O naufrágio do patacho inglês “Zerlina”,
(15.01.1883) próximo a Viana do Castelo
- 1ª Parte -
Identificação do navio
Armador: H. B. Bailey & Co., Liverpool, Inglaterra
Construtor: (não identificado), Liverpool, 11.1872
Arqueação: Tab 238,00 tons
Dimensões: Pp 33,53 mts - Boca 8,38 mts - Pontal 3,72 mts
Equipagem: 7 tripulantes
Capitães embarcados: W.H. Freelock (1882) e Tibbits (1883)
Construtor: (não identificado), Liverpool, 11.1872
Arqueação: Tab 238,00 tons
Dimensões: Pp 33,53 mts - Boca 8,38 mts - Pontal 3,72 mts
Equipagem: 7 tripulantes
Capitães embarcados: W.H. Freelock (1882) e Tibbits (1883)
Navio em perigo
Ante-ontem, a uma milha a S.O. (sudoeste) da barra de Viana do Castelo estava em perigo um patacho inglês. A tripulação, compreendendo o perigo iminente que corria, lançou ferro e picou os mastros.
Como o vento era fortíssimo e o mar estava muito agitado, as numerosas pessoas que se achavam em terra desesperavam de salvar os tripulantes.
Ontem, porém, segundo constava de um telegrama enviado aos srs. Visconde de Moser e J. Henrique Andresen, pelo sr. governador civil de Viana, a marinhagem do barco, composta de 7 homens, pode ser salva por um cabo que de terra puderam lançar para bordo.
Os srs. Visconde de Moser e J. Henrique Andresen, proprietários de um excelente barco salva-vidas, tencionavam fazer seguir este para Viana, num comboio expresso, a fim de ver se conseguia a salvação dos tripulantes. Em virtude do referido telegrama, foi suspensa a partida do salva-vidas, que ainda chegou a ser conduzido até à estação de Campanhã.
O casco e a carga do patacho consideram-se totalmente perdidos.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 17 de Janeiro de 1883)
Como o vento era fortíssimo e o mar estava muito agitado, as numerosas pessoas que se achavam em terra desesperavam de salvar os tripulantes.
Ontem, porém, segundo constava de um telegrama enviado aos srs. Visconde de Moser e J. Henrique Andresen, pelo sr. governador civil de Viana, a marinhagem do barco, composta de 7 homens, pode ser salva por um cabo que de terra puderam lançar para bordo.
Os srs. Visconde de Moser e J. Henrique Andresen, proprietários de um excelente barco salva-vidas, tencionavam fazer seguir este para Viana, num comboio expresso, a fim de ver se conseguia a salvação dos tripulantes. Em virtude do referido telegrama, foi suspensa a partida do salva-vidas, que ainda chegou a ser conduzido até à estação de Campanhã.
O casco e a carga do patacho consideram-se totalmente perdidos.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 17 de Janeiro de 1883)
Navio em perigo
Com relação à notícia publicada ontem assim epigrafada, narrando sucintamente diversos factos que se relacionavam com um patacho inglês que, ante-ontem, na barra de Viana, corria iminente risco de afundar-se com a tripulação, recebemos do sr. Visconde de Moser a seguinte carta, na qual esses factos são claramente expostos, ampliados e esclarecidos:
«Sr. redactor – Tenho de rectificar uma notícia, que apareceu ontem no seu acreditado jornal, acerca do naufrágio de Viana, na parte que me diz respeito.
Ontem cerca da meia hora depois do meio-dia, o exmº chefe do departamento mandou-me um telegrama, que recebera da Póvoa de Varzim, a pedir o salva-vidas daquela praia, para saber se haveria alguma objecção em deferir ao pedido dele imediatamente seguir para Viana, aonde se achava em perigo de vida a tripulação dum navio.
Na qualidade de membro da comissão do salva-vidas respondi que da minha parte não havia, e de bom grado assumia a responsabilidade que me coubesse, vista a urgência do caso.
Imediatamente depois fui procurado pelo meu colega o sr. Andresen, que me mostrou a demora, que teria o salva-vidas em ir por terra da Póvoa para Viana, e que seria preferível mandar daqui, por um expresso, o que está na Foz.
Concordei; lembrei, porém, que achando-se outro, pertencente à mesma comissão, detido na alfândega, para pagamento de direitos, de que ela esperava ser aliviada, como de razão e justiça, se pedisse ao exmº. conselheiro director daquela casa, que desse licença, para ir esse barco, o que faria mais prontamente, poupando-se muito tempo, que era urgente.
