseguem hoje, mas o mar está bastante alteroso e um vendaval impera naquelas paragens.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 6 de Setembro de 1980)
Informou que já se encontra a bordo uma equipa de técnicos e mergulhadores tentando evitar que o navio seja destruído; o que acarreta um prejuízo de cerca de quatrocentos mil contos.
O “Maria Teixeira Vilarinho” encalhou anteontem, no Canadá, em Halifax na altura em que se encontrava a carregar peixe de outro navio de acordo com um contrato que a empresa tem com outra do Canadá. Devia ter já nos seus porões cerca de seis mil quintais, segundo disse o capitão José Maria Vilarinho, que frisa do mal, o menos: salvou-se a tripulação, mas vamos também tentar salvar esta unidade de pesca pela popa.
Saliente-se que este navio foi o primeiro a pescar pelo sistema de pesca pela popa. Construído nos estaleiros de Viana do Castelo em 1963, viria a ser recentemente transformado nos estaleiros de S. Jacinto.
A tripulação foi salva metade por barcos canadianos e a restante por helicópteros de Halifax. Não há qualquer desastre pessoal a registar e toda a tripulação, com o seu comandante Ribeiro da Silva, se encontra, como se referiu, em terra. As operações de salvamento prosseguem hoje, mas o mar está bastante alteroso e um vendaval impera naquelas paragens.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 6 de Setembro de 1980)
Tripulação do “Maria Teixeira Vilarinho” em Lisboa:
«Escapamos por pouco»
«Escapamos por pouco»
«Ninguém pode imaginar o que foram as nossas últimas doze horas a bordo do navio» - afirmava um dos 62 tripulantes do navio “Maria Teixeira Vilarinho” ao chegar, como os outros são e salvo ao aeroporto da Portela, durante a tarde de ontem.
O “Maria Teixeira Vilarinho”, que é propriedade de uma sociedade da região de Aveiro, encalhou na passada quinta-feira, em plenas águas da Terra Nova quando se encontrava já na fase final da faina, que inicialmente se estenderia por seis meses, encontrando-se na altura do acidente com os porões já cheios de bacalhau.
O acidente, que teve o seu início pelas três horas e meia da manhã, pôs de imediato toda a tripulação em alvoroço, a qual se dirigiu para o «castelo da proa» do navio.
Desde logo começamos a pedir socorro, mas o temporal era muito grande e ninguém nos podia garantir nada. Estivemos doze horas a fio a pensar que aqueles eram os nossos últimos momentos de vida. Foi horrível! Por um lado não podíamos avaliar em grande medida a real situação do navio e por outro víamo-nos para ali abandonados no meio da tempestade. Se escapei aquela… - estas foram algumas das palavras que ainda a custo saíram da boca do enfermeiro que prestava serviço a bordo naquele navio.
Os primeiros a socorrer a tripulação portuguesa foram os pescadores locais, que nas suas pequenas embarcações se aproximaram perigosamente do “Maria Teixeira Vilarinho” conseguindo a custo levar consigo metade dos homens existentes a bordo, «isto no meio de grandes perigos». Os restantes trinta esperaram pelo helicóptero que mal apanhou uma pequena aberta foi em busca do navio, colocando-se mais de uma vez em grande perigo, mas lá nos conseguiu pescar. «Por fim todos estávamos exaustos e com os nervos em franja, agora só queremos descansar e tentar esquecer». Os tripulantes regressaram, o navio ainda ficou, «mas parecia outro, agora calmo e lindo como sempre».
Segundo um dos administradores da empresa José Maria Vilarinho continuam a processar-se acções, no sentido de salvar o arrastão “Maria Teixeira Vilarinho”. Houve já uma primeira tentativa mas um cabo de aço rebentou, prosseguindo, no entanto. Os seis mil quintais de bacalhau e toda a carga serão lançados ao mar para aliviar o navio e para um melhor poder de actuação.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 9 de Setembro de 1980)
O “Maria Teixeira Vilarinho”, que é propriedade de uma sociedade da região de Aveiro, encalhou na passada quinta-feira, em plenas águas da Terra Nova quando se encontrava já na fase final da faina, que inicialmente se estenderia por seis meses, encontrando-se na altura do acidente com os porões já cheios de bacalhau.
