segunda-feira, 9 de junho de 2014

O paquete "Serpa Pinto" da Colonial


O paquete “Serpa Pinto” chegou a Lisboa

Na doca da Rocha do Conde de Óbidos, pertencente à Companhia Colonial de Navegação, encontra-se o novo paquete daquela companhia, o “Serpa Pinto”, no qual cerca de 400 operários estão ocupados nos trabalhos de transformação dos interiores.
No próximo dia 3, o paquete será visitado pelos srs. ministros da Marinha, do Comércio e das Colónias.
O paquete deve estar pronto para a sua primeira viagem, com passageiros e carga para as colónias, na primeira quinzena de Maio.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 25 de Março de 1940)

Foto do paquete "Serpa Pinto"
Imagem da Photoship.Uk

Identificação do paquete "Serpa Pinto", em 1941
Armador: Companhia Colonial de Navegação, Lisboa
Nº Oficial: G-407 - Iic: C.S.B.A. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Workman Clark & Co. Ltd., Belfast, Escócia, 1915
Arqueação: Tab 8.266,62 tons - Tal 5.100,31 tons
Dim.: Ff 142,47 mt - Pp 137,20 mt - Bc 17,61 mt - Ptl 6,85 mt
Propulsão: Workman Clark Ltd., 1915 - 2:Qe - 8:Ci - 6.000 Ihp

O “Serpa Pinto”, adquirido em plena guerra
Mas o esforço em marcha não se detinha. Pressentia-se que a guerra que se avizinhava e a Companhia Colonial de Navegação queria estar preparada, até onde lho permitissem, para prestar ao país proveitosos serviços em tão grave emergência.
Tentou-se a aquisição de vários navios e, por fim, já depois da eclosão do conflito, obteve-se autorização para a compra do paquete “Princesa Olga”, excelente unidade que pertencera inicialmente à frota da Mala Real Inglesa.
Entrou ao serviço da Companhia Colonial de Navegação, em Março de 1940 e recebeu o nome glorioso de “Serpa Pinto”. Era um navio em plena eficiência, apesar dos seus 25 anos de serviço. Desloca 13.020 toneladas e tem 8.267 toneladas brutas. Ainda hoje, ao cabo de intensa vida, as suas caldeiras, queimando nafta, lhe asseguram uma pressão que permite a velocidade de 15 milhas horárias.
Medindo 142 metros de comprimento, tem acomodações para 606 passageiros mas, durante a guerra, chegou a transportar, de uma só vez, 2.000 oficiais e soldados dos Açores para Lisboa.
Houve, em 1940, quem descresse da utilidade da compra do “Serpa Pinto”. Os factos demonstraram, porém, com o andar dos tempos, que a Administração da Companhia Colonial de Navegação tomara uma medida que se traduzia em mais um serviço prestado ao País. Estava ainda e sempre dentro do seu programa. Não tinha que se arrepender. Os outros enganaram-se. Nós, não.
Destinado à linha do Brasil, o “Serpa Pinto” tem desempenhado também uma missão de espiritualidade, servindo ao mesmo tempo uma política radicada nos corações dos dois povos.
(In “Vinte e cinco anos ao serviço da Nação – Fundação, vida e tarefa da Companhia Colonial de Navegação”, Editora Marítimo-Colonial, Lisboa, 1947)

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