O meu colega logo foi para a alfandega, e seguindo para ali no seu encalce, quando ali cheguei, não só soube que o sr. conselheiro logo tinha atendido a petição verbal, mas encontrei o sr. Andresen dando as devidas ordens, e fazendo as maiores diligencias, para o barco seguir com a menor demora possível, para a estação do Pinheiro, mandando-se recado telegráfico ao patrão na Foz para o acompanhar pelo caminho.
Entretanto, fomos ambos procurar o sr. Governador civil. Expusemos-lhe o ocorrido, e sua exª. prontificou-se a acompanhar-nos até à estação, para se organizar o expresso que devia levar o barco, o meu colega e o patrão. A condução do barco no carro de bois foi inevitavelmente morosa. Chegou só às 2 e meia quando veio parte de Viana, que o navio em perigo, partira as amarrações, e vinha garrando para a costa.
Pouco tempo depois, «que da praia se conseguira passar-lhe um cabo, e salvar 5 homens»; e quando o expresso estava para partir, à pergunta que tivemos a honra de dirigir ao exmº governador civil de Viana, veio a resposta com a feliz nova de «que estava salva toda a tripulação, e era desnecessário o salva-vidas».
Eis a simples narração do que se passou. Fez-se o que era humanamente possível; manda porém a justiça que se diga que foi inexcedível a boa vontade e energia com que o sr. Andresen desempenhou o papel que lhe coube neste incidente, em que não afrouxaria quando mesmo outros sacrifícios dele fossem reclamados. Sua boa alma é conhecida; e muita honra cabe às autoridades, que dão seu valioso apoio aos esforços dos particulares para o bem. (ass.) Visconde de Moser»
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 18 de Janeiro de 1883)
«Sr. redactor – Tenho de rectificar uma notícia, que apareceu ontem no seu acreditado jornal, acerca do naufrágio de Viana, na parte que me diz respeito.
Ontem cerca da meia hora depois do meio-dia, o exmº chefe do departamento mandou-me um telegrama, que recebera da Póvoa de Varzim, a pedir o salva-vidas daquela praia, para saber se haveria alguma objecção em deferir ao pedido dele imediatamente seguir para Viana, aonde se achava em perigo de vida a tripulação dum navio.
Na qualidade de membro da comissão do salva-vidas respondi que da minha parte não havia, e de bom grado assumia a responsabilidade que me coubesse, vista a urgência do caso.
Imediatamente depois fui procurado pelo meu colega o sr. Andresen, que me mostrou a demora, que teria o salva-vidas em ir por terra da Póvoa para Viana, e que seria preferível mandar daqui, por um expresso, o que está na Foz.
Concordei; lembrei, porém, que achando-se outro, pertencente à mesma comissão, detido na alfândega, para pagamento de direitos, de que ela esperava ser aliviada, como de razão e justiça, se pedisse ao exmº. conselheiro director daquela casa, que desse licença, para ir esse barco, o que faria mais prontamente, poupando-se muito tempo, que era urgente.
O meu colega logo foi para a alfandega, e seguindo para ali no seu encalce, quando ali cheguei, não só soube que o sr. conselheiro logo tinha atendido a petição verbal, mas encontrei o sr. Andresen dando as devidas ordens, e fazendo as maiores diligencias, para o barco seguir com a menor demora possível, para a estação do Pinheiro, mandando-se recado telegráfico ao patrão na Foz para o acompanhar pelo caminho.
Entretanto, fomos ambos procurar o sr. Governador civil. Expusemos-lhe o ocorrido, e sua exª. prontificou-se a acompanhar-nos até à estação, para se organizar o expresso que devia levar o barco, o meu colega e o patrão. A condução do barco no carro de bois foi inevitavelmente morosa. Chegou só às 2 e meia quando veio parte de Viana, que o navio em perigo, partira as amarrações, e vinha garrando para a costa.
Pouco tempo depois, «que da praia se conseguira passar-lhe um cabo, e salvar 5 homens»; e quando o expresso estava para partir, à pergunta que tivemos a honra de dirigir ao exmº governador civil de Viana, veio a resposta com a feliz nova de «que estava salva toda a tripulação, e era desnecessário o salva-vidas».
Eis a simples narração do que se passou. Fez-se o que era humanamente possível; manda porém a justiça que se diga que foi inexcedível a boa vontade e energia com que o sr. Andresen desempenhou o papel que lhe coube neste incidente, em que não afrouxaria quando mesmo outros sacrifícios dele fossem reclamados. Sua boa alma é conhecida; e muita honra cabe às autoridades, que dão seu valioso apoio aos esforços dos particulares para o bem. (ass.) Visconde de Moser»
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 18 de Janeiro de 1883)
- continua -
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