O acidente, que teve o seu início pelas três horas e meia da manhã, pôs de imediato toda a tripulação em alvoroço, a qual se dirigiu para o «castelo da proa» do navio.
Desde logo começamos a pedir socorro, mas o temporal era muito grande e ninguém nos podia garantir nada. Estivemos doze horas a fio a pensar que aqueles eram os nossos últimos momentos de vida. Foi horrível! Por um lado não podíamos avaliar em grande medida a real situação do navio e por outro víamo-nos para ali abandonados no meio da tempestade. Se escapei aquela… - estas foram algumas das palavras que ainda a custo saíram da boca do enfermeiro que prestava serviço a bordo naquele navio.
Os primeiros a socorrer a tripulação portuguesa foram os pescadores locais, que nas suas pequenas embarcações se aproximaram perigosamente do “Maria Teixeira Vilarinho” conseguindo a custo levar consigo metade dos homens existentes a bordo, «isto no meio de grandes perigos». Os restantes trinta esperaram pelo helicóptero que mal apanhou uma pequena aberta foi em busca do navio, colocando-se mais de uma vez em grande perigo, mas lá nos conseguiu pescar. «Por fim todos estávamos exaustos e com os nervos em franja, agora só queremos descansar e tentar esquecer». Os tripulantes regressaram, o navio ainda ficou, «mas parecia outro, agora calmo e lindo como sempre».
Segundo um dos administradores da empresa José Maria Vilarinho continuam a processar-se acções, no sentido de salvar o arrastão “Maria Teixeira Vilarinho”. Houve já uma primeira tentativa mas um cabo de aço rebentou, prosseguindo, no entanto. Os seis mil quintais de bacalhau e toda a carga serão lançados ao mar para aliviar o navio e para um melhor poder de actuação.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 9 de Setembro de 1980)
Boa noite Sr. Martin Cruise,
ResponderEliminarLamento não ter como ajudá-lo, porque o sinistro do "Bolama" não me merece tratamento diferenciado. Como deve ter reparado, esse navio pertence a um tipo de armação de pesca, que dificilmente encontrará neste blog.
Cumprimentos,
Reinaldo Delgado
Já há uns tempos atrás falámos ao de leve nesse assunto nos Bacalhoeiros de Portugal no facebook. Apareça por lá que pode ser que se faça alguma luz num caso de contornos pouco esclarecidos e duvidosos.
ResponderEliminarCumprimentos
Parabéns pelo artigo sr. Reinaldo. Muito bom trabalho de investigação. Para além dessa informação ainda existe um relatório da condecoração pela Canadian Coast Guard pelo difícil resgate de toda a tripulação. Foi muito mais violento do que contam os jornais. De facto podiam ter morrido todos e ser mais uma tragédia.
http://ccga-gcac.ca/files/library/02_-_Vol02.pdf
Cumprimentos
O capitão do Maria Teixeira vilarinho era Manuel Augusto Ribeiro da Silva e não Vasco, informação de um pescador ainda bem vivo que sobreviveu ao naufrágio
ResponderEliminarCaro Nelson Santos,
ResponderEliminarMuito obrigado pela informação, que melhora e credibiliza o texto, tanto que já está corrigido o erro, em conformidade.
Muitos cumprimentos
Texto, completamente cheio de inverdades.
ResponderEliminarCaríssimo António Mónica,
ResponderEliminarJulgo ter tido oportunidade para me esclarecer e a todos quantos seguem o blog das muitas inverdades que refere, porque o espaço está aberto à discussão no interesse geral.
Muitos cumprimentos,
Reinaldo Delgado